Por João Antonio Barros
Na fase final do inquérito, Polícia Federal diz ter evidências das irregularidades e caminha para responsabilizar o presidente Nilo criminalmente por peculato
Rio - O crime está configurado. A investigação da Polícia Federal sobre as irregularidades nas contas da Escola de Samba Portela encontrou evidências de erros e comprovação de desvio de dinheiro público. Na fase final do inquérito, os apuradores já ouviram quase toda a cúpula que administra a escola de Madureira há oito anos e o trabalho caminha para responsabilizar criminalmente por peculato (desvio de recursos públicos praticado por servidor) o presidente Nilo Mendes Figueiredo — capitão reformado da Marinha.
Nilo Figueiredo não quis falar ao DIA sobre as acusações e trabalho da PF. Advogado diz que ele só falará depois
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
As irregularidades foram detectadas pelo Controladoria Geral da União (CGU) na concessão de duas verbas à Portela, em 2005 e 2007, pelos ministérios de Turismo e Esportes. Somados, os repasses chegam a R$ 2,350 milhões e faziam parte do pacote para promover a imagem do Brasil e dos jogos Pan-Americanos de 2007 no desfile. Mas não foram utilizados para este fim. No mês passado, a CGU determinou à escola o ressarcimento imediato de R$ 525 mil.
Na Polícia Federal, além de Nilo Figueiredo, já prestaram depoimento dois vice-presidentes: Nilo Figueiredo Júnior (filho do presidente) e o delegado aposentado Aguinaldo Ribeiro. Os dois afirmaram que só assinaram a prestação de contas da escola de samba e nunca manipularam qualquer verba na Portela. O dinheiro, asseguraram na Delegacia de Combate a Crimes Financeiros, era movimentado apenas por Nilo. Na edição de ontem do DIA, dois ex-diretores da Portela, que falaram à PF, acusam Nilo de fraude eleitoral e desvio de verbas da escola.
Nilo Figueiredo não quis falar ao DIA sobre as acusações e o trabalho da PF. O advogado da Portela, Ricardo Costa, alegou que ele só falará depois.
Escola deve fortuna a fornecedores
Sinal vermelho para contas da Portela também com as empresas de água, luz e aluguel. Sem dinheiro em caixa, a escola deve mais de R$ 500 mil aos fornecedores e teve suspensos os serviços na quadra, na sede e no barracão.
A dívida com a Cedae alcança os R$ 355 mil. Só de um imóvel, na Rua Rivadávia Corrêa, na Saúde, o valor ultrapassa os R$ 90 mil. O corte no fornecimento de luz e água interrompeu, inclusive, a tradicional feijoada realizada aos sábados pela Velha-Guarda na quadra da Portela.
A investigação da PF vai além da Portela. A Acadêmicos da Rocinha registra irregularidade no uso da verba de R$ 300 mil do Governo Federal. O investigado é o empresário Maurício Matos, que na época dirigia a escola.
Fonte: O Dia na Folia
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