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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Liesa extingue Conjunto, o super-quesito

Redação SRZD

Um dos quesitos mais discutidos na apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro será extinto já para 2015. Considerado o super quesito, a avaliação do "Conjunto" das escolas de samba deixará de ser feita no próximo Carnaval. O SRZD-Carnaval ouviu a opinião de carnavalescos e diretores.

A decisão já vinha sendo discutida há algum tempo pelos dirigentes e diretores de Carnaval nas plenárias da Liesa, entidade que organiza o evento no Rio de Janeiro. Na última reunião plenária, o tema foi colocado em pauta e aprovou-se pela maioria, a retirada da avaliação. Fernando Horta, presidente da Unidos da Tijuca foi o único dirigente que votou pela continuidade do quesito no julgamento.


Celebrada por carnavalescos e diretores de Carnaval, a extinção do quesito poderá dar maior liberdade criativa aos artistas. Segundo Cid Carvalho, carnavalesco da Mangueira, a decisão é mais um "nó que se desata" dentro do tradicional modelo de julgamento. Junior Schall, diretor de Carnaval da Estação Primeira, vê com bons olhos a mudança.

"Em São Paulo, o quesito Conjunto não existe até pela complexidade de julgamento. É algo complicado em se analisar já que o julgador tem que analisar o desfile por partes para julgar o todo e esta percepção é muito subjetiva. A extinção desta modalidade dá uma liberdade maior de trabalho para o carnavalesco porque ele poderá montar sua narrativa sem amarras em modelos pre-concebidos", avalia Schall.

Da mesma forma que Junior Schall, o diretor de Carnaval da Imperatriz Leopoldinense, Wagner Araújo, acredita que a mudança veio em boa hora.

"A principal motivação para esta mudança é que cada quesito seja julgado pelo peso que tem, sem favorecimento. A proposta para a extinção não era uma novidade e isto vai fazer com que a escola não seja julgada mais de uma vez. Para avaliar o quesito havia a necessidade de um 'superjulgador', alguém que tivesse conhecimento profundo sobre todos os outros quesitos e sabemos que a subjetividade era um dos pontos conflitantes nas justificativas", diz ele.

Com mais de quatro décadas de experiência no Carnaval, Rômulo Ramos aprova a ideia e garante que a Mocidade Independente tem quesitos fortes que a credenciam a não "precisar" da nota do quesito como garantia.

"Avaliar Conjunto sempre foi complicado por conta da subjetividade do quesito. Dar uma nota para o todo considerando as partes sempre foi perigoso para todas as escolas. Algumas acabavam ganhando pontos em conjunto, quando haviam perdido pontos importantes em outros quesitos, havendo portanto, uma compensação para ambos os lados, pois o contrário também aconteceu por vezes. Quantas escolas se beneficiaram do quesito, garantindo inclusive, campeonatos por conta de um super julgamento? Sempre houve confusão na interpretação e na avaliação dos jurados, e acho que foi uma excelente saída pois agora, as escolas terão que reforçar cada um dos seus quesitos para brigar, de fato pelo campeonato", comentou Rômulo.

Apostando em maior competitividade nas apresentações, Tavinho Novello, da Vila Isabel também aprovou a extinção do quesito.

"Conjunto sempre foi um quesito extremamente subjetivo e o víamos como um segundo julgamento para quesitos que já haviam sido avaliados. A extinção deste tipo de avaliação faz com que os desfiles sejam mais competititvos, mais dinâmicos", diz ele.

Com a saída do "super quesito" o julgamento passa a ter nove quesitos o que acarreta na diminuição do número de jurados. Nesta quarta, uma nova reunião na sede da entidade definirá os nomes que continuam e os que serão substituídos. O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, acredita que a mudança tornará os desfiles mais dinâmicos e competititvos e que as mudanças no regulamento visam dar cada vez mais qualidade e lisura no julgamento das escolas de samba.

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