Por Simone Fernandes
Criada em 2003 e responsável pela febre das rodas de samba com feijoada nas quadras das escolas de samba cariocas nos últimos anos, a Feijoada da Família Portelense não contará mais com a grande estrela do evento: a Velha Guarda da Portela. A decisão de não mais participar dos encontros que lotavam uma vez por mês a quadra da escola, em Madureira, já foi comunicada à direção da escola por Serginho Procópio, apontado por Monarco como a nova liderança do grupo, que ganhou o título de Velha Guarda Show em 1970, tendo Paulinho da Viola como padrinho.
Em entrevista ao TUDO DE SAMBA, Procópio, filho de Osmar do Cavaco, que participou da formação inicial, esclareceu que a Velha Guarda não rompeu com a escola.
- Somos portelenses e continuaremos amando a escola, mas o que aconteceu é que, nos últimos anos, a gente foi perdendo espaço, perdendo a autonomia. Não considerávamos mais um evento nosso. Quando o Pagode da Família Portelense foi criado, a ideia era que o repertório fosse de sambas de terreiro e de sambas de raiz. A Velha Guarda tocava do início da tarde até a noite. Ultimamente a gente só se apresentava por duas horas. O negócio acabou tomando outro rumo. De uns tempos pra cá, colocaram grupos de pagode, com um repertório que foge completamente da proposta inicial. Perdeu todo o sentido pra gente. Nós já havíamos nos reunido com a diretoria duas vezes para tentar mudar isso, mas nenhuma mudança aconteceu, Digamos que o que houve foi uma divergência de opiniões. Mas não houve briga com a escola. A gente simplesmente decidiu se afastar – assegura Serginho Procópio.
Monarco, líder da Velha Guarda Show, também não escondeu sua insatisfação com os rumos que o evento tomou.
- Não tenho nada contra grupos de pagodes modernos e contra os jovens, mas a roda de samba perdeu as características. Uma vez entrei no camarim lá da quadra e tinha uns garotos de cabelos vermelhos, verdes…Ora, o Pagode da Família Portelense foi criado pra gente lembrar sambas do Paulo da Portela, do Manacéa, dos grandes compositores que fizeram a história do samba e da escola. Pra mim, esse é o verdadeiro papel da Velha Guarda. E é o nome da Velha Guarda que tá lá – disse Monarco, admitindo que já não vinha participando das rodas de samba há alguns meses.
- Eu já não estava indo com muita freqüência porque às vezes coincidia de eu ter show fora do Rio. Uma vez eu fui lá no barracão, antes do incêndio, e disse que a Velha Guarda não estava satisfeita Mas ficou por isso mesmo. Aí, eu achei que se continuasse indo daria a entender que eu estava satisfeito com o que estava acontecendo. Mas não incitei ninguém a nada. Deixei os componentes da Velha Guarda bem à vontade para continuar sem mim – concluiu Monarco.
Por conta de obras na quadra da escola, a Feijoada da Portela vem acontecendo no River Futebol Clube, na Piedade. A Velha Guarda Show, sem Monarco, participou da última edição, no início de junho. No primeiro sábado de julho, o evento não terá mais a participação dos bambas portelenses.
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