O Rio
de Janeiro, que ainda tenta dar conta das baixas deixadas pelo temporal desta
quarta, 6, é o mesmo em que artistas e outros profissionais do carnaval
amanheceram preocupados com a festa, marcada para começar em três semanas. O
aguaceiro deixou, até agora, cinco mortos, além de inúmeros transtornos, como
bolsões d’água e árvores caídas sobre vias e automóveis, além de outros
estragos. Espalhados pela cidade, os barracões das escolas de samba da Série A
foram gravemente afetados pela chuva.
Entre
as 13 agremiações, pelo menos quatro contabilizam prejuízos pós-vendaval, em
maior e menor escala. São elas: Santa Cruz, Inocentes de Belford Roxo, Alegria
da Zona Sul e Unidos de Padre Miguel. Como agravante, nenhuma delas tem
dinheiro para repor os danos: o contrato que acerta a subvenção paga pela
Prefeitura do Rio (cerca de R$ 250 mil para cada uma do grupo, 50% a menos que
em 2018) sequer foi assinado.
—
Infelizmente, enfrentamos a situação precária de alguns barracões da Série A. O
da Santa Cruz foi o mais afetado. E ainda não assinamos o contrato pra receber
a verba — informa Renato Thor, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio
(Lierj), a responsável por gerir os desfiles da Sexta e do Sábado de Carnaval.
O
dirigente afirmou ao Sambarazzo que a
cúpula da entidade vai fazer uma ronda nos barracões ainda hoje, durante a
tarde, para tentar ajudar com os reparos necessários.
Santa
Cruz vai precisar drenar água
Com
todas as alegorias que estava preparando encharcadas, a Acadêmicos de Santa Cruz
vai utilizar bombas do tipo sapo para remover a água do barracão que ocupa. A
verde e branco da Zona Oeste teve o barracão lacrado no ano passado, porque o
espaço foi comprado pela iniciativa privada. Desde então, transferiu bens e
equipamentos para um local cedido pela Porto da Pedra, na Zona Portuária.
—
A situação tá bem difícil. Vamos tentar fazer drenos e estamos contabilizando o
que perdemos. Entrou muita água no almoxarifado — relata o presidente Zezo,
fazendo referência à sala em que ficam guardados os materiais que ainda serão
utilizados na confecção de roupas e adereços de alegorias.
Unidos
de Padre Miguel ‘perdeu’ carro
Onde
funcionam os bastidores da Unidos de Padre Miguel, às margens da Avenida
Brasil, a situação também é precária. O barracão da vermelho e branco foi
destelhado pelo vento (ele chegou a uma velocidade maior que 100 km/h em outros
pontos da cidade). A abertura no teto fez com que a chuva desaguasse sobre o
segundo carro alegórico do desfile que se aproxima.
Além
disso, funcionários também tiveram que deixar o local sem energia elétrica, já
que o abastecimento foi suspenso da noite de quarta até a manhã desta quinta.
—
É muito triste estarmos na Série A e tendo que trabalhar com essas questões. E
olha que o nosso barracão não é ruim, mas fica impossível lutarmos contra a
força da natureza. Uma cachoeira desabou em cima do carro, que estava em fase
de decoração — lamenta João Vítor Araújo, que assina o espetáculo da Padre
Miguel pela segunda vez.
Inocentes ainda quer ser campeã
A
Inocentes de Belford Roxo soou o “alarme” logo cedo, quando começou a divulgar
para a imprensa o tamanho do estrago feito no barracão da escola na Avenida
Binário do Porto, nas proximidades da Cidade do Samba, onde se aprontam as
escolas do Grupo Especial.
A
tricolor da Baixada Fluminense também viu as telhas irem pelos ares na noite de
quarta e parte dos materiais (incluindo tecidos e madeira) ficou inutilizada
com a água que invadiu o lugar. Apesar do novo obstáculo de um carnaval feito
com base na criatividade e quase nenhum recurso, a escola não desiste de brigar
pelo título de campeã.
—
Mesmo que estejamos muito tristes, o sonho de sermos campeões do Carnaval não
acabou — pontua o diretor de carnaval Luiz Carlos Amâncio.
Alegria
da Zona Sul ainda não estimou perdas
Alocada
num terreno baldio desde o fim da temporada passada, a Alegria da Zona Sul só
conseguiu instalar uma tenda no local há pouco tempo, no início do ano. Mesmo
com o reforço, as alegorias da agremiação foram afetadas pela chuvarada.
Por
meio da assessoria de imprensa, a direção comunicou que ainda está
contabilizando o que perdeu, mas afirmou que os prejuízos não implicam no
desfile previsto para o início de março.
Procuradas
pelo Sambarazzo,
as outras oito escolas da Série A afirmaram que não tiveram prejuízos
significativos. São elas: Renascer de Jacarepaguá, Rocinha, Cubango, Acadêmicos
do Sossego, Unidos de Bangu, Porto da Pedra, Império da Tijuca, e Estácio de
Sá.
Vila Isabel e Mangueira
cancelaram ensaios
A
azul e branco do bairro de Noel Rosa e a verde e rosa deixaram para a próxima
quinta, 14, os ensaios de rua que fariam à noite na Avenida Boulevard 28 de
Setembro e na rua Visconde de Niterói. No texto em que o cancelamento foi
comunicado pela Vila, a escola também afirmou que se compadece da situação das
pessoas afetadas direta e indiretamente pelo temporal.
O barracão da Inocentes de Belford Roxo ficou destelhado e parte dos materiais que a escola utilizaria para produzir alegorias ficou encharcado | Fotos: Divulgação
Fonte: www.sambarazzo.com.br
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