Após quase um mês de polêmicas, parecia que o arranca-rabo envolvendo a prefeitura do Rio de Janeiro e as escolas de samba já tinha acabado. Que nada! Após cortar metade da subvenção – de R$ 2 milhões passou para R$ 1 milhão -, a nova investida do prefeito Crivella, segundo alguns dirigentes do samba, é alterar cláusulas do contrato com a Liesa para aumentar a arrecadação do município em cima das agremiações.
De acordo com o presidente da União da Ilha, Ney Filardi, a estratégia da Riotur, empresa de turismo da prefeitura, é faturar em cima das sobras dos ingressos de arquibancadas, frisas, cadeiras e camarotes, e ainda nas publicidades internas e externas do Sambódromo. O dirigente da tricolor está uma fera com tal possibilidade. Para ele, Crivella quer “acabar com o Carnaval”.
– Isto quer dizer o seguinte: a prefeitura ficaria com mais dinheiro do que daria pras escolas, o que é um absurdo. E mais uma vez não cumpre o que promete. Esse prefeito está de brincadeira – reclamou Ney no Facebook oficial da União da Ilha.
“Eu tô pegando empréstimo com juros altíssimos”, reclama dirigente
Ao Sambarazzo, o presidente esbravejou ainda mais e disse que a alegação de “problemas burocráticos” usada pelo prefeito para justificar o não pagamento das primeiras parcelas da subvenção é uma “mentira”.
– Numa dessas reuniões, ele nos disse que só mudaria valores e as datas no contrato. Ele disse que não pagou por problemas burocráticos, mentira dele. Não pagou, e mudou o contrato. Eu tô pegando empréstimo em banco, com juros altíssimos. Ele quer acabar com o Carnaval – concluiu.
Durante a semana, em entrevista ao Sambarazzo, o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, também já havia apontado esse desvio no acordo firmado entre Crivella e as escolas de samba nas reuniões realizadas na sede da prefeitura em junho:
– Mais uma vez ele faltou com a verdade. A mim, sinceramente, não me pegou muito de surpresa. Ele não gosta de Carnaval. Na reunião que tivemos, ele disse que no mês de julho iria pagar as parcelas, não pagou ainda. Ele disse na reunião que não iria mudar o contrato, mas mudou.
ENTENDA O CASO
Em junho deste ano, o prefeito Marcelo Crivella anunciou um corte de 50% da subvenção direcionada às escolas de samba. A decisão gerou desdobramentos: a primeira delas foi executada pela Liesa, que chegou a suspender os desfiles da Sapucaí do Grupo Especial.
Com a fogueira acesa, sambistas chegaram a sair às ruas para se manifestar contra a redução de verba. A partir daí, o prefeito recebeu os dirigentes e não arredou o pé, mantendo o valor de R$ 1 milhão para cada escola do Especial. Poucos dias depois, os presidentes das agremiações finalizaram as negociações e ficou estabelecido que o contrato dos anos anteriores seria mantido, só com a alteração, evidentemente, das datas e dos valores.
Outro acordo era de que o pagamento da subvenção seria feito em cinco parcelas. Quatro delas de R$ 225 mil e uma última de R$ 100 mil, com o primeiro pagamento previsto para o mês de julho. Até agora, dia 31 de agosto, nenhuma das duas primeiras partes foram quitadas.
Uma luz no fim do túnel surgiu com o apoio do Governo Federal, encabeçado pelo ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão, que encampou a luta das escolas e prometeu repôr a verba perdida. Os dirigentes foram a Brasília e voltaram pra casa com a promessa dos R$ 13 milhões – R$ 1 milhão pra cada. Ainda não há previsão de quando a grana vai chegar, mas a esperança continua.
Fonte: www.sambarazzo.com.br
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