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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Se Tia Doca fosse viva, completaria amanhã 86 anos.


Doca
(Jilçária Cruz Costa)

Nasceu em 20 de dezembro de 1932. Sua família era da Serrinha, reduto do Império Serrano. É prima da cantora e compositora Ivone Lara. O pai, Aragão, foi jogador do Vasco da Gama, do Sírio e Libanês e do Andaraí, onde foi companheiro de Dondon, imortalizado em um samba de Nei Lopes, gravado por Zeca Pagodinho. Um dos tios de Doca, o famoso Arubinha, foi grande jogador do Andaraí e do Sírio Libanês. A mãe, dona Albertina, foi a primeira porta-bandeira da Prazer da Serrinha e só parou de desfilar quando a escola acabou. Seguindo os passos da mãe, Doca já era, aos 14 anos, porta-bandeira da Unidos da Congonha, em Vaz Lobo. Seu mestre-sala era Binício que, mais tarde, formaria na Portela com a extraordinária Wilma o casal mais famoso do carnaval carioca.

Tia Doca, como foi conhecida, atravessou a linha auxiliar da Central e chegou a Oswaldo Cruz pelas mãos do marido, Altair, filho do compositor Alvarenga da Portela, com quem teve 11 filhos.

O primeiro carnaval de Doca na Portela coincidiu com a estreia de Candeia como compositor de samba-enredo em parceria com Altarir Prego. O tema da escola era “Seis datas magnas”. Foi pastora da escola, destaque e presidente de ala por três anos. Desfilou também na Ala de Compositores e entre os diretores. Entrou para a Velha Guarda por sugestão de Alberto Lonato. Tendo como “examinadores” Alvaiade e Armando Santos, passou no teste e entrou em substituição a Vicentina.

Era muito ligada a Clara Nunes, que não dispensava sua companhia nos dias de carnaval. Permaneciam juntas desde a concentração até a tarde do dia seguinte.

Durante alguns anos, a Velha Guarda reuniu-se, aos domingos, no quintal de Doca. Na Rua João Vicente, entre Oswaldo Cruz e Madureira, Doca manteve um pagode muito concorrido, que festejou jubileu de prata. Vangloriava-se de sua viagem a Roma com a Velha Guarda e manifestava grande satisfação por ter cantado em um país estrangeiro, ao lado de outros 36 artistas brasileiros.

Segundo Paulinho da Viola, Doca tem as características determinantes de uma boa pastora de escola de samba: afinação e ginga. É compositora do partido-alto “Temporal”, por ela gravado em disco de Monarco, e do samba “Orgulho negro”, em parceria com seu filho Jadilson Costa, e gravado por Jovelina Pérola Negra.

Tia Doca faleceu em25 de janeiro de 2009.
Fonte: VARGENS, João Baptista M; MONTE, Carlos Monte. A Velha Guarda da Portela. 2. ed. Rio de Janeiro: Manati, 2004.



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