A Tabajara do Samba é praticamente uma instituição: uma das baterias mais conhecidas do carnaval carioca, é ela quem dá o tom aos desfiles da Portela, sob o comando de Mestre Nilo Sérgio. O nome da bateria faz referência à Orquestra Tabajara, fundada na Paraíba em 1934 e uma das principais no país. Além da homenagem feita através do nome, uma coincidência une a bateria e a sinfônica: até 2006, a Orquestra Tabajara foi comandada por Severino Araújo de Oliveira, clarinetista e maestro com carreira brilhante, que passou a batuta para o irmão, Jayme Araújo. Na Portela, 2006 também foi um ano marcante: Nilo Sérgio assumiu o comando da bateria e começou a construir naquele ano uma empreitada que chega ao décimo carnaval em 2016. De lá pra cá, o mestre guiou os ritmistas numa trajetória elogiada, ao lado de rainhas como Adriana Bombom, Luma de Oliveira, Sheron Menezzes e Patrícia Nery, contando com o reconhecimento do público e da crítica a cada ano.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, Nilo falou sobre o apoio que tem recebido da direção da escola e sobre as diretrizes do seu décimo carnaval na agremiação: - Independente das notas, eu trabalho para o portelense. Observamos as notas e justificativas, mas quando ouço da diretoria da escola que eles gostam do meu trabalho, eu também estou satisfeito. Em 2016, vamos buscar ousar mais para atender aos jurados - conta Nilo. No carnaval que passou, a bateria da Portela perdeu um décimo dos trinta pontos possíveis. Num carnaval tão concorrido que a posição da escola foi decidida por desempate, o décimo poderia ter feito muita diferença.
Para garantir a nota máxima em 2016, a filosofia de Nilo é 'reduzir para melhor comandar'. O mestre optou por enxugar o contingente da Tabajara para ter melhor controle sobre a atividade dos ritmistas: - Vou apostar numa redução do nosso número de ritmistas. Nós vamos levar 280 ritmistas para Avenida. Trata-se de uma redução para que possamos controlar melhor a bateria - afirmou.
Tabajara virá entre as viagens africanas no enredo da Portela
O comando da bateria é por conta de Mestre Nilo, mas o figurino é responsabilidade do carnavalesco Paulo Barros, famoso pelas invenções que chocam e mexem com a Avenida. Nilo revelou ao CARNAVALESCO que a Tabajara virá inserida num setor com temática africana do desfile: - Com certeza estou aberto às ideias do Paulo Barros. No desfile, talvez as pessoas vejam uma savana, com a caça e os gnus - conta o mestre, tentando descrever aquilo que o carnavalesco pensou para a bateria.
A sinopse apresentada pela Portela para o enredo 'No voo da águia, uma viagem sem fim...' faz referência às 'Viagens Extremas' no que seria o quarto setor do desfile. O texto aponta que '(...) valentes viajantes levantam a poeira do deserto, enfrentam a selva, entram em florestas sombrias, exploram as geleiras, entregam o corpo a condições hostis para a sobrevivência'. A selva, pelo que conta Mestre Nilo, contará com os ritmistas portelenses em sua representação.
Fazendo jus à fantasia da bateria, o ritmo africano deve estar presente no desfile da Portela. Nilo pretende incluir uma bossa africana no samba: - Vamos ter novidade no ritmo também. Dentro desse contexto africano, devemos fazer uma 'bossa afro', combinando com a nossa fantasia - revela o mestre. A Tabajara foi um dos segmentos que mais aderiu ao samba escolhido pela agremiação para contar o enredo. Na escolha do samba, o apoio dos ritmistas à obra campeã foi maciço e comoveu os presentes na quadra.
Fonte: www.carnavalesco.com.br
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