Ele é diretor de bateria da Vila Isabel e da Herdeiros da Vila, coordena o bloco Cordão do Boitatá, e ainda faz muito mais: ministra aulas de música para crianças com deficiências no Rio de Janeiro.
Ele é Carlos Henrique Vicente, carinhosamente apelidado de Mangueirinha, e que fala com um orgulho imenso e muita emoção sobre a inciativa idealizada há 6 anos.
Mangueirinha conversou com o SRZD-Carnaval e explicou detalhes do projeto, em parceria com o Instituto Tim, que começou em 2010 com o nome de "Tim Música nas escolas", que contava com orquestra e bateria. A partir daí, passou a notar, no fim dos desfiles na Marquês de Sapucaí, que as pessoas com deficiência que assistiam à passagem das escolas nos últimos setores, vibravam com a presença dos ritmistas. "Quando a bateria passava era um alvoroço, eles gostavam muito daquilo. Aí um dia pensei: quero um desafio a mais."
Ele, então, lembrou do Instituto Benjamin Constant, especializado na educação de crianças cegas, e pensou em ajudar pessoas com outra deficiência: a surdez. "Fiz um projeto e meu coordenador levou para a Tim, que gostou da proposta. Lembrei que em Vila Isabel tinha uma escola de surdos, mas não confiaram muito. Me indicaram outra no Grajaú, onde as portas foram abertas, e comecei a dar aulas. A escola acabou fechando depois de um tempo, e meus alunos passaram para o Ines (Instituto Nacional de Educação de Surdos), em Laranjeiras, e fui para lá, onde fiquei um ano. Depois, meu coordendador foi para o Centro de Referência da Música Carioca, na Tijuca, passamos o projeto para lá, onde está até hoje", contou.
Há três anos, Mangueirinha passou a receber crianças e adultos com outros tipos de defiência. Inicialmente, a ideia era restringir a faixa etária do projeto até 21 anos, mas pessoas de mais idade procuraram por ele, interessadas nas aulas, e ele não negou ajuda. "Chegam cegos, autistas, pessoas com retardo mental, e mais velhas. E eu não posso fechar as portas. Estou lá de braços abertos recebendo todos eles".
Segundo Mangueirinha, seu maior desafio foi entender o "tempo" das crianças e aprender a ensiná-las da melhor forma. "Eu tive que aprender libras, por exemplo. No início foi bem complicado, porque eles demoraram a ter confiança em mim. Mas depois tudo caminhou bem."
Sensibilizado, Carlos Henrique disse que aprende muito mais do que ensina, diante das crianças, para lá de especiais. "A troca é imensa, principalmente para mim. É uma experiência que não tenho como descrever".
As aulas acontecem uma vez por semana, todos os sábados, de 10h às 12h30. Durante o ano, o grupo faz apresentações, e a principal delas vai acontecer neste sábado, na Praça Xavier de Brito, na Tijuca. Será um mini bloco carnavalesco, onde participarão crianças de cerca de 5 anos, todas fantasiadas.
Mangueirinha fez questão de deixar seu agradecimento ao Instituto Tim, que cede lanches e uniformes para as crianças, pela confiança e apoio ao projeto.
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Fonte: www.sidneyrezende.com/carnaval
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