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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Portela repete dose e filhas de estrelas voltam a ser musas



Clarisse e Cecília, herdeiras de João Nogueira e Paulinho da Viola, serão destaques na Sapucaí


Angélica Fernandes
 

Rio - Elas são muito mais do que mulheres bonitas. O samba no pé e o carisma viram meros detalhes diante da dedicação e amor pela Portela. Também pudera, já nasceram com o sangue azul e branco nas veias. Filhas de dois dos maiores sambistas da história e portelenses doentes, Clarisse Nogueira, do saudoso João Nogueira, e Cecília Rabello, de Paulinho da Viola, serão as musas da escola pelo segundo ano seguido. 


Fugindo do rótulo de gostosonas, elas são reconhecidas na Portela pelo trabalho que desempenham ao longo do ano. Com a função voluntária de promotora de eventos, Cecília e Clarisse topam tudo para ajudar a agremiação. “Até se me chamarem para limpar banheiro eu vou”, conta Clarisse. Em todas as feijoadas, festas e ensaios lá estão elas. Aliás, o pré-carnaval é a fase em que Madureira se torna a casa da dupla. “Estamos lá a qualquer hora do dia”, declara Cecília, vizinha do pai no Itanhangá. “Levo horas do Recreio (onde mora) a Madureira, mas vou com muita satisfação”, completa Clarisse. 



No barracão, elas são gente da gente. “Não tem essa de glamour por ser musa”, conta Clarisse. A simplicidade e carisma que ambas adquiriram vem de berço, assim como o amor pela Portela. “Fomos criadas em rodas de samba. Nossos pais vieram do subúrbio e nos ensinaram a viver com muita humildade”, comenta Cecília.

No desfile do ano passado, cujo enredo foi Madureira, a dupla veio em alas diferentes que homenageavam Paulinho e João. Neste carnaval, elas virão no mesmo setor, sobre blocos e escolas de samba. A fantasia de Clarisse será inspirada no Bafo da Onça e a de Cecília, no Cacique de Ramos. E quem pensa que o figurino será indiscreto, errou feio. 


“Não é nada apelativo. É claro que tem uma sensualidade mas o objetivo da escola não é expor nosso corpo”, explica Clarisse. Mas até que poderia, afinal as musas estão com tudo em cima. Aos 33 anos e com um filho de 8, Cecília desbanca muita mulher por aí. “Faço musculação, corro na praia, pego onda e ando de bicicleta”, detalha a filha de Paulinho. Sobre o assédio dos homens, a dupla garante estar preparada. “Tem piadinhas sim, mas quando falamos de quem somos filhas, a coisa muda”, entrega Clarisse.

Monarco fez o convite pessoalmente
 
Quando vê Monarco, Clarisse pede bênção. Mesmo não sendo seu padrinho, ela se sente afilhada do presidente de honra da Portela. “Meu pai o chamava de cumpadre. Por isso passei a chamá-lo de padrinho”, diz. O convite para repetir a dose de musas foi feito por Monarco. 

“Elas (Cecília e Clarisse) são a cara da Portela”, revela o sambista, entusiasmado com a nova direção da escola. “A Portela está com outra cara. Não será aquela águia tuberculosa do ano passado. Vejo todo mundo entrosado e trabalhando com alegria”, declara. 

Na última terça, Monarco recebeu uma sala exclusiva no barracão. Nela sala, uma bandeira feita por Dodô da Portela, escrito ‘presidente de honra’, foi emoldurada. Monarco lança seu CD de inéditas em março. Das 13 canções, uma é da década de 40, quando tinha 8 anos.

A advogada e a percussionista
 
Mesmo com toda a dedicação à Portela que aprenderam a amar desde pequenas, Clarisse e Cecília têm as suas profissões fora do carnaval — e não abrem mão delas. A filha de João Nogueira é advogada há oito anos e atualmente dá expediente em uma agência de comunicação, no Centro do Rio. 

Mas quando consegue uma folguinha, ela corre para quadra da azul e branco de seu coração. “Quando tem festa lá, sou eu quem fiscalizo tudo. De banheiro até o camarim dos artistas”, revela. Já Cecília, que é formada em administração, trabalha como percussionista na banda do seu pai e, há 15 anos, ajuda na produção dos shows dele. 

No momento, além do carnaval da Portela, a musa está envolvida com a nova turnê de Paulinho da Viola, que começa em agosto. “Nós vamos viajar o país inteiro para levar o show de 50 anos do meu pai”, revela a orgulhosa Cecília, que toca tamborim, pandeiro, reco-reco, ganzá, e bongô nos shows. “Meu pai não levava fé em mim como percussionista, mas aprendi tudo com a banda dele”, encerra.

Fonte: O Dia na Folia



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