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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

‘A Portela é um marco na minha carreira’, diz Renato Lage

Por Guilherme Ayupp
A Portela teve nos últimos carnavais dois dos principais carnavalescos da história dos desfiles. Alexandre Louzada, em 2014 e 2015, Paulo Barros, em 2016 e 2017, e Rosa Magalhães, em 2018 e 2019. Com Renato Lage e Márcia Lage, contratados para 2020, a escola segue na linha de grandes nomes da folia desenvolvendo seus enredos. Renato Lage falou ao site CARNAVALESCO que sua chegada na maior campeã do carnaval é um marco em sua carreira. Lage garante uma águia inesquecível e fala do enredo ‘Guajupiá, Terra sem males’.
“É interessante pois até então a gente tinha feito temáticas indígenas poucas vezes e nenhuma por completo. Será a primeira vez assim na íntegra. É um enredo que nos dá muita referência boa. Acredito em um carnaval de uma visão indígena diferenciada, sem aquela que estamos acostumados ao nosso estilo, da nossa maneira. Os portelenses só querem saber da águia, brincam que não interessa o resto. A águia vai vir arrebentando, pode apostar. As coisas estão conspirando à favor, adorei a escola fechar o desfile de domingo, 50 anos depois do lendário ‘Lendas e Mistérios da Amazônia’. É uma escola que tem uma pegada forte de paixão. É um marco na minha carreira. Fui muito bem recebido e tratado com respeito”, diz.
A temática indígena de fato não se faz presenta na trajetória de Renato Lage no carnaval. O mais marcante desfile de sua autoria que teve pinceladas dessa estética foi na Mocidade em 1999, com ‘Villa-Lobos e a apoteose brasileira’. O carnavalesco conta que o enredo aguardou até o último instante uma proposta de patrocínio.
“A escola aguardava patrocínios e essa questão da Liesa atrasou e nos deixou ressabiados. Graças a Deus tudo entrou nos eixos. O enredo é autoral, mas eu penso que todos são autorais. Os especialistas catedráticos é que entram nessa de autoral, patrocinado. Estamos acreditando na Portela e ela e em nós”
Márcia Lage, que no dia da entrega da sinopse na Portelinha, ostentava um cocar usado no desfile de Villa-Lobos, pediu aos compositores liberdade na criação, fugindo de receitas prontas para criar as obras. Márcia esmiúça a temática do enredo da Portela à nossa reportagem.
“Queremos que os compositores criem, que fujam da receita de bolo. Esse enredo é solar, combina com o raiar do dia. Vai casar muito com nossa ordem de desfile. A visão primal de um Rio virgem, mas uma visão indígena. O Guajupiá é o paraíso deles. Tentamos trazer esse olhar perdido, de valorizar as belezas naturais e dessa forma voltar a criar um elo com essa cultura. Esquecemos que somos oriundos dos índios. Para mim pessoalmente ter reconhecido e me encontrado com essa gênese me trouxe uma força muito boa. É um papel nosso, quase uma missão, a reintegração do povo indígena. Os proprietários disso aqui não devem ser tão ignorados como são”.

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