A Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj) comunicou na noite desta terça-feira (31) mais um corte no Carnaval 2018. Dessa vez, em relação às escolas da Série A – grupo de acesso da folia carioca. A entidade divulgou uma carta aberta à população do Rio de Janeiro, assinada pelas 13 agremiações, onde informa que a prefeitura da cidade decidiu reduzir em 50% a verba de incentivo cultural destinada às escolas de samba pertencentes a esse grupo.
A partir de agora, cada agremiação receberá 400 mil de subvenção. Para o Carnaval 2017, o valor foi de 800 mil. A Lierj ressaltou que o valor dessa verba representa aproximadamente 80% dos recursos financeiros que são utilizados na realização do desfile.
VEJA A CARTA DA LIERJ:
Carta aberta à população do Rio de Janeiro
Prezado cidadão do Rio de Janeiro,
Hoje, infelizmente, parece que o Carnaval perdeu a importância como propulsor da cultura popular, do turismo e da geração de renda para a cidade do Rio de Janeiro. A Prefeitura, visando cortes de verbas, tenta podar uma das poucas fontes de alegria e exaltação de um povo que enfrenta dificuldades em todos os setores da sociedade.
A exatos 101 dias dos desfiles, as escolas de samba da Série A receberam o comunicado da Prefeitura de que haverá redução de 50% da verba de incentivo cultural para o Carnaval de 2018. Ressalta-se que o valor dessa subvenção representa aproximadamente 80% dos recursos financeiros que são utilizados para a realização do desfile.
O revés chega em um momento onde o nível do espetáculo atingia patamares crescentes de qualidade, elogiados tanto pela mídia quanto pelo público que acompanha os desfiles, seja no Sambódromo ou pela televisão. Muito além dos 55 minutos apresentados na avenida, cada uma das 13 escolas engloba o sustento, o lazer e a motivação de milhares de pessoas. Trabalhadores humildes emprestam um pouco da arte e do talento para que um enorme espetáculo cultural possa encantar cariocas e turistas.
Mesmo assim, vamos manter a cabeça erguida. Apesar de toda preocupação, temos a certeza de que as pessoas jamais deixarão de acreditar no Samba. Partilhamos da tese de que é ele o melhor remédio para as angústias e problemas do cotidiano.
Os memoráveis representantes da velha-guarda continuarão colocando as vestimentas impecáveis, enquanto os ritmistas seguirão os incansáveis ensaios para que o samba fique na cadência perfeita para embalar a dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira que tão bem reverencia o pavilhão de cada agremiação. Não podemos esquecer, ainda, das nobres mães baianas, que tratam cada folião como um verdadeiro filho.
Quem diria que o Samba, um dia, seria considerado o “Maior Espetáculo da Terra”, atraindo mais de 2 milhões de turistas para a cidade no período? Não se olvide que o Carnaval, representado pelas escolas de samba, é mais do que um produto cultural de consumo interno. Ele é propulsor de uma rica indústria criativa, que tem nas agremiações e na cultura carnavalesca verdadeiros bens de exportação, valoráveis do ponto de vista do turismo, geradores de incremento na renda circulante, de investimentos na cidade e de grande visibilidade institucional.
O Carnaval, sem sombra de dúvidas, é a festa popular que causa maior impacto positivo na economia da cidade do Rio de Janeiro, injetando e fazendo circular milhões de reais todos os anos, pois, além de elevar as taxas de ocupação do setor hoteleiro, desenvolve a produção e o lucro de outros setores, como comércio e serviços.
Em síntese, o Carnaval da Série A é realizado graças ao enorme esforço, criatividade e dedicação de profissionais que transformam o amor pelo samba em verdadeiras obras de arte populares. Cada fantasia finalizada gera uma felicidade incalculável para uma família, uma vez que a grande maioria é destinada gratuitamente para a comunidade. Não são raros aqueles que aguardam ansiosamente o ano inteiro pelo dia do desfile para que possam, ao mesmo tempo, brincar e se orgulhar de defender a escola do coração na busca pelo campeonato. No desfile, não existe coadjuvante. Cada membro é peça fundamental na história contada pela agremiação!
Temos a certeza de que, independentemente de qualquer obstáculo, não vamos deixar o povo na mão. Cada integrante vai desfilar com ainda mais garra e dedicação para mostrar a força que representa o pavilhão. Todos estarão unidos para garantir, seja em 2018 ou nos próximos quatro anos, a nota 10 em quesitos fundamentais, como o respeito, a arte, a cultura, o trabalho, o lazer e, principalmente, a emoção.
O samba pode até agonizar, mas, jamais irá morrer.
Atenciosamente,
Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIERJ)
G.R.E.S. Unidos do Viradouro
G.R.E.S. Estácio de Sá
G.R.E.S. Unidos de Padre Miguel
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra
G.R.E.S. Acadêmicos da Rocinha
G.R.E.S.E. Império da Tijuca
G.R.E.S. Acadêmicos do Cubango
G.R.E.S. Inocentes de Belford Roxo
G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá
G.R.E.S. Acadêmicos do Sossego
G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz
G.R.E.S. Alegria da Zona Sul
G.R.E.S. Unidos de Bangu
OBS: Assinam a carta todas as 13 agremiações da Série A. A original desta, com as devidas assinaturas, encontra-se na sede da entidade.
Fonte: www.srzd.com
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