Escola de MS/PB corre risco
Por Tiago Frederico
Projeto que formou mais de 2 mil casais de mestre-salas e
porta-bandeiras ao longo de 23 anos busca recursos para sobreviver. Patrocínio
da Riotur não foi liberado
Rio - A poucos dias do início de suas atividades, previsto
para o próximo sábado, a Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e
Porta-Estandarte do Mestre Dionísio está à deriva.
Após o incêndio que destruiu a loja de suvenires do sambista, em
outubro de 2012, a Prefeitura do Rio proibiu Dionísio de vender presentes e
lembranças de Carnaval no Sambódromo.
O empreendimento, de nome "Exposição de Fantasias — Existência e
Resistência Cultural", era onde Manoel Dionísio, de 76 anos, ganhava a
maior parte do dinheiro necessário para tocar o projeto, que, ao longo de seus
23 anos, formou alguns dos mais importantes mestre-salas e porta-bandeiras do
carnaval carioca.
A futura geração de passistas é formada por crianças de vários locais
do Rio. Da escola de Mestre Dionísio (à direita), saíram mestre-salas e
porta-bandeiras que se consagraram no carnaval | Foto: Divulgação
As dúvidas sobre o futuro da escola surgiram após o incêndio. A
princípio, não havia certeza se as aulas gratuitas oferecidas a mais de 200 crianças,
em grande maioria de comunidades carentes, continuariam sendo oferecidas na
Marquês de Sapucaí.
Mas a Riotur garantiu que a escola seguirá usando o espaço localizado
no Setor 2 do Sambódromo. Porém, a ausência de patrocínio ainda coloca o
projeto em risco.
A escola tem gastos mensais de cerca de R$ 12 mil. Ela conta com 11
instrutores, psicóloga, monitor, operador de som, atendente e assessoria
jurídica, entre outros profissionais.
Em outubro de 2012, a Riotur anunciou que daria apoio necessário para o
projeto. Mas o diretor de operações especiais da Riotur, Gustavo Mostof, ainda
não definiu como será a ajuda: “A escola não pode depender do poder público.
Precisa transformar esse projeto, que é belíssimo, em algo autossustentável.
Dar aula para turistas, workshops e palestras são opções para conseguir
dinheiro”.
Sobre o incêndio, Mostof disse: “A venda de produtos não é a expertise
de Dionísio. Sua especialidade é a arte de ensinar”.
Reinício será neste sábado
As atividades da escola de Dionísio começam no próximo sábado. “Estou
preocupado com o projeto. Servimos cem lanches àqueles que vão às aulas em cada
sábado e nem para isso temos verba”, diz o sambista.
A escola tem alunos e ex-alunos defendendo agremiações de todos os
grupos, desde a Série A até o Acesso E, no Rio. Além disso, tem núcleos em
outros estados, mantidos pelas cidades que solicitam sua instalação. Apenas no
Rio ela enfrenta dificuldades.
Ao longo de seus 23 anos, a escola formou mais de 2 mil casais de
mestre-salas e porta-bandeiras. São nomes como Rafaela Theodoro, que brilhou à
frente da Imperatriz Leopoldinense neste ano, e Raphael Rodrigues, que
representa a Mangueira.
Fonte: O Dia na Folia
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