(Para a estrela maior da Portela, com gratidão e afeto)
É preciso agradecer. Essa foi uma lição de Dona Dodô. É preciso admirar. Outra lição de nossa Dama. É preciso se encantar, e Dona Dodô se enamorou pela Portela, ainda menina, e a Portela acabou também encantada, para sempre vivendo em Dona Dodô. A menina de 1935 conservou em sua memória, em seu coração, por toda a vida, uma história de glórias de um passado lindo. Não vamos dizer que tudo isso morreu com Dona Dodô, não vamos falar apenas da saudade, que já é muita. Vamos falar de uma princesa negra, encantada, que transformou em lição de amor a aprendizagem que deixa como herança a ser recebida e conservada por todos os portelenses.
Como em um conto de fadas, Dodô foi a nossa princesa, no “era uma vez” da fábula portelense. De princesa, passou à rainha: rainha-mãe, rainha avó, rainha eterna. Ela nos ensinou a agradecer. E nós, que esquecemos sempre de agradecer, precisamos, neste momento, falar do privilégio de termos sido súditos de Dona Dodô. Precisamos dizer “obrigado, Dona Dodô”: pela menina que, burlando a lei, empunhou a vitoriosa bandeira de 1935, e a defendeu em 11 dos 21 títulos da Escola, inclusive no heptacampeonato; pela Porta-Bandeira intuitiva, talentosa, generosa e apaixonada que foi; por ter eleito a Portela a escola de seu encantamento, por tê-la tão bem defendido; por ser para sempre eterno baluarte da escola, membro ilustre da galeria portelense; por ter estado à frente da bateria da escola, brincando de rainha; por comandar a famosa Ala das Damas; por sua dignidade em quadra, por sua perseverança.
Dona Dodô foi uma vitoriosa, e essa homenagem em forma de crônica só pode ter como forma a alegria, pois ela não gostava do luto, me conta o portelamorense José (Zé). Ela, que tanto admirava a arte das Porta-Bandeiras e as tratava como rainhas, mereceu de Selminha Sorriso essas palavras: “na verdade, Dona Dodô é que era a rainha”. Na corte do samba, a admiração de Selminha por Dodô retribui, em espelho, a admiração de Dodô por todas as que defendem o pavilhão de suas escolas.
Dodô está definitivamente encantada. Habita o céu azul e branco que tanto ajudou a colorir. Voa com a águia o seu derradeiro vôo. Em nós, fica uma lacuna. Mas há também presença. Uma presença transbordante, que excede a morte e o tempo. Então, essa presença é real.
Que o poder público saiba preservar a memória de Dona Dodô, cuja casa é também um museu, a Casa de Dona Dodô. Que nós, portelenses, aprendamos a lição dada por ela, do amor incondicional. Essa é a grande homenagem: cuidar da memória de quem tanto zelou pela história do samba e da Portela; amar como ama o amor, epígrafe e lema de nossa torcida, a Portelamor.
Em crônica que escrevemos em homenagem à Dona Dodô, em 25 de janeiro de 2014, falávamos dos 94 anos de vida da nossa Porta-Bandeira. Dizíamos naquele texto que “essa mulher extraordinária” construiu “uma história que, por si só, já daria um belo romance”. Talvez seja essa a definição da passagem de Dona Dodô pela terra: um romance, que se encerra agora, com o ponto final, mas um final feliz, já que todo romance guarda em si um mundo, pronto para ser lido e relido, redescoberto em cada leitura, aventura de descobertas.
As futuras gerações lerão o romance que Dodô escreveu no chão das passarelas do samba, e assim a tornarão presente, em ausência. Neste janeiro de 2015, estamos nos despedindo do corpo físico de Dona Dodô. Agradecidos, já com saudade e plenos de admiração, não diremos adeus, diremos: até breve, eterna Porta-Bandeira.
Como em um conto de fadas, Dodô foi a nossa princesa, no “era uma vez” da fábula portelense. De princesa, passou à rainha: rainha-mãe, rainha avó, rainha eterna. Ela nos ensinou a agradecer. E nós, que esquecemos sempre de agradecer, precisamos, neste momento, falar do privilégio de termos sido súditos de Dona Dodô. Precisamos dizer “obrigado, Dona Dodô”: pela menina que, burlando a lei, empunhou a vitoriosa bandeira de 1935, e a defendeu em 11 dos 21 títulos da Escola, inclusive no heptacampeonato; pela Porta-Bandeira intuitiva, talentosa, generosa e apaixonada que foi; por ter eleito a Portela a escola de seu encantamento, por tê-la tão bem defendido; por ser para sempre eterno baluarte da escola, membro ilustre da galeria portelense; por ter estado à frente da bateria da escola, brincando de rainha; por comandar a famosa Ala das Damas; por sua dignidade em quadra, por sua perseverança.
Dona Dodô foi uma vitoriosa, e essa homenagem em forma de crônica só pode ter como forma a alegria, pois ela não gostava do luto, me conta o portelamorense José (Zé). Ela, que tanto admirava a arte das Porta-Bandeiras e as tratava como rainhas, mereceu de Selminha Sorriso essas palavras: “na verdade, Dona Dodô é que era a rainha”. Na corte do samba, a admiração de Selminha por Dodô retribui, em espelho, a admiração de Dodô por todas as que defendem o pavilhão de suas escolas.
Dodô está definitivamente encantada. Habita o céu azul e branco que tanto ajudou a colorir. Voa com a águia o seu derradeiro vôo. Em nós, fica uma lacuna. Mas há também presença. Uma presença transbordante, que excede a morte e o tempo. Então, essa presença é real.
Que o poder público saiba preservar a memória de Dona Dodô, cuja casa é também um museu, a Casa de Dona Dodô. Que nós, portelenses, aprendamos a lição dada por ela, do amor incondicional. Essa é a grande homenagem: cuidar da memória de quem tanto zelou pela história do samba e da Portela; amar como ama o amor, epígrafe e lema de nossa torcida, a Portelamor.
Em crônica que escrevemos em homenagem à Dona Dodô, em 25 de janeiro de 2014, falávamos dos 94 anos de vida da nossa Porta-Bandeira. Dizíamos naquele texto que “essa mulher extraordinária” construiu “uma história que, por si só, já daria um belo romance”. Talvez seja essa a definição da passagem de Dona Dodô pela terra: um romance, que se encerra agora, com o ponto final, mas um final feliz, já que todo romance guarda em si um mundo, pronto para ser lido e relido, redescoberto em cada leitura, aventura de descobertas.
As futuras gerações lerão o romance que Dodô escreveu no chão das passarelas do samba, e assim a tornarão presente, em ausência. Neste janeiro de 2015, estamos nos despedindo do corpo físico de Dona Dodô. Agradecidos, já com saudade e plenos de admiração, não diremos adeus, diremos: até breve, eterna Porta-Bandeira.
Post-Scriptum: na crônica de 25 de janeiro de 2014, escrevemos alguns versos, singelos, porém sinceros, para nossa querida Dodô. Em homenagem a ela, os reproduzimos:
Águia negraAve rara
Sangue Azul
E branca saia
Sangue Azul
E branca saia
Poema que anda
Saudade que dança
Memória que baila
Tristeza que cala
Saudade que dança
Memória que baila
Tristeza que cala
Das dores de um carnaval
Magia lúcida e imortal
Envolta em manto divino
Guerreira de sangue real
Magia lúcida e imortal
Envolta em manto divino
Guerreira de sangue real
Rogai por nós, Mãe Maria
Rezai pelo Pavilhão
Que ergueste com tua mão
Na glória de um belo dia
Rezai pelo Pavilhão
Que ergueste com tua mão
Na glória de um belo dia
Pois tudo é teu, Mãe Senhora
De todos nós a primeira
A eterna e a derradeira
Rainha de nossa história
De todos nós a primeira
A eterna e a derradeira
Rainha de nossa história
Paulo Oliveira ::: Portelamor
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