Doca
(Jilçária Cruz Costa)
Nasceu em 20 de dezembro de 1932. Sua
família era da Serrinha, reduto do Império Serrano. É prima da cantora e
compositora Ivone Lara. O pai, Aragão, foi jogador do Vasco da Gama, do Sírio e
Libanês e do Andaraí, onde foi companheiro de Dondon, imortalizado em um samba
de Nei Lopes, gravado por Zeca Pagodinho. Um dos tios de Doca, o famoso
Arubinha, foi grande jogador do Andaraí e do Sírio Libanês. A mãe, dona
Albertina, foi a primeira porta-bandeira da Prazer da Serrinha e só parou de
desfilar quando a escola acabou. Seguindo os passos da mãe, Doca já era, aos 14
anos, porta-bandeira da Unidos da Congonha, em Vaz Lobo. Seu mestre-sala era
Binício que, mais tarde, formaria na Portela com a extraordinária Wilma o casal
mais famoso do carnaval carioca.
Tia Doca, como foi conhecida,
atravessou a linha auxiliar da Central e chegou a Oswaldo Cruz pelas mãos do
marido, Altair, filho do compositor Alvarenga da Portela, com quem teve 11
filhos.
O primeiro carnaval de Doca na
Portela coincidiu com a estreia de Candeia como compositor de samba-enredo em
parceria com Altarir Prego. O tema da escola era “Seis datas magnas”. Foi
pastora da escola, destaque e presidente de ala por três anos. Desfilou também
na Ala de Compositores e entre os diretores. Entrou para a Velha Guarda por sugestão
de Alberto Lonato. Tendo como “examinadores” Alvaiade e Armando Santos, passou
no teste e entrou em substituição a Vicentina.
Era muito ligada a Clara Nunes, que
não dispensava sua companhia nos dias de carnaval. Permaneciam juntas desde a
concentração até a tarde do dia seguinte.
Durante alguns anos, a Velha Guarda
reuniu-se, aos domingos, no quintal de Doca. Na Rua João Vicente, entre Oswaldo
Cruz e Madureira, Doca manteve um pagode muito concorrido, que festejou jubileu
de prata. Vangloriava-se de sua viagem a Roma com a Velha Guarda e manifestava
grande satisfação por ter cantado em um país estrangeiro, ao lado de outros 36
artistas brasileiros.
Segundo Paulinho da Viola, Doca tem
as características determinantes de uma boa pastora de escola de samba:
afinação e ginga. É compositora do partido-alto “Temporal”, por ela gravado em
disco de Monarco, e do samba “Orgulho negro”, em parceria com seu filho
Jadilson Costa, e gravado por Jovelina Pérola Negra.
Tia Doca faleceu em25 de janeiro de
2009.
Fonte: VARGENS, João Baptista M;
MONTE, Carlos Monte. A Velha Guarda da Portela. 2. ed. Rio de Janeiro: Manati,
2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário