Na manhã da quarta-feira do dia 31 de maio de
2017, a Portela lançou um teaser, “De repente de lá pra cá e dirrepente
daqui pra lá”, nome do enredo autoral de Rosa Magalhães para o carnaval 2018, o
que suscitou discussões instantâneas nas redes, já que o vídeo apenas trazia umas
poucas pistas, dentre elas, a imagem da Estátua da Liberdade e os versos da
poetisa judia norte-americana Emma Lazarus (Nova York, 1849-1887), filha de uma
rica família de sefarditas (termo usado para referir aos descendentes judeus de
Portugal e Espanha). São dela os versos do soneto “The New Colossus”, que estão
fixados em bronze aos pés da Estátua da Liberdade:
Não como a fama do
gigante de Bronze, da Grécia,
com suas pernas conquista, espaçadas, todas as terras,
aqui em nossos portais lavrados pelo pôr-do-sol marinho,
uma mulher poderosa, com uma tocha, cuja flama
é o relâmpago aprisionado, e seu nome, mãe de todos os Exílios.
De seu punho farol brilha a acolhida abrangente, seus olhos meigos, comandam.
O porto, estendido nas alturas emoldurado pelas cidades gêmeas
com suas pernas conquista, espaçadas, todas as terras,
aqui em nossos portais lavrados pelo pôr-do-sol marinho,
uma mulher poderosa, com uma tocha, cuja flama
é o relâmpago aprisionado, e seu nome, mãe de todos os Exílios.
De seu punho farol brilha a acolhida abrangente, seus olhos meigos, comandam.
O porto, estendido nas alturas emoldurado pelas cidades gêmeas
“Guarde terras
ancestrais, com sua pompa histórica!”,
grita ela com lábios silenciosos, “Dêem-me os cansados,
os pobres, suas massas apinhadas,
que anseiam por respirar em liberdade.
A recusa desventurada de seu porto abundante
envia a mim esses desabrigados assolados pela tempestade.
Ergo meu tocheiro ao lado do Portão Dourado”.
grita ela com lábios silenciosos, “Dêem-me os cansados,
os pobres, suas massas apinhadas,
que anseiam por respirar em liberdade.
A recusa desventurada de seu porto abundante
envia a mim esses desabrigados assolados pela tempestade.
Ergo meu tocheiro ao lado do Portão Dourado”.
Manuscrito do Soneto
A atuação de Emma Lazarus em favor do povo
judeu – usou o próprio dinheiro para ajudar seu povo, lutou contra a humilhante
política de imigração a que seu povo era exposto, foi uma voz contra os
massacres sofridos por sua gente, dentro e fora da América, o que a levou
inclusive ao sionismo – é uma das pistas do teaser.
Além disso, a pesquisa de Rosa Magalhães também
revela a história dos judeus pernambucanos que no século XVII saíram de nosso
território, por conta da expulsão dos holandeses, rumo a Nova Amsterdã, futura
Nova Iorque, após uma viagem de inúmeros percalços, uma verdadeira saga em
busca de paz e de um lar. O detalhe de que somente 23 dos imigrantes
conseguiram chegar à futura cidade de Nova York, tendo sido fundamentais para a
sua fundação, é um detalhe luxuoso, um biscoito fino com que o enredo nos
brinda.
Com todo esse potencial de criação, podemos
ver que há nas mãos de Rosa Magalhães um grande manancial histórico, que vai
diáspora, da migração, da xenofobia, da mistura cultural, da disseminação de
arte, música, literatura e de crenças religiosas, às trocas transnacionais e
transculturais, muitas vezes determinadas pela intolerância, pela perseguição.
A Portelamor, assim com os milhares de
amantes e seguidores da Portela, também se encheu de curiosidade e ansiedade
para adivinhar as surpresas que acompanharão a sinopse do enredo, a ser
entregue no dia 14 de junho de 2017, às 19 horas, na Portelinha. Por isso, preparou
para nossos amigos a indicação de uma série de vídeos, livros, artigos,
trabalhos acadêmicos e especiais de TV que podem nos ajudar a matar a
curiosidade. Façamos, nossas apostas, as fichas foram lançadas.
Vídeos
e especiais de TV:
1.
Vídeo do enredo da Portela 2018:
2. GloboNews
Especial Judeus Pernambucanos 1ª parte:
3. GloboNews
Especial Judeus Pernambucanos 2ª parte:
4. Trailer
de O rochedo e a estrela, de Kátia Mesel:
5. Entrevista
Kátia Mesel:
6. A
estrela oculta do sertão, curta:
7. Sinagoga de Recife e a Rota Judaica em
Pernambuco: caminhos de uma memória afetiva:
8. Judeus
que saíram de Recife fundaram Nova York:
Referências
bibliográficas:
Livros:
1. CARNEIRO,
Paulo Caminhos cruzados: a vitoriosa saga dos judeus do Recife no século
XVII – da expulsão da Espanha à fundação de Nova York. Rio de Janeiro:
Autografia, 2016.
2. ESCRIVA,
Jose Maria Plaza; KAUFMAN, Tania Neumann. Recife: a primeira sinagoga
das Américas e a rota judaica de Pernambuco. Recife: Sandra Paro, 2013.
3. KAUFMAN,
Tania Neumann. A presença judaica em Pernambuco. Recife: Edição do
Autor, 2003.
4. MELLO,
José Antônio Gonsalves de. Gente da nação. Recife: Editora Massangana,
1989.
Dissertações
e artigos:
1.
FONSECA E SILVA, Janaína Guimarães da. Modos de pensar, maneiras de viver:
cristãos-novos em Pernambuco no século XVI. Dissertação de Mestrado. Disponível
em:
2.
CHAGAS, Eber Cimas Ribeiro Bulle das. Raízes judaicas no Brasil. Artigo.
Disponível em:
3. FEITLER,
Bruno. 500 anos de presença judaica no Brasil. Artigo. Disponível em:
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