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quarta-feira, 26 de março de 2014

Fantasias volumosas das baterias são criticadas e geram impasse no Carnaval

Por Rafael Arantes

Julgadores citam caso nas justificativas e pedem mudanças para evitar novas complicações durante as apresentações dos ritmistas; Carnavalesco se diz surpreso, mas admite problema

Rio - Menos de um mês após o término de mais um Carnaval a Liesa divulgou as justificativas das notas dos julgadores do Grupo Especial. Entre os casos notados, um mesmo fator volta a chamar atenção no cenário. No espaço destinado às observações, os jurados Xande Figueiredo e Sergio Naidin fizeram um apelo pela não utilização de fantasias volumosas para os ritmistas, lembrando que o fato prejudica a apresentação musical em razão de um abafamento no som.

Uma das partes das fantasias que mais liga este alerta são os chapéus. A utilização de materiais como pluma e palha em alta quantidade é um dos fatores que vem sendo notado como prejudicial às apresentações. Enquanto muitas escolas levaram pequenos figurinos para seus ritmistas no Carnaval deste ano, Salgueiro, Mangueira, Império da Tijuca e Portela foram algumas das que não seguiram o conselho e colocaram em risco o desfile de suas baterias. O fato já repercute na Internet e provoca a revolta de alguns sambistas.


Na justificativa do julgador Xande Figueiredo o fato voltou a ser citado após uma ligação com o desfile da Vila Isabel em 2013, onde um grande chapéu de palha atrapalhou o desempenho da Swingueira de Noel. Xande fez um grande apelo para que esses grandes figurinos sejam evitados.

"Para Mangueira, Império da Tijuca, Salgueiro e Portela: Mais uma vez uma peça de fantasia prejudica a apresentação de algumas baterias, a tal ponto que coloco em dúvida a crítica que fiz em 2013 ao sistema de som da Avenida, servindo como 'abafadores' sonoros. Os chapéus que usam plumas (ou a palha de 2013) devem ser os responsáveis por uma pior monitoração de bateria por toda a Sapucaí. Assim, naipes como caixas, surdos de 3ª e surdos-mór não soam suficientemente bem nas caixas de som e, muito menos, no acústico da bateria, prejudicando o canto e o 'chão' da escola e a performance das baterias, em particular. Até mesmo a comunicação visual entre os mestres, diretores e ritmistas fica muito prejudicada! E em uma orquestra tão complexa como uma bateria de escola de samba, este tipo de comunicação é fundamental. Senhores carnavalescos, por favor, não façam isto com os ritmistas!", desabafou o julgador.

O discurso de Xande, além de não ser novidade, foi reforçado pelo companheiro Sergio Naidin. O julgador do módulo 3 também citou as fantasias das baterias de Salgueiro, Mangueira e Portela como prejudiciais ao conjunto da apresentação.

"Gostaria de reforçar o que já foi dito algumas vezes sobre a questão da fantasia abafando o som dos instrumentos. Salgueiro, Mangueira e Portela poderiam ter rendido mais sem as grandes fantasias", escreveu Naidin.

RENATO LAGE SE DIZ SURPRESO MAS PROMETE MUDANÇA

O carnavalesco Renato Lage, do Salgueiro, não evitou comentar a polêmica. Em conversa com o DIA na Folia , o artista chegou a se surpreender com o fato questionado, mas admitiu que a fantasia dos ritmistas da Furiosa possuíam um chapéu que pode ter atrapalhado o rendimento da bateria durante o desfile.

"Isso é meio que uma novidade, um fato que não era citado antes. Realmente existe a necessidade da bateria desfilar com uma maior mobilidade, com uma menor quantidade de adereços ou coisas que possam atrapalhar seu movimento ou o som, talvez. Ultimamente desfilamos com fantasias bem pequenas, como do Bope(2011), Lampião(2012) e Che Guevara (2013), mas esse ano, realmente, o chapéu da fantasia de Guerreiro Asteca tinha um volume maior. Era uma fantasia mais luxuosa que as últimas, mas que realmente tinha uma cabeça com uma quantidade de penas muito grande", comentou.

Atento à repercussão, Renato analisou o fato e fez um balanço positivo. Segundo ele, a questão serve como alerta para que o caso não se repita no futuro. "Isso serve para a gente possa pensar mais na hora de fazer o figurino da bateria no próximo Carnaval. É uma justificativa nova, que não costumava ver antigamente, mas que realmente pode estar prejudicando a apresentação. A coisa está tão técnica que esses detalhes estão sendo mais notados atualmente", finalizou.

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