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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Portela quer dar liberdade para o componente desfilar solto na ala no Carnaval 2013

Por João Santoro

“Madureira é muito mais do que um lugar é a capital do samba que me faz sonhar" é no sentido do trecho do samba para 2013 que o bairro se transforma toda quarta-feira, a partir das 21 horas, na Rua Clara Nunes, ou seja, na sede da Portela. Com um dos melhores sambas do ano e um bom enredo, o torcedor portelense se inspira para ensaiar e sonha em sair de uma fila indigesta sem títulos.

* VÍDEO: VEJA AQUI COMO É O ENSAIO DE COMUNIDADE DA PORTELA

Durante quase duas horas, os componentes enfileirados e divididos nas alas ensaiam canto insistentemente. Diferente de outras escolas, na Portela não tem uma evolução na quadra neste primeiro momento. Já para encerrar o ensaio, as alas são paradas em frente a diretores de harmonia que dão a liberação aos componentes para sair, ala por ala. Enquanto dentro da quadra todos cantam e muito, diga-se de passagem, na parte descoberta, Nilce Fran ensaia suas passistas que entram para fechar o ensaio na quadra.

* VÍDEO: CANTO DA COMUNIDADE DA PORTELA

Para o coordenador da agremiação, Alex Fab, esse ensaio durante a semana serve mesmo como afirmação do canto pelos componentes: - A prioridade é o canto. Já temos mais de um mês de trabalho e agora estamos vendo como os componentes estão reagindo com o samba. Temos trabalhado especificamente isso e depois soltar a escola para evolução.
Já o diretor de harmonia, Dudu Falcão, explicou o funcionamento do ensaio e também falou sobre um trabalho diferenciado feito pela diretoria: - Nós temos um trabalho diferenciado de algumas co-irmãs. Temos esse nosso ensaio as quartas, onde concentramos cerca de sete alas e em torno de 500 a 600 pessoas. Essas alas são de canto livre. Temos outros projetos diferenciados que dividimos entre terça, quinta e sábado e domingo. Essas outras alas, sendo elas coreografadas ou não, ensaiam toda semana também, mas não na quarta. Esse grupo chega há quase 1000 pessoas. Faltando menos de dois meses para o desfile, Falcão contou o projeto da azul e branca para a Avenida e também uma tentativa que ainda está complicada de colocar na cabeça dos componentes: - O projeto da escola para o carnaval são de 36 alas, dez delas são comerciais e cinco coreografadas. Estamos em um projeto que já vem do ano passado que deixa o componente desfilando igual nos anos 80, ou seja, todos soltos e sem lugar marcado. Infelizmente, hoje, isso é muito difícil, porque durante anos colocaram na cabeça desses componentes que eles precisam estar perfilados olhando para o coleguinha para marcar lugar e nós não queremos isso. A primeira e a última fila podem serem perfiladas, mas a galera do meio, queremos eles se divertindo sem marcar lugar. Agora, se o jurado vai entender isso ou não é outro problema. Lá de cima, ele vai ver o que está acontecendo, vai ver um desfile mais solto e tenho certeza que eles vão premiar a gente por isso.  

Para Fab é uma pena as escolas nesse ano terem apenas um ensaio técnico no Sambódromo e por isso mesmo, não só as ruas serão usadas pela escola para ensaiar: - Na verdade, não só para a Portela que é ruim, mas para todas as escolas acabam sendo prejudicadas. É uma oportunidade de ensaiar no campo do jogo. Tivemos que nos programar e vamos utilizar as ruas e também o Parque Madureira para suprir essa deficiência.

Como nos dias atuais de desfiles as alas coreografadas crescem a cada ano, a Portela também contará com esse recurso em seu desfile. Entretanto, Falcão afirmou que na Portela o importante é o componente desfilar feliz e isso eles estão procurando fazer: - Conversamos todo ano sobre isso. Não tem como negar que hoje o desfile é um espetáculo. Tem enredo e setores que precisam da coreografia. Porém, aqui queremos ver o componente feliz e desfilando. Nossas coreografias são leves e quando não são, nós colocamos umas duas passadas do samba com eles livres para brincarem.

O intérprete Gilsinho sempre está presente nos ensaios da comunidade. Ele faz questão de ficar no meio de todos e não no palco como acontece em quase todas as quadras. Gilsinho explica o motivo pela escolha desse modo de ensaiar. - Eu adotei esse método de trabalho para poder ver como a escola se comporta diante do samba e como o samba sai para a escola, então, nada melhor que ficar no meio dos componentes. Eu acredito que isso dá uma melhor percepção para mim e para a bateria, além dos músicos no palco. Eu estando aqui embaixo eles têm a confiança que está ocorrendo tudo bem.

A Tabajara do Samba também se faz presente e aproveita para ensaiar algumas bossas que podem ou não serem usadas. Mestre de bateria, Nilo Sérgio, falou o que pode ser feito de diferente do ano passado para o próximo desfile: - Vamos mudar um pouco, não vamos ousar tanto. Já criamos bossas e ensaiamos, mas elas já caíram. Vou refazer umas e ensaiar para poder levar para o dia de desfile.

Para quem quiser conferir mais o ensaio da Portela, é só chegar à quadra na Rua Clara Nunes toda quarta-feira e também aos domingos na rua do bairro ou no Parque Madureira. No Sambódromo, a Portela vai realizar seu ensaio no dia 19 de janeiro junto com Porto da Pedra e Beija-Flor. 


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