Novos jurados de samba-enredo não acreditam que pré-julgamento antes do desfile influencie nas notas

Por Guilherme Ayupp

Os olhares do mundo do samba estarão certamente bem atentos no quesito Samba-Enredo, uma vez que houve a mudança dos quatro julgadores do grupo Especial em relação a 2014, apesar da boa avaliação da crítica acerca deste quesito no último carnaval. A reportagem do CARNAVALESCO ouviu os responsáveis por julgar o quesito este ano. E segundo eles, o pré-julgamento não influencia nas notas do quesito no dia do desfile.

Felipe Barros é músico e vem desenvolvendo uma tese de mestrado acerca dos processos criativos de ritmistas das escolas de samba. Segundo ele, o quesito é um dos mais técnicos da folia. - É só seguir o manual do julgador. É uma avaliação que independe de gosto ou opinião. Um samba bem gravado no CD, nem sempre rende bem no desfile e por isso perde ponto - explicou o novo julgador.

Para o baixista Clayton Oliveira, a safra de 2015 tem qualidade suficiente para um bom nível de desfiles. - Sem citar samba de A ou B, acredito que as letras estão muito boas, com o enredo bem explicado, menos abstratas. É preciso muita atenção com o andamento dos sambas na avenida - ponderou.

'Evolução precisa ser espontânea', pede jurada

Um dos mais polêmicos quesitos do julgamento é Evolução. Para muitos sambistas o quesito é o responsável pela "militarização" das escolas de samba, com alas excessivamente organizadas. A jornalista Paola Novaes vai para seu segundo ano no júri e faz um alerta às escolas. - Não são necessárias aquelas fileiras todas certinhas, isso é carnaval. A Evolução deve ser fluente sim, mas com entusiasmo e alegria. Isso é carnaval - pediu Paola.

Uma das mais experientes julgadoras, Sônia Gallo salienta que o quesito não analisa apenas fluência dos desfilantes. - Julgamos isso também, claro. Se houve correria ou excesso de lentidão. A questão dos buracos, mas a sincronia entre o canto e a dança também são pontuadas no quesito - disse Sônia ao CARNAVALESCO.

Jurados de Harmonia de olho no desempenho do carro de som

Os cursos oferecidos pela Liesa aos jurados são franqueados à participação das escolas, que sempre enviam presidentes, diretores de carnaval e harmonia e outros responsáveis pelos quesitos. Entretanto no dia do curso de Samba-Enredo e Harmonia, nenhum cantor se fez presente na sede da Liga. A julgadora Míriam Orofino Gomes diz que o trabalho do carro de som tem interferência direta no quesito. - Eu já tirei ponto de escola devido ao mal desempenho do carro de som, às vezes as vozes não se completam e a Harmonia é sim prejudicada - afirmou Míriam à reportagem do CARNAVALESCO.

O engenheiro e músico Humberto Fajardo veio da Série A, onde julgou o quesito Harmonia nos dois últimos carnavais. Segundo ele não basta cantar o samba. - Deve haver uma fluência do canto, se os desfilantes estão entoando toda a obra, não apenas os refrões. E o puxador precisa estar no mesmo tom, não pode haver atravessamentos - explica Fajardo. 

Fonte: www.carnavalesco.com.br