Se Casquinha fosse vivo, completaria hoje 96 anos.
Nasceu em Ricardo de Albuquerque, no Rio de Janeiro, em 1º de dezembro de 1922, em Ricardo de Albuquerque, filho de um alemão, Paul Trepte, e de mãe negra, Inês Trepte. Seu pai morre quando Casquinha tinha 4 anos. Logo após o falecimento do pai, Casquinha se muda para Oswaldo Cruz. Em Marechal Hermes, estudou na Escola Técnica Visconde de Mauá. Seu apelido se deve a essa época de colégio, quando, conta-se, teria comido um pedaço de carne caído do prato de um colega. Antes de chegar à Portela, com mais ou menos 10 anos, Casquinha morou em Anchieta. Lembra-se que, na ocasião, avistou o bloco de sujo da Portela, onde se destacavam a enorme navalha de pau de Nozinho e o samba entoado por Paulo da Portela:
Quem nos trouxe aqui
Foi quem deu um golpe errado
Pois agora nossas pastoras
Estão com os pés molhados
Foi quem deu um golpe errado
Pois agora nossas pastoras
Estão com os pés molhados
A maior paixão de Casquinha sempre foi o futebol. Foi center-half (meio-campo, como se diz hoje) do poderoso time do Oposição, onde jogava Ipojucan, que mais tarde se consagrou no Vasco. Trabalhou como bancário e frequentava a Portela, esporadicamente. Assistia a um ensaio ou outro em companhia da mulher, Dirce, e da filha mais velha. Também foi bancário, por anos.
Em um domingo de 1947 ou 1948, a convite de Candeia, foi à Portela prestigiar um samba do amigo, que seria apresentado no terreiro da escola. Em determinado momento, Candeia afastou-se para ouvir de longe a corneta do autofalante e avaliar o som, deixando o microfone nas mãos de Casquinha. Na volta, Candeia disse ter gostado da voz do amigo e pediu a Ventura que o deixasse ficar na Ala de Compositores. Ventura perguntou, então, se Casquinha compunha. Como Candeia respondeu afirmativamente, Ventura solicitou que o candidato mostrasse dois sambas como teste. Casquinha, que nunca havia composto antes, foi obrigado a invocar a sua musa inspiradora para, no dia marcado, apresentar suas músicas: “Vem, amor” e “Indecisão”, em parceria com Candeia. Surgira assim um belo compositor e uma bela parceria, consagrada poucos anos mais tarde.
O nome de Casquinha está diretamente vinculado ao de Paulinho da Viola. Ao chegar à Portela, o jovem Paulinho deixou uma primeira parte para que um veterano fizesse a segunda. Casquinha imediatamente completou o samba “Recado”. Paulinho da Viola assim caracteriza o parceiro: “Casquinha é irreverente, gozador, brincalhão e uma das pessoas mais generosas que já conheci”.
Nos anos 1960, Casquinha, Arlindo, Candeia, Bubu, Jorge do Violão, David do Pandeiro, Picolino e, mais tarde, Casemiro formaram o grupo “Mensageiros do Samba”, que, em 1996, gravou um disco pela Polydor, contendo seis músicas de Casquinha.
Casquinha pertence desde o início ao grupo da Velha Guarda. É autor de vários sambas gravados pelos mais expressivos intérpretes: Clara Nunes, Beth Carvalho, João Nogueira, Zeca Pagodinho e Candeia, que o citou publicamente como parceiro predileto.
Dono de humor refinado, é bastante versátil no palco por seus dotes teatrais e também um dos últimos cultores do samba sincopado. Dentre os seus inúmeros sambas, destacam-se: “Recado” (parceria com Paulinho da Viola); “Outro recado”, “O ideal é competir” e “Falsas juras” (pareceria com Candeia); “A chuva cai” e “Gorjear da passarada” (parceria com Argemiro); “Preta aloirada”, “Dendeca de briga”, “Sonho do escurinho”, “Sinal aberto” e “Coroa avançada” (parceria com Dolino); e “Meu bairro”. É autor do samba-enredo da Portela para o carnaval de 1957, denominado “Brasil, panteão de glórias”, em parceria com Candeia, Valdir 59, Altair Prego e Bubu.
Casquinha faleceu em 02 de outubro de 2018.
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