A mais emblemática alegoria do Carnaval carioca tem um
companheiro. A águia da Portela encanta os apaixonados pela folia, mas ano após
ano atravessa a Avenida bem próximo a uma figura marcante na história recente
da azul e branco: o primeiro destaque da escola, Carlos Reis. Foi assim nos
últimos 24 desfiles e novamente acontecerá em 2019.
Carlos Reis sabe da importância do lugar que ocupa, mas destaca
que isto não constitui um privilégio. “É uma responsabilidade imensa. Muita
gente daria a vida para estar lá, ou muito dinheiro. Mas Carnaval para mim é
muito sério. Já desfilei passando muito mal. Porém, continuei sorrindo.”
Até chegar a ser o principal destaque da escola
e desfilar pertinho da águia, Carlos Reis cruzou a Sapucaí em ala e em outros
carros alegóricos da Portela. No entanto, foi no abre-alas da agremiação que se
tornou um símbolo do Carnaval e acabou agraciado com a Medalha Tiradentes,
honraria concedida pelo estado do Rio de Janeiro a quem presta serviços
relevantes à sociedade. “Fiquei honrado. Foi uma homenagem bonita. Carnaval é
cultura. É bom saber que sou amado e respeitado, inclusive por outros
destaques.”
O encontro
O início no reinado de Momo foi também, para Carlos Reis, o
começo de uma amizade que transcende a vida. “Levaram-me para conhecer uma
verdadeira escola de samba no desfile da Portela, no Sábado das Campeãs, em
1983. Na concentração, vi Clara Nunes. Ela comandava tudo, veio ao meu encontro
e me chamou para desfilar. Tive que prometer que no ano seguinte eu desfilaria.
Fiquei apaixonado por ela.”
A primeira vez de Carlos Reis na Avenida, em 1984, porém, foi
sem Clara Nunes. Ela falecera precocemente pouco depois do Carnaval anterior.
Mas a morte da cantora não impediu o reencontro na Sapucaí. “Em todos os
desfiles da Portela, sinto a presença dela, o Serginho Procópio (ex-presidente
da escola e integrante da Velha Guarda) também. Este ano não será diferente.”
O enredo em homenagem a Clara Nunes, Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir
cantar uma sabiá, aumenta a expectativa de Carlos Reis. “Clara é minha
madrinha espiritual. Minha fantasia chama-se Um
ser de luz. Fico arrepiado. Será novamente feita por Edmilson Lima, que
faz minhas roupas há 36 anos.”
Águia
Sobre a águia, sua fiel companheira de desfile, Carlos Reis
deixa os portelenses na expectativa, com o coração batendo mais forte. Ele já
conheceu o projeto e ficou encantado. “O trabalho da Rosa (Magalhães,
carnavalesca) é de tirar o chapéu, como tudo que ela faz.”
Enquanto o Carnaval deste ano não chega, Carlos Reis lembra das
fantasias preferidas entre as que vestiu na Avenida. “A que usei em 2015 é
maravilhosa. Aliás, acho que a Águia Redentora, daquele ano, jamais deveria ter
sido desmontada. Foi uma obra de arte incrível. Também gosto da fantasia de
2017, que espirrava água. Outra que está entre as preferidas é a de 1993, do
enredo Cerimônia de Casamento. O
nome era A Tentação. Era
vermelha.”
Desfile
Em 2019, a Portela será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de
Carnaval, pelo Grupo Especial. A azul e branco levará para a Sapucaí
o enredo Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar
uma Sabiá, desenvolvido pela carnavalesca Rosa Magalhães. O tema vai
homenagear a cantora Clara Nunes, um dos maiores ícones da história da
agremiação.
Fonte: www.revistacarnaval.com.br
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