Em 2007, o samba carioca foi considerado pelo Governo Federal um patrimônio imaterial: isso delega ao próprio Governo o seu dever de resguardar essa prática cultural, bem como de promover o seu arquivamento e a manutenção de sua memória. Dez anos depois, em 2017, será o momento de revalidação desse título. Para que o samba possa continuar sendo considerado assim, será necessário empenho da comunidade sambista e saídas estratégicas para burlar a cultura de massa e a comercialização do carnaval como produto turístico.
Visando abordar essas e outras questões, o Centro Cultural Cartola promoveu, na tarde de sexta-feira, o seminário 'Samba, patrimônio cultural' que contou com palestras de Nilcemar Nogueira, doutora em Psicologia Social pela UERJ e diretora executiva do Museu do Samba, Mônica Sacramento, doutora em Educação pela UFF e pesquisadora do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira (UFF), e Luis Carlos Magalhães, colunista do site CARNAVALESCO e diretor do departamento Cultural da Portela.
Nilcemar Nogueira defendeu a utilização do espaço do subúrbio como local de valorização da cultura carioca: - Quando se pensa em criar espaços de valorização da cultura do samba, é sempre do túnel para lá. Porém, é do túnel pra cá que a história se faz - disse. Responsável pela direção executiva do Museu do Samba sediado no Centro Cultural Cartola, Nilcemar acredita que as lembranças guardadas nele são incomuns: - Os museus do Rio sempre trazem a história do colonizador e do Império. O Museu do Samba tem a nossa própria história.
Para Mônica Sacramento, as escolas como instituição de ensino são a principal saída para a problemática da valorização da cultura negra, onde se insere o samba, no Brasil. Destacando positivamente diversas medidas afirmativas como o ensino das culturas africanas e indígenas nas escolas, bem como as cotas nas universidades públicas, Mônica questionou o extermínio da população jovem e negra nas comunidades do Brasil e defendeu a valorização do negro nas escolas como principal saída para a questão.
O colunista do site CARNAVALESCO, Luis Carlos Magalhães, contemplou a questão da mercantilização do carnaval em sua fala. Para Luis, as escolas de samba na atualidade se preocupam muito mais com a vitória da disputa do que com a valorização da alma do sambista: - As escolas querem vencer diante do carnaval mercantilizado. O que é visto hoje é a exuberância volumétrica de materiais, mas será que é vista a beleza da alma? - questiona. Continuando a reflexão sobre o carnaval nos dias de hoje, Magalhães também apontou o ensino como saída para a manutenção da cultura: - A saída é irmos para as escolas e atrair as turmas escolares para a quadra. Ainda são poucas as escolas que possuem um departamento cultural forte e atuante, isso é muito importante.
Fonte: www.carnavalesco.com.br
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