Carnavalesco Joãosinho Trinta morre aos 78 anos
O mundo do samba está de luto. Morreu neste sábado, vitima de
infecção urinária e pneumonia, o carnavalesco e artista plástico João
Clemente Jorge Trinta, popularmente conhecido como Joãosinho Trinta. Ele
estava internado no Hospital UDI, em São Luís, no Maranhão, desde o dia
3 de dezembro e morreu neste sábado, 17 de dezembro.
Reconhecido por caracterizar e revolucionar o modo de construir os
desfiles do Carnaval, o ícone Joãosinho fez história durante seus anos
de atuação no mundo do samba. Maranhense, nascido no dia 23 de novembro
de 1933, ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1951, aos 18 anos de
idade.
Começou na escola de samba Acadêmicos do Salgueiro como assistente de
Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, onde foi campeão nos anos de
1965, 1969 e 1971. Em 1973, ainda na vermelha e branca, fez dupla com a
carnavalesca Maria Augusta e desenvolveu o enredo "Eneida: Amor e
Fantasia". Foi bi-campeão criando sozinho os enredos "O Rei de França na
Ilha da Assombração" e "O Segredo das minas do Rei Salomão" em 1974 e
1975, respectivamente.
No ano seguinte, levou seu luxo e ousadia para a Beija-Flor de
Nilópolis, local em que trabalhou por mais de 15 anos, e onde conquistou
os títulos de 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983. Ficou marcado pela
polêmica que gerou com um de seus carros alegóricos do enredo "Ratos e
Urubus, larguem a Minha Fantasia", que tinha uma imagem de Jesus Cristo
como mendigo e enfrentou problemas com a Igreja Católica. Ainda
envolvido em divergências, expressou a inesquecível opinião "quem gosta
de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo", ao defender seus
conceitos e sua linha de trabalho.
Joãosinho também teve passagens por agremiações do Acesso, como
Acadêmicos da Rocinha e Império da Tijuca, além de escolas paulistas.
Já em 1997, surpreendeu o público ao desenvolver o enredo "Trevas!
Luz! A explosão do Universo" na Unidos do Viradouro, escola onde
permaneceu por sete anos. Trabalhou para a Acadêmicos do Grande Rio em
2003, dando o inédito 3º lugar para a tricolor de Caxias. Na Vila
Isabel, criou o enredo "Singrando em mares bravios... E construindo o
futuro" no ano de 2005.
Foi internado em 2006, no Rio de Janeiro, após sofrer um acidente
vascular cerebral. Desde então, Joãosinho se locomovia através de uma
cadeira de rodas e seguia o tratamento de fisioterapia. Devido às
limitações, seu ritmo de trabalho diminuiu e neste ano de 2011 ele foi
convidado pela Beija-Flor para contribuir com as pesquisas para o enredo
"São Luís - O poema encantado do Maranhão", no qual ele será
homenageado, já que trata de sua terra natal. A escola de Nilópolis
havia reservado um lugar especial no desfile para que o eterno
carnavalesco abrilhantasse mais uma vez a avenida.
O corpo de Joãosinho Trinta está sendo velado desde às 16h deste
sábado, no Museu Histórico do Maranhão, no domingo o corpo segue para o
Teatro Arthur Azevedo. O enterro será em São Luís e está marcado para às
10h da próxima segunda-feira, dia 19 de dezembro.
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