Paulo Barros e a Velha Guarda da Portela: ‘é melhor respeitar’
Carnavalesco recorda a infância de torcedor portelense
Por: Rodolfo Mageste
RIO - No barracão da Portela, na Cidade do Samba, Paulo Barros e os integrantes da Velha Guarda Monarco e Tia Surica conversam animadamente em uma tarde de dezembro, como amigos de longa data. Ao lado de tantos bambas, o revolucionário carnavalesco, um dos nomes mais comentados na Marquês de Sapucaí nos últimos anos, explica que vive um momento especial, prestes a comandar pela primeira vez o desfile da maior campeã do carnaval, com 21 títulos.
— A Portela faz parte da história da minha vida. Eu era muito novo quando comecei a ver desfile de escola de samba, em 1973, 1974. Na época, eu torcia pela Portela — revela Paulo Barros.
Nascido em Nilópolis, o carnavalesco lembra que, na ocasião, a Beija-Flor ainda não era uma escola “de disputa", como define. E o coração de menino batia forte mesmo era pela azul e branco de Madureira.
— E isso não é historinha para boi dormir, só porque estou na Portela hoje — garante. — Naquela época, eu nunca poderia me imaginar como profissional responsável pelo carnaval da Portela. É como um filme que passa na minha cabeça. Uma emoção grande, um prazer que eu não consigo mensurar — completa.
Com o enredo “No voo da águia, uma viagem sem fim...”, Paulo Barros, logo na estreia, dá as credenciais que justificam a sua fama de inovador. Pela primeira vez, a “Majestade do samba", como é conhecida a escola, usará seu símbolo, a águia, como condutor de um desfile. No caso, para apresentar ao público algumas das grandes viagens da humanidade.
— Em todos estes meus anos de Portela, ninguém teve a ideia de fazer um enredo com a própria águia. O Paulo foi um iluminado. E deve vir com suas peripécias novamente. Espero muitas novidades, para realizarmos o sonho de acabar com esse jejum — elogia Monarco, comentando o fato de a escola não conquistar um título desde 1984.
Novidade é uma especialidade de Paulo Barros. E o carnavalesco promete, mais uma vez, surpreender.
— Minha ideia é tirar o cara da cadeira. As pessoas podem esperar uma Portela bem moderna, extremamente competitiva, com surpresas e sustos — explica, de uma forma geral.
Uma das viagens que estarão presentes na avenida, segundo Tia Surica, será a do próprio estilo do gênero musical samba-enredo.
— Este samba, especificamente, voltou no tempo. Está muito mais melódico e cadenciado, ao contrário da pauleira de hoje em dia, que nos levam a correr na avenida, ao invés de desfilar. Os compositores foram muito felizes. É um samba com a cara da Portela — avalia.
Apesar do saudosismo de Tia Surica, Paulo Barros destaca o fôlego da Velha Guarda.
— Eles são muito jovens. Têm pensamentos e posicionamentos que me surpreenderam. Virei fã da Velha Guarda da Portela exatamente por isso. Além da simplicidade, da amizade e do carinho com que fui acolhido. Acolhido pelos jovens da Velha Guarda da Portela — derrete-se o carnavalesco.
Monarco conclui:
— Recebemos o Paulo com os braços abertos. Será um casamento bonito entre tradição e renovação. O portelense está feliz e o Paulo também.
Campeão nos últimos três anos pares com a Unidos da Tijuca (2010, 2012 e 2014), o carnavalesco torce para que a sequência continue.
— Eu não ligo muito para isso. Mas espero que vocês (da imprensa) estejam certos — diverte-se, ao ser abordado sobre a coincidência.
O Globo ::: 02/01/2016 - Carnaval 2016 ::: Foto Fábio Rossi Agencia. O Globo
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