Translate

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Waldir 59 - Reconhecimento a um baluarte do samba

Por Tarcio Santos

Os mangueirenses Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito compuseram um samba que tem tudo a ver com o comentário e relato que virão mais a seguir.

A música em questão é QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE, e nela os autores cantam que todas as homenagens têm que ser feitas em vida, e não depois da morte.

Por isso, vendo no Facebook uma foto onde aparecem Waldir 59 e Monarco, me veio a vontade de falar desse monstro sagrado da Portela não só como compositor, mas também Diretor de Harmonia. O grande Monarco já é merecedor de todo o reconhecimento por parte do grande público, mas muita pouca coisa é dita sobre Waldir 59, que foi o grande parceiro de Candeia em vários sambas da azul e branco de Oswaldo Cruz.

De saída quero falar da forma como foi meu primeiro contato pessoal com Waldir 59. Já conhecia sua obra junto com Candeia e entre eles um dos sambas da minha preferência é BRASIL PANTHEON DE GLÓRIAS, samba enredo de 1959.

Meu primeiro contato pessoal com Waldir foi em 1977, meu primeiro ano de cobertura carnavalesca no rádio, trabalhando na Avenida Rio Branco. A cabine da rádio era mais ou menos em frente ao Teatro Municipal.

Era uma tarde acho que de segunda feira, e sem maiores compromissos, vinha Waldir 59 conversando com o nosso companheiro jornalista José Carlos Netto. Ao vê-lo se aproximar, fui a ele, e de forma tímida pedi que me concedesse uma entrevista. Ele concordou, mas não me conhecendo, perguntou se eu sabia com quem estava falando. Respondi que sim, e confirmei o seu nome.

Veio a entrevista e o papo foi tão agradável que uma simples entrevista que duraria apenas cinco minutos levou cerca de vinte.

Daí veio a amizade, e a admiração que já era grande pelo compositor, ficou ainda maior com o conhecimento do trabalho desenvolvido pelo Diretor de Harmonia.

Já como amigo de Waldir, acompanhei os problemas que enfrentou na Portela, na gestão de Carlinhos Maracanã. Sem espaço na escola, Waldir passou a dar sua colaboração, como Diretor de Harmonia, em outras escolas, como Vila Isabel, Unidos da Tijuca, Imperatriz Leopoldinense, entre outras. Ressalte-se que mesmo fora da Portela sempre esteve atento a tudo o que acontecia na escola de Oswaldo Cruz. Vi, por diversas vezes, o mestre acompanhar o desfile da sua escola do coração e vendo que as coisas não iam bem, lá estava Waldir no meio da escola tentando ajudar para que tudo corresse dentro do desejado.

A nossa amizade foi ainda mais solidificada por causa de uma grande jornalista, infelizmente já falecida, a grande companheira de Waldir: Dulce Alves.

Jornalista da Rádio Tupi, Dulce era apaixonada pelo samba. Foi durante anos a porta-bandeira do nosso bloco da imprensa. Anos mais tarde chegou a ser minha diretora de jornalismo na Rádio Nacional.

Graças a ela fiquei ainda mais próximo do mestre Waldir 59, que em várias oportunidades brindou meu programa com aulas que só um grande sambista pode proporcionar.

Com a mudança da diretoria da Portela, Waldir voltou a sua escola do coração na qualidade de vice-presidente na administração Nilo Figueiredo.
Aos 84 para 85 anos, Waldir vive hoje as voltas com a deficiência visual, fruto da idade, mas não deixa de forma alguma de prestigiar sua escola do coração.

Se ninguém o faz, faço eu o reconhecimento e minha gratidão a um verdadeiro baluarte do samba, de um tipo que é raro de se encontrar nos dias de hoje.

Obrigado amigo Waldir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário