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quarta-feira, 16 de março de 2016

Carnaval Japão: sambistas japoneses homenageiam a Portela durante evento em Tokyo

Redação SRZD

Cerca de 50 sambistas de várias escolas japonesas se reuniram no dia 10 de outubro, no Salão de Festas Sahã, que fica no Bairro de Chiyoda, em Tokyo, para homenagear a Portela. O evento, que ocorre todo mês, é conhecido como "Enredo Karaokê" e esta foi a primeira edição da festa após o Asakusa Samba Carnival, desfile de escolas de samba de Tokyo realizado no final de agosto. Durante as três horas e meia em que os sambistas se reuniram, foram cantados vários sambas da agremiação azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira.

Apesar do nome Karaokê, os sambas são cantados ao vivo pelos participantes e com bateria de verdade. Cada um leva seu próprio instrumento e as passistas animam a festa, que mais se parece um ensaio. No salão, o diretor de bateria comanda os instrumentos dando a deixa para os puxadores começarem a cantar. Todos vestem as cores da escola homegeada ou criam seus própiros figurinos, dos arranjos de cabeça e chapéus panamás até as sandálias das passistas.

Os ritmistas também imitam a batida da Tabajara do Samba, com o surdo de terceira 4 por 3, e a levada da caixa portelense com o rufo. Mestre Nilo Sergio já esteve no Japão fazendo workshops e ensinou os segredos da bateria da Portela para os ritmistas japoneses. Ninguém esqueceu! As bossas e paradinhas, os desenhos de tamborins e agogôs também são imitados. As vezes alguém erra. Mas ninguém repara. O que importa é homenagear a escola do coração.

Os japoneses conhecem vários sambas de enredo, sambas de terreiro e sambas exaltação das escolas cariocas, alguns das décadas de 50 e 60. Segundo Yohei Inoue, um dos organizadores do Enkara (honomatopéia de Enredo Karaokê), os sambas portelenses mais conhecidos pelos japoneses e cantados durante a homenagem foram Lendas e Mistérios da Amazônia (1970), Ilu-Ayê (1972), O Mundo Melhor de Pixinguinha (1974), Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite (1981), Contos de Areia (1984), Gosto que me errosco (1995), Nós podemos, oito ideias para mudar o mundo (2005), Reconstruindo a natureza, recriando a vida: o sonho vira realidade (2008), E por falar em amor... onde anda você? (2009), Derrubando fronteiras, conquistando a liberdade, um Rio de paz em estado de graça (2010), Um Rio de mar a mar: do Valongo a glória de São Sebastião (2014) e ImaginaRio, 450 anos de uma cidade surreal ( 2015). Foi um Rio que passou em minha vida, Hino da Portela e Portela na Avenida também são os mais preferidos pelos japoneses.

Através de e-mail, Facebook e telefone, os participantes definem quem vai cantar os sambas. Um ou mais sambistas escolhem de dois a cinco sambas para interpretar, seguindo uma sequencia. Os puxadores se revezam conforme o combinado. Alguns vão apenas para tocar, outros apenas para sambar. Não importa se a pessoa consegue pronunciar perfeitamente as palavras em português ao cantar o samba ou se não sabe tocar ou dançar bem. Quem sabe um pouco mais ensina aos que sabem menos. O importante é a confraternização regada a chopp e drinks diversos.

Apesar da homenagem à Portela outros sambas também foram cantados no dia como Os Sertões (Em Cima da Hora, 1976), Heróis da Liberdade (Império Serrano, 1969), Aquarela Brasileira (Império Serrano, 1964) e É Hoje (União da Ilha, 1982).

O Enredo Karaokê existe desde 2012 e já está na vigésima oitava edição. Sambistas de outros estados também vem a Tokyo para participar da festa. O evento é uma oportunidade dos ritmistas e passistas de várias escolas se encontrarem, trocarem experiências e uma prova de que a boa relação entre as co-irmãs, no Japão, imita a amizade e o bom humor carioca.

*Marcello Sudoh - Colaborador do SRZD

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