Por Lucas Santos
A Comissão de Carnaval da Câmara dos Vereadores tentou, mais uma vez, convocou órgãos e abriu audiência pública no salão nobre da Câmara Municipal, mas de novo nenhuma solução concreta foi apresentada para uma dezena de dificuldades apresentadas por foliões, presidentes de ligas de escolas de samba e blocos, representantes de agremiações, pesquisadores do tema e amantes do carnaval.
Na mesa da audiência estavam presentes dois representantes da Riotur: Marcelo Veríssimo, diretor de operações, e Val Coelho, gestora de blocos. Também estavam presentes na direção do debate o presidente da comissão, o vereador Tarcísio Motta e o deputado estadual, Eliomar Coelho, presidente da Comissão de Cultura da Alerj. O prefeito Marcelo Crivella não compareceu e o gabinete do chefe do executivo municipal nem ao menos respondeu o convite para o debate, segundo Tarcísio Motta.
Depois de mais de três horas de reunião, a comissão conseguiu apenas o compromisso da realização de mais uma reunião com a Riotur dessa vez na sede do empresa, além da criação de um documento produzido pela entidade com respostas aos questionamentos realizados durante a audiência. O vereador Tarcísio Motta, que preside a Comissão há três anos, desde que foi criada, desabafou sobre a dificuldade de avanço do tema.
“É o terceiro ano que eu presido essa comissão e é o terceiro ano que nós chegamos as vésperas do carnaval sem respostas para discutir o que está faltando. Isso não é responsabilidade dos funcionários de carreira, isso é uma responsabilidade política da prefeitura que continua a perseguir o carnaval carioca, que não faz entender as razões econômicas, mas mesmo que não gerasse um centavo para essa cidade, não é possível que não se entenda a história do carnaval, o carnaval como cultura, uma identidade. Porque a fosse só por isso, e não é, ainda sim nós teríamos que ter a essa altura um posicionamento da prefeitura. Essa audiência não deveria nem ter existido. A prefeitura já tinha que ter resolvido”.
Durante a audiência foi aberta a fala para que os interessados pudessem expor seus pontos de vista sobre o problema e colocar questões para a mesa. O presidente da Liesa Jorge Castanheira mostrou preocupação em relação à situação do Sambódromo e questionou as posições tomadas pelo prefeito Marcelo Crivella.
“No carnaval passado, na sexta feira, às 16h30/17h foi que conseguimos liberar o Sambódromo da interdição, e é preocupante para o próximo ano. O objetivo nosso é que o Sambódromo esteja preparado como equipamento com antecedência para receber um belo carnaval. Isso não tem acontecido porque as escolas de samba de um tempo para cá tem sido asfixiadas pelo poder público. Nós sabemos que a prefeitura passa por problemas financeiros, mas não entendemos o prefeito negar recursos públicos para as escolas e depois gastar esses recursos com propaganda para falar mal do nosso evento, que é o maior evento do país, apresentando ideias de que o carnaval não dá lucro confrontando com dados da Fundação Getúlio Vargas que falam do sucesso financeiro da festa para a prefeitura”.
Já o presidente da Lierj Wallace Palhares questionou o não pagamento de partes de verbas referentes a carnavais passados quando ainda havia o acordo de subvenção da prefeitura.
“A gente não entende porque ainda não foram depositados valores a respeito da subvenção do carnaval anterior que nós havíamos acertado tudo. São percentuais referentes a 2019 e 2018 prometidos que não chegaram. Nós propomos a questão dos portões abertos, nós abrimos mão da cobrança de ingresso. Fizemos a proposta e não obtivemos resposta. Pra gente fica muito claro que há uma proposta ideológica de acabar com o carnaval”.
Sem conseguir dar uma resposta concreta para a maioria das questões apresentadas no debate, Marcelo Veríssimo apresentou posicionamentos da Riotur a respeito dos questionamentos realizados pelos presidentes da Liesa e Lierj.
“Nós orientamos o presidente Wallace Palhares a conversar com a Liesa sobre essa possibilidade de gratuidade no desfile da Lierj, pois a Liesa é detentora do espaço por contrato e ninguém melhor que ela para orientar o presidente de como utilizar o espaço. Em relação a verba que ainda não saiu de anos anteriores, pendências de anos atrás que ainda não foram sanadas, porque a prestação de contas ainda não fechou. Ela (a prestação) foi para a Riotur, está sendo analisada e os presidentes da escolas de samba são chamados a Riotur, tem análise de documentos, então esse processo vai se arrastando mas vai ser concluído. Em relação ao Sambódromo já foi liberado o dinheiro pelo prefeito para o que ele chama de obras emergenciais. Serão 8 milhões para resolver os processos que nós temos com o Corpo de Bombeiros e o MP e isso será realizado pela Riourbe”.
Sobre a subvenção, Marcelo se limitou a responder sobre a situação da Intendente Magalhães.
“As escolas de samba da Intendente Magalhães vão ter um aumento de 100% em relação à verba do ano passado. Esse crédito está na parte administrativa do ministério da Fazenda e a qualquer hora vai sair. Mas ele virá sim”.
O relatório da Comissão de Carnaval da Câmara de Vereadores vai ser apresentado no dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, com uma grande roda de samba nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, sede do legislativo municipal.
Fonte: www.carnavalesco.com.br
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