Por Luana Dandara
Presidente da Liga, Jorge Castanheira defende formato mais atual para Carnaval 2020. Carnavalesco Leandro Vieira propõe diminuição de cabines de jurados, e não o número de componentes e de alegorias.
Rio - Após retirar todo o subsídio do Grupo Especial e da Série A do Carnaval, o prefeito Marcelo Crivella anunciou nessa segunda-feira que vai triplicar o valor de R$ 1 milhão para R$ 3 milhões para o desfile da Intendente Magalhães em 2020. No meio dessa crise financeira, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), organizadora das agremiações de elite do samba, pretende reduzir o tempo das apresentações.
"É uma sugestão da Liga para um formato mais atual. Ouvi empresários de eventos e a TV Globo também entende a necessidade de um tempo menor. Esse é um trabalho de readaptação para que não seja um espetáculo muito longo", explicou Jorge Castanheira, presidente da Liesa. Ele preferiu, entretanto, não divulgar a duração sugerida. "Será debatido na quarta-feira, em uma reunião com todos os presidentes das escolas de samba".
Questionado sobre a sugestão de Laíla, diretor de Carnaval da União da Ilha, em apresentar apenas três alegorias, Castanheira afirmou que será analisada. "Pedimos para que todas as escolas façam sugestões de formatos, essa é uma delas. O alinhamento será feito no plenário, na quarta. A diminuição do tempo de apresentações pode ser tanto pela redução no número de componentes como por redução de alegorias".
Campeão em 2019, Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira e da Imperatriz, criticou a proposta e sugeriu que seja reduzido, então, o número de cabines de jurados. "Vai sobrar jurado para servir de fiscal do regulamento e faltar alegoria e componente para fazer o Carnaval que o povo celebra. Se querem diminuir tempo, que reduzam o tempo que os desfiles ficam parados diante dos jurados e deixem que a gente mostre o trabalho dos milhares de artesãos, passistas, ritmistas e bailarinos para o público que paga e vibra com o espetáculo que a gente aprendeu a gostar por inteiro e não pela metade", defendeu. "A única redução que traria benefício aos desfiles é a redução das duras amarras do regulamento. O regulamento nivela por baixo o espetáculo", completou Vieira.
No último sábado, Laíla também já tinha reprovado a redução do número de componentes. "Seria a extinção do Carnaval, pois as pessoas precisam ter o direito de brincar", pontuou. "Ao longo do tempo, o formato é modernizado. Antigamente, desfilavam 6 mil componentes, hoje já são de 3.500 a 3.600 componentes. As fantasias também já são dadas pelas escolas, e custam caro", alegou Castanheira.
Carnaval atrasado
A reunião que aconteceria nessa segunda-feira, entre a Liesa e a Riotur, foi desmarcada pelo presidente do órgão, Marcelo Alves. "Tive um imprevisto médico, será remarcada ainda para esta semana", justificou.
Segundo o presidente da Liga, o prazo para o Carnaval 2020 está cada vez mais apertado. "Esse processo vem se arrastando. Precisamos o mais rápido possível de uma definição de quem ficará responsável pelo Sambódromo, pelos contratos das agremiações através da Liga, para saber qual formato vamos tocar. Até agora não temos nada estabelecido e o Carnaval do ano que vem é mais cedo do que foi este ano", disse. "Nem mesmo recebemos o anúncio oficial da retirada dos subsídios municipais, soubemos pela imprensa e foi uma surpresa", acrescentou.
Castanheira ainda confirmou que a última parcela da prefeitura, de R$ 50 mil, ainda não foi paga às agremiações. "Pelo que conversei nas reuniões, nenhuma escola de samba ainda recebeu. E entregamos a prestação de contas no prazo. É um valor que faz falta", assinalou. Na sexta-feira, a Riotur informou, em nota, que o repasse foi efetuado para as escolas que apresentaram a prestação de contas no prazo.
Desfile da Intendente
"Não sou contra o Carnaval. O que não pode acontecer é a prefeitura dar dinheiro público para evento que se cobra ingresso. Os desfiles da Intendente são o verdadeiro Carnaval do povo", defendeu Crivella, na segunda-feira, em reunião com diretores da Liesb (Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil). "As escolas da Intendente dependem exclusivamente da prefeitura. Já a Liesa tem receita de bilheteria, transmissão de TV, patrocínio, apoio do Governo Estadual, e não apenas os recursos municipais, que têm outras prioridades", explicou o presidente da Riotur. Alves acrescentou que estruturas de iluminação, arquibancada e som da Intendente serão melhoradas.
"Temos que respeitar o posicionamento da prefeitura, é sinal de que a base do Carnaval será fortalecida. Mas a prefeitura não pode esquecer e sufocar o desfile da Marquês de Sapucaí, que gera a maior fonte de retorno de imagem e de recursos para o município ao longo dos anos. Sem desmerecer de maneira nenhuma o desfile da Intendente, que precisa ser olhado com carinho, assim como os blocos de rua, não temos nada contra", disse Jorge Castanheira.
Fonte: www.odia.ig.com.br
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