A passista da Portela, Nanda Coelho, ministrou no dia 10 de novembro uma oficina de samba para 30 japonesas. O inusitado foi o fato de Nanda e as 30 japonesas estarem a 18,5 mil quilometros de distância. Ou seja, Nanda estava na casa dela, em Nilópolis, e as japonesas em Tóquio. Eram 9h da manhã no Brasil e 8h da noite na capital japonesa. A distância e o fuso horário não impediram que passistas de várias agremiações japonesas se reunissem em uma estúdio de dança com internet para verem e ouvirem a passista portelense.
A primeira Oficina Virtual de Samba foi realizada pelo Consulado da Portela no Japão, com a coordenação da vice-Presidente da instituição, Kishuko Sudoh e o apoio do Departamento Cultural da Portela. O evento ocorreu no Estúdio Legace, no Bairro de Shinjuku, região equivalente à Tijuca, no Rio de Janeiro. As 30 japonesas desfilam na ala de passistas de várias escolas de samba no Japão e algumas são ou já foram rainhas de bateria. A Oficina foi realizada através de Skype e, talvez, tenha sido a primeira entre passistas dos dois países.
A Oficina começou com um vídeo de trinta minutos gravado na quadra da Portela pelo cinegrafista Paulo Henrique Souza. No vídeo de 30 minutos, Nanda mostrou passos básicos da dança do samba, além de dar algumas dicas de como evoluir em desfile. As alunas dançaram junto com as imagens do vídeo, seguindo as orientações de Nanda. Em seguida, a passista portelense foi conectada via Skype aparecendo em um telão dentro do estúdio em Tóquio. Ela dividiu as 30 japonesas em cinco grupos de seis e corrigiu o dançar de cada aluna. As participantes ficaram muito satisfeitas com o resultado, destacando a simpatia, simplicidade e a educação da “sensei” (professora em japonês).
A ideia de realizar uma oficina virtual com a Portela foi da vice-Presidente do Consulado da Portela no Japão, Kishuko Sudoh. Ela contou como conheceu Nanda e porque a escolheu para ministrar a Oficina. “Em 2014, vi vários vídeos de um concurso de passistas realizado pela “Revista Quem” da Editora Globo. Os vídeos com cada passista dançando foram postados no YouTube e me chamou atenção uma passista da Portela chamada Karla, que é o primeiro nome da Nanda. No mesmo ano estive no Rio e fui várias vezes à quadra da Portela para vê-la dançar. Mas não consegui falar com ela. Desfilei na ala de passistas do União do Parque Curicica e logo tive que retornar ao Japão. Apesar de não termos nos falado, guardei o nome dela para, numa oportunidade, perguntar se não gostaria de ensinar as japonesas a dançarem. Eu so fã da Aldione Sena e da Nilce Fran. As duas são exímias passistas, de nível muito alto para nós japonesas. Para mim, a forma da Nanda dançar era a ideal para as japonesas aprenderem”, contou Kishuko.
A vice-Presidente do Consulado da Portela desfila desde 1991 como passista no Asakusa Samba Carnival, já foi rainha de bateria e, atualmente, coordena um grupo que se chama “As Passistas”. Este grupo é formado por passistas de diversas agremiações japonesas e se reúne duas vezes por mês para estudar os passos das passistas cariocas. O nível das meninas surpreendeu Nanda, que ficou lisonjeada por ter sido escolhida para ministrar a Oficina. “Elas dançam melhor que muitas brasileiras”, disse a passista portelense, que havia feito aniversário no dia anterior à Oficina e foi parabenizada pelas participantes. Esta foi a segunda Oficina Virtual realizada pelo Consulado da Portela no Japão. A primeira ocorreu em junho com o diretor de cuícas da Portela, Arsenio. Agora o Consulado está buscando patrocinadores para realizar as oficinas em solo japonês. “Estamos trabalhando para isso”, garante Kishuko.
Fonte: www.gresportela.com.br
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