Waldir 59 - Reconhecimento a um baluarte do samba
Por Tarcio Santos
Os mangueirenses Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito compuseram um samba que
tem tudo a ver com o comentário e relato que virão mais a seguir.
A
música em questão é QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE, e nela os autores cantam
que todas as homenagens têm que ser feitas em vida, e não depois da
morte.
Por isso, vendo no Facebook uma foto onde aparecem Waldir 59 e
Monarco, me veio a vontade de falar desse monstro sagrado da Portela não só como
compositor, mas também Diretor de Harmonia. O grande Monarco já é merecedor de
todo o reconhecimento por parte do grande público, mas muita pouca coisa é dita
sobre Waldir 59, que foi o grande parceiro de Candeia em vários sambas da azul e
branco de Oswaldo Cruz.
De saída quero falar da forma como foi meu
primeiro contato pessoal com Waldir 59. Já conhecia sua obra junto com Candeia e
entre eles um dos sambas da minha preferência é BRASIL PANTHEON DE
GLÓRIAS, samba enredo de 1959.
Meu primeiro contato pessoal com
Waldir foi em 1977, meu primeiro ano de cobertura carnavalesca no rádio,
trabalhando na Avenida Rio Branco. A cabine da rádio era mais ou menos em frente
ao Teatro Municipal.
Era uma tarde acho que de segunda feira, e sem
maiores compromissos, vinha Waldir 59 conversando com o nosso companheiro
jornalista José Carlos Netto. Ao vê-lo se aproximar, fui a ele, e de forma
tímida pedi que me concedesse uma entrevista. Ele concordou, mas não me
conhecendo, perguntou se eu sabia com quem estava falando. Respondi que sim, e
confirmei o seu nome.
Veio a entrevista e o papo foi tão agradável que
uma simples entrevista que duraria apenas cinco minutos levou cerca de
vinte.
Daí veio a amizade, e a admiração que já era grande pelo
compositor, ficou ainda maior com o conhecimento do trabalho desenvolvido pelo
Diretor de Harmonia.
Já como amigo de Waldir, acompanhei os problemas que
enfrentou na Portela, na gestão de Carlinhos Maracanã. Sem espaço na escola,
Waldir passou a dar sua colaboração, como Diretor de Harmonia, em outras
escolas, como Vila Isabel, Unidos da Tijuca, Imperatriz Leopoldinense, entre
outras. Ressalte-se que mesmo fora da Portela sempre esteve atento a tudo o que
acontecia na escola de Oswaldo Cruz. Vi, por diversas vezes, o mestre acompanhar
o desfile da sua escola do coração e vendo que as coisas não iam bem, lá estava
Waldir no meio da escola tentando ajudar para que tudo corresse dentro do
desejado.
A nossa amizade foi ainda mais solidificada por causa de uma
grande jornalista, infelizmente já falecida, a grande companheira de Waldir:
Dulce Alves.
Jornalista da Rádio Tupi, Dulce era apaixonada pelo samba.
Foi durante anos a porta-bandeira do nosso bloco da imprensa. Anos mais tarde
chegou a ser minha diretora de jornalismo na Rádio Nacional.
Graças a ela
fiquei ainda mais próximo do mestre Waldir 59, que em várias oportunidades
brindou meu programa com aulas que só um grande sambista pode
proporcionar.
Com a mudança da diretoria da Portela, Waldir voltou a sua
escola do coração na qualidade de vice-presidente na administração Nilo
Figueiredo.
Aos 84 para 85 anos, Waldir vive hoje as voltas com a deficiência
visual, fruto da idade, mas não deixa de forma alguma de prestigiar sua escola
do coração.
Se ninguém o faz, faço eu o reconhecimento e minha gratidão a
um verdadeiro baluarte do samba, de um tipo que é raro de se encontrar nos dias
de hoje.
Obrigado amigo Waldir.
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