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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Presidente da Liesa revela fim da cabine dupla e diz que regulamento sofrerá ajustes em prazos e recursos

Por Guilherme Ayupp

O presidente da Liesa Jorge Castanheira concedeu entrevista para o site CARNAVALESCO em que fez um grande balanço do Carnaval 2017, projetando mudanças para o próximo ano. A conversa se deu após o encerramento da quarta edição da feira Carnavália-Sambacon e da realização do sorteio da ordem de desfiles para o Carnaval 2018. Castanheira disse, dentre outras coisas, que não deve repetir a experiência com a cabine dupla e que o regulamento deve ser mais específico com relação aos prazos de entrega para as informações dos desfiles no livro abre-alas, além dos recursos após o resultado, afim de evitar o imbróglio que definiu pela divisão do título de 2017.

– Qual a análise da Liesa sobre a cabine dupla?

“Não vamos repetir. Voltaremos às cabines nos setores 3, 6 e 8 e 10, como era antes. Aquele formato experimental para ter menos paradas não deu certo, pois desprestigiou os setores 8 e 9”.

– Qual será o tempo máximo e mínimo de desfile?

“Mesmo com as paradas reduzidas com a abolição das cabines duplas vamos manter o tempo máximo em 75 minutos”.

– Muita gente fala que dentro da plenária o clima não é mais amistoso entre os dirigentes. Que tem o grupo do Capitão e o grupo do Anísio. O que de fato existe?

“O clima não tem nada de tenso dentro da Liga. Trouxemos o sorteio para a Carnavália, quem pode acompanhar viu que há uma relação muito amistosa entre as escolas. Não visualizo isso de grupos não. O ambiente é ótimo. Eu não era a favor do não rebaixamento, pois desestabiliza o formato. Dentro de tudo que aconteceu acredito que vai causar um fortalecimento do carnaval do ano que vem. Anísio é uma pessoa expansiva e apaixonada, o Capitão é mais ponderado. Seu Luis fica no meio termo disso. Ouço todos os presidentes sempre”.

– O regulamento e o manual do julgador de 2018 vão passar por profundas transformações ou a crise econômica acabou deixando isso em segundo plano?

“Vamos ter que estabelecer um prazo limite para o material para o livro abre-alas e com relação aos recursos que as escolas podem impetrar se não concordarem com o resultado e justificativas”.

– Escolas vão saber quando número máximo e mínimo de alegorias?

“Mesma coisa do regulamento deste ano. Mínimo de cinco e máximo de seis alegorias com um acoplamento”.

– Já foi cortado o número de desfilantes em 2017 acha que é realmente necessário cortar mais para 2018?

“Não deve haver nada significativo, pois realmente já houve um corte para 2017. Cada escola sabe o melhor para o seu desfile. Tudo está sendo avaliado por cada agremiação”.

– A Lei Rouanet está aprovada para os ensaios técnicos? Com empresas interessadas em utilizar a lei os ensaios técnicos acontecem?

“Se Deus quiser. Precisamos de R$ 4 milhões que estão em análise pela lei. Se forem captados e conseguirmos receber, temos até novembro para decidir isso. Dependerá muito do mercado. O PIB não cresceu e teve queda de 0,5% e isso impacta nos negócios. As empresas que nos ajudarem irão expor no Sambódromo. Sem esses recursos pelo caixa da Liga não temos como realizar os ensaios técnicos”.

– É possível pensar em um plano de marketing para o Grupo Especial que saia de dentro da Liesa para os próximos anos?

“Pode até ser, mas na medida que as empresas estão demitindo, o mercado publicitário está defasado, os grandes jornais e rádios em crise. Não vejo plano de marketing como solução. Já tivemos 15 empresas ajudando o carnaval sem plano em uma época áurea. É uma questão de reaquecimento de mercado. Isso não se resolve do dia para a noite”.

– Roberto Medina tem interesse no carnaval?

“Eu já estive com ele em algumas ocasiões e já me coloquei à disposição. Acho que todos que puderem vir para somar conosco são muito bem-vindos. Não sei como seria o modelo”.

– A Riotur já garante 8 telões e mais o novo sistema de iluminação. O que isso vai mudar para as escolas em termos de competição dos desfiles? E o som?

“Isso não muda em termos de desfiles, é um incremento para o público. Mas eu penso que primeiro precisamos fazer um arroz com feijão bem temperado e gostoso antes de buscar outras coisas. O som já resolvido nem é citado mais pela prefeitura”.

– Qual o seu balanço da feira Carnavália-Sambacon?

“Feliz e ao mesmo tempo sentimos muita falta do nosso parceiro que é o Elmo. Ele está se recuperando de uma cirurgia e não pode comparecer. O que nos deixou um pouco mais seguros foi que nesse caso do sorteio a equipe da AMI7 nos ajudou bastante. Acho que as escolas precisam estar presentes com stands e a Lierj não ter colocado seu espaço também acabou esvaziando a presença de representantes das escolas da Série A. Esperamos que no próximo ano participem”.

– Sobre segurança dos carros alegóricos o que já foi feito para 2018?

“Estamos trabalhando junto com o Inmetro e outras organizações tentando melhorar esse trabalho de normas e procedimentos dos barracões. O que ocorreu foi uma fatalidade, como as escolas poderiam prever? No caso da Tijuca uma empresa contratada e um funcionário não colocou a trava. As escolas precisam também entender o nível de responsabilidade na condução de alegorias. É necessário ter pessoas com experiência para operar. Com relação à segurança do Setor 1 vamos ter que limitar as credenciais ali e talvez criar um corredor seguro para a imprensa”.

– Qual lição que fica de toda essa crise envolvendo o carnaval e a prefeitura?

“Me sinto um pouco desgastado. Não precisa disso e poderia ter sido feito de uma forma menos traumática, seja para o prefeito quanto para o carnaval. Precisamos uns dos outros. Sozinho não fazemos carnaval e o poder público também necessita para captação. Aconteceu, mas não faremos um cavalo de batalha. Não entendi a ausência da Riotur no sorteio. Isso é um sinal de que precisamos dialogar mais e melhor. A Liga está disposta a ouvir críticas e a melhorar, sem de maneira nenhuma acusar este ou aquele”.

– Além do ISS, o que mais poderia ser pensado como incentivo para o carnaval?

“Isso demanda um tempo maior para ser pensado. Não do ponto de vista da prefeitura, mas do governo federal ou estadual. Planejar um modelo que não deixa a prefeitura sobrecarregada. Outras esferas de governo também lucram bastante com os desfiles das escolas de samba”.

– A questão da taxa do turismo revertida para o carnaval nos mês de janeiro e fevereiro pode ser viável e acredita que um dia será colocada em prática?

“Não vejo como o melhor caminho. Já fui informado que a taxa é facultativa. Se fosse obrigatória deveria ir para o caixa da prefeitura como um todo. Temos que repensar neste momento”.

– Muita gente bate na tecla da falta de liderança política do carnaval na câmara municipal, estadual e até em Brasília. Como mudar esse panorama?

“Para ser sincero quando precisei dos vereadores como foi agora eles abriram as portas para o carnaval e só tenho a agradecer. A Liga é suprapartidária. O diálogo é sempre positivo”.

– O presidente Jorge Castanheira trabalha muito e agora que vai ser papai sabe que terá que delegar mais. É seu último mandato na Liga? Quais seriam as pessoas que você indicaria para o posto?

“Ser pai é uma bênção pelo que me dizem. Eu não queria ser precipitado em dar nenhum tipo de veredito. Há dois anos atrás talvez não devesse recorrer. Mas olha a importância dessa união entre os diretores agora? Tenho que ter prudência nessa hora, minha vida vai mudar e buscarei me adaptar. Não tenho essa pretensão de indicar alguém. Prefiro aguardar para responder concretamente essa pergunta. A eleição na Liga é em maio de 2018”.

– Qual o balanço do resultado do sorteio?

“Me senti muito feliz por ter corrido tudo bem por ser uma situação nova. Todos foram parceiros e entenderam. Sambistas importantes presentes. Esse respeito é que faz o carnaval dar certo. Ainda não consegui assimilar o equilíbrio de forças nos dois dias. Mas acho que já dá para projetar algumas situações. A Mocidade não quis trocar à toa, uma intenção de voltar a ser forte. Ser a última é um desafio grande”.


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