O drama das escolas de samba da Série A segue
longe de chegar ao fim. Mesmo tendo protocolado o pedido para a cessão de um terreno na Avenida Brasil, no bairro do Caju, com o objetivo de abrigar ali, em
caráter de urgência, as agremiações que estão sem barracão do grupo, a Lierj
não foi atendida pela Prefeitura do Rio. De acordo com nota da Riotur, o espaço
pretendido será usado para a construção de condomínios do “Minha Casa, Minha
Vida”.
A notícia não agradou nem um pouco o presidente da Liga das Escolas de
Samba do Rio de Janeiro, Renato Thor. O dirigente esteve conversando esta semana
com o presidente da Riotur, Marcelo Alves, e reclamou da falta de
posicionamento da administração municipal para resolver os problemas da Série
A.
– Nós protocolamos todos os documentos que eles pediram e agora estão
dizendo que vai ser construído ali um condomínio. Isso não se faz – declarou
Thor.
De acordo com a Riotur, um novo terreno de no mínimo 10 mil metros quadrados está sendo procurado, mas a entidade ainda não especificou em que local seria.
– Falaram que seria um espaço na Avenida Presidente Vargas (no Centro do
Rio), mas não deram nenhum prazo para que o caso seja solucionado. Também nem
nos deram um plano alternativo para que as agremiações pudessem iniciar os
trabalhos pra 2019. Enquanto isso, as escolas seguem sendo despejadas ali do
Porto – desabafou Renato Thor.
Até o momento, Alegria da Zona Sul, Inocentes de Belford Roxo,
Acadêmicos de Santa Cruz e Sossego foram despejadas dos barracões que ocupavam
na Zona Portuária do Rio. Dessas, somente a Inocentes conseguiu um novo local
provisório para a construção do Carnaval 2019. O presidente da Santa Cruz chegou a afirmar que sem
barracão não irá desfilar no ano que vem.
Em
decisão liminar concedida pelo desembargador Plinio Pinto Coelho Filho, da 14ª
Câmara Cível da Comarca da Capital, foi suspensa a decisão anterior da 10ª Vara
Cível que determinava o despejo imediato da
Porto da Pedra do espaço em que fabrica os desfiles há vários anos. No mês
passado, a agremiação de São Gonçalo viu o barracão ser atingido por um
incêndio. Três alegorias foram perdidas.
O
fogo, aliás, já atingiu em cheio outras escolas do grupo. A Renascer de Jacarepaguá sofreu com incêndios pelo
menos duas vezes durante a preparação para o desfile de 2018. O
antigo barracão usado pelo Império da Tijuca pegou fogo no último mês de maio.
Logo após
o Carnaval deste ano, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto
(CDURP), órgão municipal vinculado à própria Prefeitura do Rio, retomou um
terreno onde ficava o barracão dividido entre Alegria da Zona Sul, Sossego,
Cabuçu, além de outras escolas mirins. A área onde ficava a Inocentes e a Santa
Cruz também foi devolvida. Em tais locais, a possibilidade mais forte é que
sejam construídos empreendimentos imobiliários.
Leia na íntegra a nota da Riotur sobre o caso:
“A
Riotur vem mantendo diálogo permanente com os demais órgãos da Prefeitura do
Rio para viabilizar o espaço necessário para comportar os barracões das
agremiações da Série A, representadas pela Lierj.
A
proposta inicial de ocupação de um terreno na Avenida Brasil foi descontinuada
em virtude de uma ordem judicial que determinou a instalação de um condomínio
do projeto Minha Casa, Minha Vida no local. Em conjunto com as pastas
competentes, seguimos em busca de um terreno que atenda à demanda de metragem
mínima de 10 mil metros quadrados e esteja disponível.
Sendo
o Carnaval o maior evento turístico da cidade, com grande impacto econômico e
relevância cultural, a Riotur não mede esforços para solucionar esta questão,
não apenas de forma temporária, mas em caráter definitivo, extinguindo a
demanda preponderante da Lierj, que vem sendo postergada por gestões anteriores
da Prefeitura do Rio”.
*Foto de capa: Reprodução Google Maps
Fonte: www.sambarazzo.com.br
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