A uma
semana da festa na Marquês de Sapucaí, o Ministério da Cultura finalmente bateu
o martelo em relação à aprovação dos projetos das escolas de samba do Rio via
Lei Rouanet. Em visita à Cidade do Samba na tarde desta sexta-feira, 2, o
ministro Sérgio Sá Leitão garantiu que a verba das agremiações que conseguiram
empresas interessadas em bancar ao menos 20% do total proposto em cada projeto
através da lei de incentivo do governo chegará às contas correntes das escolas
na próxima terça-feira, 6.
Em
entrevista ao Sambarazzo,
Leitão, que em julho do ano passado já havia sinalizado interesse
em ajudar a socorrer o Carnaval do Rio, afirmou que o total
autorizado para captação foi de R$ 74 milhões. Até o momento, as escolas
conseguiram de patrocínio R$ 11,6 milhões.
–
Queria conhecer a Cidade do Samba e ver como estão os preparativos para o
desfile e, como a reunião da Comissão da Lei Rouanet (responsável pela
liberação dos projetos e responsável também pela liberação do dinheiro) foi
ontem à noite, eu trouxe essa notícia. Os projetos relacionados ao Carnaval do
Rio foram todos aprovados. Os que captaram mais de 20% tiveram autorização para
movimentação da conta. Isso vai poder ser feito a partir de terça-feira. Temos
um total de 25 projetos relacionados ao Carnaval do Rio, um total de R$ 74
milhões de reais autorizados pra captação. R$ 11,6 milhões já foram captados.
Até o início do desfile, essa captação vai aumentar – aposta o ministro.
O ministro da cultura e o presidente da Riotur foram à Cidade do Samba acompanhar os últimos preparativos para o desfile I Foto: Irapuã Jeferson/Sambarazzo
“Estamos
operando no Carnaval do Rio em estado de emergência”, diz ministro
Carioca
e entusiasta de Carnaval, Sérgio Sá Leitão prometeu estreitar ainda mais a
relação com a festa e detalhou a estratégia que será posta em prática logo após
os desfiles de 2018.
–
O que propus à Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e aos presidentes
das escolas de samba é fazer uma reunião depois do Carnaval pra prepararmos, em
conjunto, uma estratégia pra 2019, pra que a gente não tenha essa mesma
situação que aconteceu agora. Estamos operando este ano no Carnaval do Rio em
estado de emergência, tentando realmente ajudar a viabilizar os recursos pelo
menos via Lei Rounaet. Mas é preciso para o ano que vem antecipar essa
captação, e ver de que maneira podemos tornar esses projetos mais atraentes
pras empresas patrocinarem, e patrocinarem também no estágio inicial do processo
do Carnaval, não apenas na reta final. O Ministério da Cultura está à
disposição – assegurou.
Na
visita à Cidade do Samba, na qual teve a companhia do presidente da Riotur,
Marcelo Alves, o ministro da cultura aproveitou para adiantar que encomendou
uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas para desvendar o potencial e o impacto
econômico do Carnaval carioca, a fim de facilitar o desenvolvimento dos
projetos de captação de recursos, tão necessário às escolas, sobretudo em
virtude do corte de R$ 1 milhão pra cada decretada pelo atual prefeito do Rio,
Marcelo Crivella.
–
Contratamos a FGV, que vai fazer um estudo de impacto econômico do Carnaval.
Vamos anunciar os resultados desse estudo no dia 21 de fevereiro, portanto logo
depois do Carnaval. Além da dimensão cultural, essa dimensão econômica me
interessa muito, porque é essa dimensão que a gente tem que trabalhar. O
Carnaval do Rio é um fenômeno cultural importantíssimo, talvez seja a festa
popular brasileira mais conhecida em território nacional e no exterior. É
também um belíssimo emblema do potencial econômico da economia criativa no
Brasil, é um impacto muito forte em termos de geração de rendas, geração de
empregos, atração de investimentos, geração inclusive de arrecadação
tributária, algo que impacta o desenvolvimento econômico da cidade, do estado e
do país. O Carnaval do Rio é uma das manifestações culturais mais importantes
do nosso país e deve ser vista e tratada como tal. A ideia é que, já a partir
de março, a gente possa desenhar em conjunto a Liesa e as escolas uma
estratégia pra utilização de recursos da Lei Rouanet. Mas isso não substitui a
necessária participação da prefeitura e do governo do estado – frisa Sérgio Sá
Leitão, que vai acompanhar os desfiles na Marquês de Sapucaí.
Volta
dos ensaios técnicos
Uma
das piores consequências do corte de verba da prefeitura que atingiu os cofres
das escolas de samba foi a Liesa determinar o fim dos ensaios técnicos na
pré-temporada carnavalesca. O Sambódromo recebia, há mais de uma década,
ensaios gratuitos das escolas na pista oficial de desfiles. Mas o custo,
superior a R$ 3 milhões de reais, ficou inviável para realização em 2018.
–
Precisamos ter um projeto específico para os ensaios técnicos. Mas é
importantíssimo também que haja uma participação mais ativa do poder público
local, tanto da prefeitura quanto do Estado. Tem que ser feito um trabalho em
parceria entre a prefeitura, o governo federal, as escolas e a liga –
completou.
“Quase 90% das arquibancadas vendidas”, comemora Liesa
Presidente
da liga das escolas, Castanheira foi anfitrião na visita do ministro da cultura
e do presidente da Riotur às dependências da Cidade do Samba e aproveitou para
revelar alguns números positivos, apesar da crise que assola o país e,
consequentemente, o Carnaval carioca.
–
Somos otimistas. Estamos prontos pra captarmos os recursos, que ainda não
conseguimos. O ministro ficou de ajudar nesse entrosamento com as empresas
ligadas ao Governo Federal, e vamos aguardar as orientações dele nesse sentido.
Mas é uma situação difícil que estamos enfrentando. É importante receber o
ministro e o presidente da Riotur (Marcelo Alves) aqui na Cidade do Samba, pra
que eles tenham em mente que, apesar das dificuldades, a gente continua
trabalhando, lutando, gerando emprego, lazer pra toda a população que vai ao
Sambódromo. Com todas as dificuldades, estamos conseguindo repassar
semanalmente às escolas os recursos, as vendas de ingressos estão bem
encaminhadas, estamos com quase 90% das arquibancadas vendidas num ano de uma crise
geral no Brasil inteiro… Estamos trabalhando pra manter o status de grande
festa. Mas a crise é no país inteiro, em qualquer setor, em qualquer segmento,
a maioria das empresas não está dando lucro, e o Carnaval tem essa consequência
porque muitas escolas não puderam comprar camarote, muitas empresas deixaram de
comprar camarote, e isso dificulta um pouco. Mas nada que tire o nosso ânimo –
concluiu.
Fonte: www.sambarazzo.com.br
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