Translate

quinta-feira, 31 de março de 2016

Carnaval ganha espaço que une samba, moda, fotografia e estilo

Por Tatiana Perrota

O Carnaval ganhou na noite desta quarta-feira um espaço requintado e confortável. Idealizado pelo estilista Sandro Carvalho, o Espaço Múltiplo Château Rouge, localizado no Centro do Rio de Janeiro é o único a integrar elementos como design, fotografia, moda, estilo e samba. Com o crescimento contínuo da mão de obra, não só no período de carnaval, mas também durante os dias que antecedem a folia, Sandro acredita que os serviços de carnaval são interligados e precisavam de um espaço que pudesse agregar em um só lugar todos os produtos e profissionais dessa cadeia produtiva, que atrai um público cada vez mais exigente.

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, ele contou um pouco sobre o sonho que se tornou realidade. – Esse espaço foi pensado, elaborado, com a intenção de que as pessoas do carnaval pudessem ter sua roupa linda e, além disso, pudessem ter um espaço de ensaios, aperfeiçoamento em samba ou uma lembrança da sua fantasia através de ensaios fotográficos. Quem vier ao Espaço Château Rouge será tratado com muito paparico. Este espaço é de todos nós – afirma Sandro.

Responsável pelo figurino de celebridades como Juliana Paes, Susana Pires, Nicole Balhs, Carla Prata, Érika Januza, Taila Ayala e Emanuelle Araújo, Sandro não se esqueceu das personalidades do samba que o ajudaram a alçar voos mais altos quando ainda estava à frente do Ateliê Divina Providência. Durante o coquetel de lançamento do espaço, o estilista fez questão de homenagear Quitéria Chagas e Dandara Oliveira. Ambas dão nome a duas salas no espaço Château.

– Ela falou meu nome em rede nacional, elogiou a roupa que eu tinha feito para ela, desenhada pela Rosa Magalhães. Foi a Quitéria Chagas. Então nosso espaço de exposição de fotografias ganha uma foto enorme e o nome dela. Essa outra pessoa briga por mim em todo lugar que ela vai, e diz: só faço minha roupa se for com o Sandro. A relação que eu tenho com ela e com a família dela é uma coisa que transcende o carnaval. Estou falando da Dandara Oliveira, que para mim é exemplo de beleza, graça e samba. Ela vai dar nome à sala de ensaios – disse o estilista fazendo questão que as próprias homenageadas pendurassem suas placas nas salas.

A maior sala do espaço, que abriga uma pequena biblioteca, ganhou o nome da grande professora, a carnavalesca Rosa Magalhães. Devido a problemas de saúde, Rosa não compareceu ao evento, mas foi muito bem representada pelos carnavalescos Marcus Ferreira, João Vitor, Fábio Ricardo, Tarcísio Zanon, e por Sérgio Lobato, coreógrafo da comissão de frente da São Clemente, atual escola de Rosa Magalhães. – Eu sei que ela está muito bem representada aqui, porque todos os carnavalescos que estão aqui tem a Rosa como inspiração. Meu interesse no carnaval começou com ela, assistindo na televisão o trabalho dela, tudo era Rosa. Então eu tive a oportunidade de trabalhar com ela, e vi a generosidade, a paciência que ela tem.

Samba Fit e preparação de samba

Ministrado por Carla Campos o Samba Fit une samba e condicionamento físico na preparação de musas e rainhas. Carla já deu aulas para Luiza Brunet e Patrícia Poeta. Ao site CARNAVALESCO, Carla falou um pouco sobre sue trabalho.

– Eu transformo pessoas comuns em musas, e o Sandro me ajuda tornar o sonho delas realidade. Preparo elas através do samba. Aqui no Château vamos fazer diversos workshops de samba tanto para iniciantes, para intermediários e avançados – conta Carla.

Vinte anos unem Dandara Oliveira e o samba. A musa da Vila Isabel é responsável pelo gingado de VIPs.

– Digo que o Sandro é meu anjo da guarda. Todos os meus figurinos de carnaval é ele que faz. Sempre tive esse desejo de ter um lugar onde eu pudesse acomodar minhas alunas. Minha intenção aqui é continuar o trabalho que eu já desenvolvo em aulas particulares, de conhecimento corporal, expressão, de braço, de samba no pé. E tentar fazer aulas coletivas já que o espaço aqui é bem bacana e permite isso. Fiquei muito feliz e honrada de ter meu nome aqui no espaço também – disse Dandara.

Coach e preparação de mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente

Formada em ballet clássico, Marcella Gil é a profissional responsável pelo trabalho personalizado junto aos casais de mestre-sala e porta-bandeira. – Os casais sabem dançar, mas às vezes precisam ser lapidados, moldados um ao outro. Acredito que como bailarina clássica posso ajudar muito nesse sentido. O carnaval cresceu muito de uns anos para cá e sem organização suficiente. Ter tudo no mesmo espaço é muito mais confortável – afirma Marcella.

Fotografia, moda e estilo

Profissional que integra o quadro da Liesa, o fotógrafo Ricardo Almeida é mestre em registrar momentos únicos dos desfiles da Marquês de Sapucaí. Ele, junto de sua assistente de produção Mariana Moreno, serão os responsáveis pelas produções fotográficas do espaço. – Eu e Sandro somos amigos há alguns anos, e ele me convidou para participar do projeto. O espaço é totalmente atípico e com uma proposta diferente daquilo que estamos acostumados a ver. Então não trabalharemos somente o carnaval aqui, inclusive na fotografia. Faremos as fotos de musas, mas a ideia é ampliar fazendo fotos de moda, aproveitando a parte de aula de samba. E um pouco mais para frente alguns workshops de fotografias também.

Além de todos os serviços os interessados encontrarão um atelier dedicado à criação, produção e confecção de figurinos nos segmentos de moda e carnaval comandado por Sandro Carvalho com o auxílio de Lara Pereira e Lu Mattos.

Os interessados em qualquer serviço oferecido pelo Espaço Múltiplo Château Rouge, podem entrar em contato através dos telefones (21) 2252-3532 ou (21)98818-1042. Também através do e-mail contato@espacochateaurouge.com.br ou diretamente no espaço localizado à Rua Henrique Valadares, 139, 3º andar, no Centro do Rio.


terça-feira, 29 de março de 2016

Jorge Castanheira afirma que crise quase inviabilizou ensaios técnicos: 'Temos que rever o modelo'

Por Guilherme Ayupp

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, ainda executa ações ligadas ao Carnaval 2016 terminado para foliões e sambistas há mais de 45 dias. Entre um despacho e outro, com a conferência do balanço financeiro, Jorginho atendeu a reportagem do site CARNAVALESCO e tratou de temas importantes sobre os desfiles de 2017. A crise financeira que assola o país não poupou a Liesa. Segundo o presidente, confidenciou o modelo dos ensaios técnicos precisa ser repensado.

- Eu penso que este modelo precisa ser revisto. A Liga hoje não tem como arcar, por exemplo, com mais de um ensaio por escola. Na sexta-feira está 100% descartado por conta dos impactos no trânsito. Para esta temporada tivemos os ensaios seriamente ameaçados. A Liesa banca toda a estrutura de pista necessária para a realização dos mesmos. Tudo depende da necessidade das escolas e nossa capacidade de orçamento - aponta o presidente da Liesa.

Castanheira revela também à reportagem do CARNAVALESCO que, mesmo sem ter podido ainda acompanhar as imagens da transmissão do Desfile das Campeãs pela TV Brasil, o saldo foi positivo. - Não tivemos a briefagem da transmissão deles e ainda não assisti. Já pedimos à emissora essas imagens. Acredito que pelos comentários das pessoas foi extremamente positivo. A TV Globo ajudou muito neste entrosamento com a TV Brasil e passou todo o seu know-how na cobertura do carnaval - esclareceu Jorginho.

Jorge Castanheira ainda não pode acompanhar com atenção as justificativas divulgadas pela própria Liesa por conta das tomadas de decisão acerca da desmontagem da pista na Sapucaí. O presidente sugere que com o ano olímpico as eliminatórias de samba sofram um enxugamento. - A princípio não vejo porque mudar as finais de samba, que sempre acontecem em outubro. Até porque isso implicaria na confecção do CD. Em setembro, as Paralimpíadas já terão acabado. Acho que um encurtamento das eliminatórias pode ser viável, mas cada agremiação sabe o que é melhor para si - opina Jorge Castanheira.

'As escolas precisam reduzir 500 pessoas de seus contingentes', revela Castanheira

O presidente da Liesa não confirma ainda as mudanças que estão em curso na Liesa, como a redução no número de alegorias e do tempo máximo de desfile das agremiações. - Isso só será discutido a partir de abril, quando iremos divulgar o balanço. Estão em estudo algumas mudanças, para deixar o máximo de alegorias em seis, um número que considero ideal. O desfile da Série A tem 55 minutos, é mais dinâmico e agradável. Precisamos encontrar um meio termo. Vejo necessidade de reduzirmos de 400 a 500 componentes por escola. Mas tudo depende da aprovação das escolas - esclarece.

O presidente considera importante ouvir todas as partes envolvidas no espetáculo para depois aprovar ou não tais alterações. - Acho importante que haja um debate, uma conversa. Quero ouvir também a imprensa especializada que está acompanhando o dia a dia. Essas pessoas conhecem bem a necessidade dos sambistas. Todo mundo que produz os desfiles deve estar inserido nesse contexto - sugere.

Caso Laíla está nas mãos do Conselho

Depois da polêmica dos áudios do jurado Fabiano Costa e das acusações de Laíla, onde a Beija-Flor estaria sendo vítima de um esquema, o presidente Jorge Castanheira conta ao CARNAVALESCO que a punição ou não do sambista está à cargo do Conselho da Liesa, como rege o estatuto da entidade:

- O estatuto diz que quando algum membro fundador faz ataques à instituição, sua punição está à cargo do Conselho. O Laíla é uma personalidade muito importante do carnaval, um cara que ajudou a construir este espetáculo e pelo qual nutro carinho. Mas ele foi campeão sete vezes neste 15 anos que estou aqui. A Liesa já foi alvo de inúmeras investigações e nada em momento algum foi comprovado. Uma coisa é o vazamento de um áudio e o afastamento correto de um julgador. Outra é ilação sobre a lisura do espetáculo. Tem de ter serenidade antes de fazer declarações com a cabeça quente - ressalta Jorge Luiz Castanheira.


segunda-feira, 28 de março de 2016

Festa de 5 anos da Portelamor. Garanta já o seu ingresso.

Clicar na imagem para aumentar
Equipe Portelamor


Sambistas falam sobre importância do movimento a favor da democracia

Por Luana Freitas

Sambistas se uniram em prol da democracia e farão, nesta segunda-feira, o primeiro ato do movimento "Frente Popular do Samba", no Centro do Rio.

O evento "Sambistas unidos contra o golpe e pela democracia" está marcado para 18h, no Centro do Teatro do Oprimido, na Rua Mem de Sá, 31, na Lapa.

Importantes nomes do Carnaval já confirmaram presença, como Selminha Sorriso, Cid Carvalho, Teresa Cristina, Noca da Portela, Tantinho da Mangueira, Dorina, Tiãozinho da Mocidade, André Diniz, Celsinho de Andrade, Luiz Fernando Reis, Rachel Valença e Zeni Pamplona.

O SRZD conversou com o carnavalesco Cid Carvalho e a porta-bandeira Selminha Sorriso, que destacaram a importância do ato contra o "golpe" e em prol da democracia.

- Sambistas se unem em prol da democracia e organizam primeiro ato no Centro do Rio

"Acho importante dizer que não sou contra impeachment! Sou contra impeachment sem motivos ou provas contra a presidenta!
Impedimento sem crime comprovado é golpe. E isso eu não apoiarei nunca. Quem viveu a ditadura militar, quem foi às ruas por eleições diretas, quem é a favor da democracia não pode apoiar o que a oposição tem trabalhado desde que perdeu nas urnas a eleição para presidente, que é tomar o poder não importando de que maneira", declarou Cid.

Ele ainda ressaltou a importância da iniciativa, que lembra o que o próprio samba passou no início de sua história.

"Se é um movimento que se junta a tantos outros para defender a democracia, os sambistas estão honrando a história do próprio samba, que foi perseguido no início e só sobreviveu graças à luta dos primeiros representantes do gênero."

Selminha falou sobre a liberdade de expressão e a diferença que o povo faz no país.

"Só a liberdade de poder se expressar a ficar de causa já é motivo de muita alegria. Não poderíamos falar, muito menos nos reunir em um passado nem tão distante. Hoje temos voz e fazemos diferença na sociedade", disse.

Luiz Fernando Reis e Rachel Valença, blogueiros do SRZD-Carnaval, também comentaram sobre a relevância da iniciativa.


Luiz Fernando Reis destacou a necessidade de os sambistas se posicionarem politicamente mais vezes e os ganhos sociais conquistados pelo povo nos últimos anos.

"A iniciativa é inédita e importantíssima. O mundo do samba precisa se posicionar politicamente mais vezes. Nos anos 1980 eu escrevi e desenvolvi enredos críticos e políticos e a proposta era a busca constante pela democracia, pelas garantias individuais, pelas eleições diretas. A minha luta e de tantos companheiros não pode ser em vão. A luta contra a corrupção é uma luta de todos nós e não apenas o que a mídia golpista quer nos ensinar. Para eles uma parcela de nossa população foi para as ruas gritar Fora Lula, Fora Dilma e Fora PT. E como republicano e democrata não posso aceitar isso. Sem crime de responsabilidade não pode haver impeachment. Por isso, não vai ter golpe. Não podemos jogar no lixo tantos ganhos sociais conquistados por nosso povo nas últimas décadas. Não podemos permitir que um golpe político coloque no poder a mesma corja de sempre, os mesmos abutres de sempre. O mundo do samba é contra o golpe. O nosso povo sabe exatamente de que lado estão os que querem o nosso bem e os que nunca quiseram."

"O samba sempre se identificou com as causas populares, porque sambista é povo. O samba adquiriu visibilidade e hoje é vanguarda. Temos responsabilidade social e não podemos nos omitir", declarou Rachel.


quarta-feira, 23 de março de 2016

terça-feira, 22 de março de 2016

Império Serrano e Portela fecham parceria com 'Projeto Quem És Tu, Passista?'

Redação SRZD

Não faltaram novidades na feijoada do Império Serrano, realizada no último sábado. Além de anunciar o novo intérprete e o novo carnavalesco para 2017, a escola da Serrinha - junto de sua convidada, a Portela - confirmaram uma importante parceria. Império Serrano e Portela anunciaram oficialmente o apoio ao projeto "Quem És Tu, Passista?", idealizado pelo jornalista e blogueiro do SRZD, Helio Ricardo Rainho.

Na oportunidade, Hélio subiu ao palco acompanhado do diretor do departamento cultural do Império Serrano, Wilton Oliveira; da vice-presidente do departamento social do Império Serrano, Paula Maria; da diretora do departamento social da Portela, Elizabeth Ferreira; dos diretores de passistas Gabriel Castro (Império Serrano), Nilce Fran e Valci Pelé (Portela) e dos passistas integrados ao projeto Coimbra Mocidade (Mocidade Independente de Padre Miguel) e Katia Suzuki (diretora de passistas da Caprichosos de Pilares).

Hélio falou sobre a relevância do projeto e das parcerias: "Nosso propósito não é ser uma escola para formação de passistas. Trata-se de um manifesto que pretende desenvolver uma série de debates no decorrer deste ano, a fim de que possamos assegurar a obrigatoriedade da ala nos desfiles e a preservação dos agentes deste segmento como um legado de cada escola dentro do carnaval". Hélio afirmou ainda que, por ser "cria do samba de Madureira", sendo "filho da Portela" e padrinho dos passistas do Império Serrano, não poderia se sentir mais lisonjeado por ter justamente nessas duas escolas o pontapé inicial para os trabalhos com o projeto.

Paula Maria destacou a importância do projeto e lembrou que também foi passista, reiterando que a presidente Vera Lúcia estava empenhada também em abraçar a causa. Nilce Fran parabenizou a iniciativa de Helio e lembrou das primeiras reuniões, há quatro anos atrás, quando ela e Valci - tutores do projeto - incentivaram o avanço das ideias.

A parceria assegura aos integrantes do projeto - hoje cerca de 400 passistas arrolados através de um grupo no Facebook administrado pelo perfil de Helio Ricardo Rainho - a cessão das quadras de Império e Portela, em datas futuras, para encontro e debate sobre questões consideradas fundamentais.

Clicar no link abaixo para visualizar outras fotos
 

Vereador quer cadeiras numeradas no Sambódromo

Redação Carnavalesco

O vereador Marcelo Piuí (PHS) apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal do Rio de Janeiro que promete causar polêmica. O PL 1726/2016 pede que o Sambódromo passe a contar com cadeiras numeradas em toda a extensão das arquibancadas da Sapucaí em todos os seus setores. Segundo Piuí em seu texto de defesa do projeto a medida traria maior segurança ao público que comparece aos desfiles das escolas de samba.

Se aprovado o projeto prevê que o não cumprimento desta prerrogativa pode causar à Liesa a obrigatoriedade da devolução do valor pago pelo ingresso e no caso de não haver a devolução a previsão é de recebimento de R$ 2 mil de indinização, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.

Marcelo Piuí alerta que no desfile de 2016 o Sambódromo esteve super lotado e considera que não numeração das arquibancadas pode causar uma tragédia. - A proposição tem a finalidade de evitar uma tragédia anunciada. No desfile deste ano, 2016, foi constatado no setor 1 que o número de ingressos ultrapassou enormemente o número de lugares, e só por um milagre não ocorreu algo pior. Vão falar que as cadeiras diminuem o número de ingressos, mas é exatamente isto o proposto. Que diminuam o numero de ingressos e aumentem o conforto e a segurança da população - defende o vereador no texto de justificativa da PL.


domingo, 20 de março de 2016

Recordar é viver

Águia de 1996 (concentração) - enredo Essa gente bronzeada mostra seu valor. Carnavalesco José Félix. Samba-enredo composto por Carlinhos Careca, Jorginho Don, Picolé da Portela e Renatinho do Sambola. www.portelamor.com


Equipe Portelamor

sábado, 19 de março de 2016

Procópio vai deixar presidência da Portela: ‘Não fui o cara, nem quis ser’

Por Redação

No Brasil inteiro, o assunto da vez é política e os rumos do país com os aparentemente intermináveis desdobramentos da operação “Lava-Jato”. Enquanto a presidente Dilma Rousseff se esforça para tentar contornar a enxurrada de denúncias contra o governo, no mundo do samba a disputa pelo poder maior de uma escola tem um cenário bem menos turbulento.

Se nas bandas de Brasília o ritmo anda pesado, em Madureira o clima eleitoral é marcado pela calmaria. O atual presidente da azul e branco não sofreu nenhuma pressão para, no popular, “largar o osso”. Ainda assim, Serginho Procópio, de 48 anos, está decidido a deixar a presidência da agremiação, que terminou o Carnaval deste ano em terceiro lugar, após um elogiado desfile que fez a escola sair da Sapucaí aclamada e aos gritos de “É campeã”.

Em maio, haverá nova eleição na Portela. E o atual mandachuva portelense garante que não estará no páreo.

– Nunca quis ser presidente – afirma ao Sambarazzo, três anos depois de comandar a escola-xodó de bambas como Paulinho da Viola.

Músico dos mais apaixonados pela arte de cantar e compor, Procópio revela que o desejo de presidir a Portela não partiu do próprio sambista, que afirma jamais ter tido pretensões políticas dentro da escola de coração. No entanto, para dar fim à chamada “Era Nilo Figueiredo”, que durou oito anos e teria deixado a instituição afundada em dívidas, ele topou o convite para ser o principal nome da chapa vencedora do pleito de 2013, que teve como vice-presidente Marcos Falcon, atualmente uma grande liderança portelense, e Monarco, maior nome da Velha Guarda da escola e uma das maiores referências do Carnaval carioca, como presidente de honra.

– Estou fechando um ciclo. Não venho candidato, não quero ser candidato a nada. Estou deixando a administração, a direção da escola, pra cuidar um pouco da minha vida. Em três anos, a gente pode ver a melhora da escola, que era nosso principal foco, né? Há três anos, quando me convidaram pra participar, a gente não tinha muita noção do que ia ser, não tinha um candidato. Na realidade, nem eu queria ser presidente. Eu nunca quis ser presidente. Mas a Portela precisava de alguém que tivesse uma notoriedade, que fosse uma pessoa séria, então chegaram até mim. E a gente decidiu que eu seria o candidato. Nesse momento eu aceitei, lutei junto com todo mundo, convidei o Monarco pra ser presidente de honra, nesse dia foi até engraçado… ele me perguntou: ‘Mas quem vai ser o candidato a presidente?’. E eu falei: ‘Sou eu’. Aí, a gente se abraçou… Nós rimos e nos abraçamos. Foi muito legal, porque eu considero o Monarco como o meu pai, já que o meu pai era muito amigo dele e eu entrei na velha guarda a convite dele e do Casquinha, em 1999. Então, me senti abraçado por ele. E nesse momento deixei um pouco a minha vida de lado, pra me dedicar e lutar pelas coisas da escola, embora não soubesse muitas coisas sobre administração – argumenta.

Em três anos à frente da Portela, Serginho e a diretoria quitaram R$ 13 milhões em dívidas

Apesar da inexperiência, Serginho Procópio e Marcos Falcon conseguiram, juntamente com a equipe que formaram, modificar consideravelmente o quadro financeiro da Portela.

– Nosso primeiro foco era tirar o pessoal que estava fazendo mal à escola. E embora tenham sido apenas três votos de diferença na eleição (a chapa de Serginho Procópio derrotou a de Nilo Figueiredo por 154 a 151 votos), nós conseguimos. Pegamos a Portela com R$ 14 milhões de dívidas. Hoje, acredito que esta dívida esteja em torno de R$ 1 milhão. Trabalhei mais a parte administrativa. E essa dívida, espero que todos saibam, não foi causada por nós. Essa herança maldita atrapalhou o nosso trabalho. Mas não estamos aqui pra ficar culpando ninguém. Já que assumimos isso, então o que nós fizemos foi trabalhar pra que as dívidas fossem pagas e pra que a Portela voltasse a lutar pelo título. Acho que isso nós conseguimos fazer – destaca.

“Meu patrimônio não aumentou, não utilizei o dinheiro da escola pra nada”

Enquanto os cofres portelenses tiveram um respiro e passaram por uma considerável transformação, a conta bancária de Serginho Procópio não sofreu grandes alterações desde que assumiu o comando da maior campeã do Carnaval. A fim de mostrar a transparência de sua administração, ele avisa a quem interessar: vai sair da presidência da mesma forma que entrou, tirando o sustento da família exclusivamente da música, sem qualquer novidade em relação a patrimônios.

– Entrei na Portela com amor, e estou saindo com amor. Aliás, não estou saindo da Portela, só da presidência. Entrei pela porta da frente e estou saindo pela porta da frente, pra, na hora que eu quiser, eu voltar a entrar por ali. Não tenho briga com ninguém, estou saindo porque é o que quero. Estou feliz por isso tudo. Acho que nos últimos 20, ou mais anos, sou o único presidente da Portela que não saiu rejeitado pelos portelenses. Prezo muito por isso. Quanto ao patrimônio, entrei da mesma maneira que estou saindo. Meu patrimônio não aumentou, não utilizei o dinheiro da escola pra nada, que isso fique bem claro. Continuo trabalhando como músico. Muitas vezes, enquanto presidente, tive que me ausentar da Portela pra trabalhar, porque o sustento da minha família não vem da escola, vem do meu trabalho – assegura.

“Lamento não ter feito a Portela campeã”

Apesar de decidido a deixar o cargo, Serginho Procópio acha que faltou concluir alguns desejos à frente da escola. Ele queria muito, enquanto dirigente, ter feito a escola voltar a vencer Carnaval e quebrar um jejum de mais de três décadas sem levar a melhor numa disputa.

– Lamento não ter feito a Portela campeã. Esse título, que era tão sonhado entre a gente… Nós conseguimos um quinto lugar com gosto de terceiro (2015), e um terceiro com gosto de primeiro (a Portela deixou o desfile de Segunda-Feira de Carnaval deste ano aclamada, aos gritos de ‘É campeã’). Lamento muito não termos conseguido isso pra Portela. Acho que a Portela tem a torcida que mais precisa desse título, até pra tirar essa história de que portelense só vive de passado, né? Nosso passado realmente é muito forte. Mas o nosso presente é uma escola que luta por título. Ela andou muito tempo parada porque existiram administrações errôneas, que fizeram com que a escola caísse nesse ostracismo aí. Então, lamento muito não ter conseguido junto com meus companheiros fazer a Portela campeã. Mas ao mesmo tempo eu fico feliz, porque hoje vejo que a Portela está lutando pelo título, e sinto que não vai demorar muito a conquistar esse tão sonhado título. Esse tão sonhado 22º. O caminho é esse, ela já tá no caminho. Mais cedo ou mais tarde, vai aparecer – torce.

Procópio diz que seria imbecilidade alguém querer disputar eleição com Falcon

Na avaliação de Serginho Procópio, o melhor nome para assumir o lugar que deixará em breve é o do vice-presidente Marcos Falcon.

– Por tudo que tem demonstrado, o Falcon é a frente de liderança. Pelo carinho, pelo empenho. Quando souberem que vou sair, as pessoas vão me perguntar: ‘Você vai apoiar quem?’. Mas acho que nem precisa de apoio meu, não precisa nada. Sou uma pessoa muito na minha. Não acredito que depois de todo o trabalho que tem sido feito possa aparecer uma oposição. Seria muito imbecil da outra parte. Se aparecer…Não acredito que alguém tenha coragem de botar chapa, por tudo que se mostrou na escola nesses três anos. Será que precisa de oposição? Eu acho que não precisa dividir a escola agora. Acho que não precisa disso – pontua o atual presidente.

Pouco vaidoso, Procópio não se deslumbrou com o cargo de presidente

Com uma gestão marcada pela discrição, Serginho Procópio afirma não ter se deslumbrado hora nenhuma com a função de comandar a escola e pouco fez uso do “poder’ de um comandante. Quando os mais chegados pediam camisa para desfilar, por exemplo, muitos levavam um sonoro “não” como resposta.

– Sempre me coloquei como mais um ajudando. Não que eu fosse o presidente, algo mais. Sempre deixei isso claro pra minha família. Sobre os pedidos, os que eu podia atender, atendia. Os que não podia, era não e pronto. Eu vivo da minha sinceridade. Não posso, não posso. Já recebi pedido de tudo quanto é jeito. As pessoas vinham e falavam ‘eu quero desfilar, mas não quero sair em ala, quero roupa de diretoria. Você vai conseguir pra mim.’. E eu dizia ‘Eu? Eu não.’. Eu não tô ali pra isso, pra conseguir roupa de diretoria pra ninguém. Pode ter certeza que, nos três carnavais, o que consegui de roupa pras pessoas desfilarem foi muito pouco. Com o passar do tempo, passaram a não me pedir – confessa.

Tão logo saia do comando portelense, Serginho Procópio voltará as atenções exclusivamente à carreira musical.

– Quando entrei, me programei pra ficar três anos. A minha vida inteira sempre amei fazer o que faço. Eu sou músico. Sou compositor, desde que gravei minha primeira música, que foi com o Zeca Pagodinho (“Mafuá de Iaiá”, em 1991), não foi uma música de grande sucesso, mas foi a primeira música que gravei. Hoje, já são umas 250 músicas, então sempre me programei pra ser músico. É o que amo fazer. Ser presidente não me atrapalhou, até porque era um ideal fazer a escola que eu amo, sou portelense desde que nasci. Sempre convivi ali dentro, com os mais renomados bambas que existiram na Portela, eu tive contato com eles, digamos assim. O amor que eles tinham é o amor que eu tenho. Não acredito que tenha me atrapalhado, mas me parou um pouco. Fiz um CD há três anos, que foi até indicado ao Prêmio da Música Brasileira, e eu não tive como trabalhar o disco. Embora tenha sido um disco independente, também nunca me dei a liberdade de fazer o lançamento do meu CD na Portela, porque eu achava que estaria explorando a Portela com meu trabalho musical, e não quis que as pessoas achassem isso. Nunca quis me aproveitar disso. Então, não trabalhei o meu CD. Passados três anos, quero trabalhar isso – adianta.

Com medo de críticas, dirigente não sabe se voltará a disputar samba na Portela

Embora tenha a música como maior paixão, Procópio ainda não está certo de que voltará a participar, como compositor, de concursos de samba-enredo na Portela, que este ano terá um concorrente ilustre, o cantor Diogo Nogueira.

– Não deixei de ser compositor da escola. Mas acho que nesse momento não seria muito legal, mesmo que eu fizesse o melhor samba, por eu ter participado dessa gestão, que acho que vai continuar, as pessoas vão achar que houve alguma ‘maracutaiazinha’ pra ganhar, e não estou aí pra ficar sendo acusado de nada – revela.

O dirigente, que após se afastar da presidência permanecerá como integrante da velha guarda portelense, lamenta não ter atuado de forma mais ativa na parte musical da azul e branco:

– Poderia ter assumido mais esse lado. Tenho conhecimento daquilo ali. Por pensar muito, acabei não fazendo. As pessoas podiam achar que eu estava querendo aparecer. Queria ter me doado mais ali, ajudado mais a escola, mais o carro de som. Eu poderia ter ajudado mais. Não digo em relação à contratação de intérpretes, porque os contratados foram muito bons, mas poderia ter ajudado na parte musical, na realização do trabalho. Acho que houve muitos problemas de relacionamentos que eu poderia ter trabalhado isso aí. Poderia ter sido melhor.

Serginho já comunicou sua saída a Monarco e Falcon

A decisão de deixar a presidência foi tomada em outubro do ano passado, quando Serginho Procópio conversou com Falcon para alertar sobre o desejo de não continuar no comando portelense:

– Praticamente, já estou na chapa (apoiando). Acabo sendo membro nato do conselho, assim como Carlinhos Maracanã, Nilo Mendes Figueiredo (ex-presidentes). A primeira pessoa que comuniquei sobre minha saída foi o vice-presidente, Marcos Falcon. Fiquei até surpreso quando ele disse que também não queria mais. Mas, mesmo que ele não quisesse, minha decisão já estava tomada. Aí, perguntei: ‘E agora, como vai ser?’. Claro que naquele momento, outubro, não era o momento pra dar esse tipo de entrevista, não seria legal, o foco era o Carnaval. Agora, é um momento mais calmo. Hoje a Portela tá em outro caminho, não precisa tanto de mim. Tenho a noção que eu ajudei. Não fui o cara, nem quis ser. Mas fui um grão de areia. Se dissesse que estava naquela praia de quem ajudou, eu era um grão de areia, e ajudei.

“Estou deixando a presidência, não a Portela”

Por fim, Serginho Procópio faz um agradecimento emocionado aos torcedores da Portela, na expectativa de que todos entendam sua vontade de cuidar melhor da carreira musical.

– Quero agradecer a todos os portelenses, durante esses três anos. Tem muito amor envolvido nisso. Continuo amando, respeitando a escola. Sou uma pessoa emotiva. Acho que todas as vezes que eu beijei a minha bandeira eu chorei. Mesmo que não demonstrando, por dentro eu estava emocionado. Estou deixando a presidência, não a escola. Tenho o maior respeito pela Portela, pelas tradições. E venho pedir que os portelenses continuem amando e apoiando a escola. Muito obrigado por tudo. Pode ser que alguém ame tanto a Portela quanto eu. Mais do que eu…essa pessoa certamente não existe – conclui Serginho Procópio.