Por Alberto João, João Santoro e Rodrigo Coutinho
Novos ares em Oswaldo Cruz e Madureira. Na noite deste domingo, após nove anos de Nilo Figueiredo, na presidência da Portela, Serginho Procópio foi eleito o novo presidente da maior campeã do carnaval carioca para os próximos três. Candidato de oposição, pela chapa Portela Verdade, Serginho está ciente da missão que terá na escola, que não conquista um título do Grupo Especial desde 1984. A eleição começou às 8h e terminou depois das 21h30. Serginho ganhou por três votos de diferença. Foram 154 votos para ele, 151 para Nilo Figueiredo e 8 votos nulos.
Como o site CARNAVALESCO apurou com a vitória de Serginho Procópio, a Portela terá Alexandre Louzada como seu carnavalesco e deve contratar também o intérprete Wantuir, Luiz Carlos Bruno, carnavalesco da Rocinha, como diretor de carnaval. Para casal de mestre-sala e porta-bandeira, Serginho deve contratar Daniele Nascimento e Diogo Fran. Mestre Nilo Sérgio será mantido no comando da bateria da Portela.
Como foi o dia de eleição na Portela
A tensão, tão esperada na eleição portelense, se fez presente sobretudo na parte da manhã. Desde antes do horário marcado para a abertura dos portões e o início da eleição, cerca de 100 simpatizantes da chapa "Portela Verdade" já marcavam presença na rua Clara Nunes, a poucos metros da entrada do Portelão, no comitê de campanha de Procópio e Falcon. A reportagem do site CARNAVALESCO chegou à quadra da Portela antes das oito horas da manhã e flagrou alguns partidários da chapa de Nilo Figueiredo entrando na quadra da Portela antes do horário determinado. O fato gerou reclamações de membros da outra chapa, que se intensificaram após a chegada do horário marcado para a abertura dos portões, que acabou ocorrendo com atraso, e pequenos desentendimentos sobre a entrada dos eleitores na quadra.
De acordo com o Estatuto da Portela, a eleição é dividida em duas partes. Na primeira, todos os eleitores que entraram na quadra até às nove horas da manhã escolheram a mesa diretora da eleição. Por uma diferença de quase 40 votos, os candidatos da chapa de Serginho Procópio venceram. Desta forma, José Custódio foi o presidente da assembleia, e Pedro Farias, Marcos Aurélio Fernandes e Fábio Pavão foram os mesários. Vale ressaltar o atraso para o início deste período da eleição, quase duas horas, e as constantes discussões e desentendimentos lamentáveis ocorridos ao longo de toda a manhã. No mais pedante deles, um associado, vestido com a camisa da chapa de Nilo Figueiredo, xingou o sambista Monarco, chamando-o de "babaca". Monarco exaltou-se e, com o dedo em riste, revidou o xingamento. Não satisfeito, o eleitor em questão, que andava com dificuldades e com ajuda de uma muleta, tentou acertar Marcos Falcon com o objeto. Serginho Procópio não escondeu a inconformidade com os fatos e precisou ser tirado de perto da confusão.
Pouco depois, foi a vez de um segurança de Nilo Figueiredo e o próprio Falcon se envolverem em discussão ríspida, com direito a ameaças veladas de parte a parte. Faltando poucos minutos para o meio-dia, enfim começou a eleição direta para presidente da escola. Desde cedo, a preferência da maioria pela chapa "Portela Verdade" ficou clara, tanto na demonstração, através de camisas, quanto na empolgação, mostrada através de gritos de incentivo e sambas enredos da Portela cantados a plenos pulmões. Os partidários de Nilo Figueiredo, por sua vez, eram mais discretos e por vezes chegaram a discutir entre si.
Esperado para votar, já que constava na listagem oficial, o prefeito Eduardo Paes não compareceu. Chiquinho da Mangueira, presidente da Verde e Rosa, compareceu e votou, mas não declarou sua preferência. Ao contrário da listagem que a própria escola havia divulgado anteriormente, a lista deste domingo, atualizada, não trazia os nomes de Elmo José dos Santos, diretor de carnaval da Liesa e ex-presidente da Mangueira, e Álvaro Caetano, ex-presidente da Mangueira. A dupla marcou presença e ficou um bom tempo no Portelão e interagiu com os dois candidatos. Portelenses ilustres como Tia Surica, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Carlos Monte, Noca da Portela, Davi Corrêa, entre outros, exerceram o seu direito de voto. A ausência sentida ficou por conta de Tia Dodô, que já havia confessado a pessoas próximas que não queria votar.
Voto centenário
Quem não abriu mão mesmo de votar foi o Sr. João Siqueira Lima. Aos 103 anos, ele é o associado mais velho da Portela e afirmou ter participado de festas e desfiles na agremiação desde a época de Natal e Paulo da Portela, de quem era amigo e recebeu o convite para integrar a Azul e Branco. Mesmo com muitas dificuldades na fala, visão e locomoção, Sr. João Siqueira falou sobre a importância da eleição.
- É uma festa estar mais uma vez aqui na Portela. A quadra está uma beleza e a escola está muito bem. Me lembro que estive aqui na quadra no dia da inauguração e vivi muitos dias felizes aqui. A Portela é a coisa mais linda do mundo. Sou funcionário público federal e morei muito tempo em Brasília. Fiquei muitos anos sem vir na Portela, mas hoje fiz questão de vir - disse ele, que vestia a camisa da chapa ''Portela Verdade'', mas mostrou certo desconhecimento do conturbado momento político vivido pela escola.
Trégua na guerra
Por volta das três horas da tarde, uma cena um tanto quanto inusitada chamou bastante a atenção. A pedido dos fotógrafos presentes, Serginho Procópio, Nilo Figueiredo e Marcos Falcon tiraram fotos abraçados. Um momento de trégua na guerra de nervos em que se transformou essa eleição presidêncial portelense.
Fonte: www.carnavalesco.com.br
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