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quarta-feira, 6 de março de 2019

O dever, a paixão, a razão

No samba “A grande vitória”, o atual Presidente de Honra da Portela assim cantava em seu álbum de 80 anos de carreira: “A Portela espera/ Que cada um saiba cumprir/ Com seu dever”. Em entrevista concedida por Monarco, o mestre nos disse que essa passagem do samba havia sido endereçada à administração Nilo Figueiredo. Monarco chamava o portelense a se unir em prol da Portela. A profecia do samba se cumpriu em 2017, com o sonhado campeonato.

As paixões, em uma escola de torcedores e admiradores ferrenhos, às vezes fogem do controle e enuviam a razão. O filósofo Platão representou as paixões em uma imagem: uma biga guiada por um condutor que tem que lidar com um cavalo branco, bem alimentado e educado, e um cavalo negro, com fome e problemático. A sabedoria, o lado positivo da razão, era representada pelo cocheiro, que da melhor forma conduziria o veículo à verdade e ao equilíbrio. Neste carnaval de 2019, acendeu-se a chama das paixões com o enredo sobre Clara Nunes. O resultado do desfile, ao que parece, também provocou o irracionalismo de muitos. Paixões descontroladas podem fazer com que a biga escape das mãos do cocheiro. Daí, as palavras de Monarco soarem mais sábias ainda: administradores devem saber cumprir seu DEVER; torcedores DEVEM cumprir seu papel de torcer; homens sábios DEVEM saber conduzir a escola pelo melhor caminho possível.


Por se tratar de uma figura emblemática como Clara Nunes, o risco deste desfile era grande: se por um lado acariciava-se a massa portelense, com óbvios frutos políticos a serem colhidos em caso de êxito, por outro, havia o perigo do descontrole das emoções, em caso de fracasso. E aí chego ao ponto desta crônica: o desfile da Portela, que vem mobilizando paixões, algumas raivosas, de todos os lados. O descontrole nos faz esquecer nosso DEVER, como cantou Monarco. De um lado, busca-se um bode expiatório, que no momento é a carnavalesca Rosa Magalhães. Cada um, guiado por suas verdades, esquece a razão no cantinho e ajuda a empurrar a carruagem para as pedras. Por que não cobrar da diretoria como um todo, de sua comissão de carnaval e dos segmentos da escola? Por que o torcedor não pode cobrar? Por que o torcedor tem que “ir lá fazer”, se ele não foi eleito para isso? Sentimos falta das torcidas organizadas para dizer presente no momento mais esperado do carnaval.

Leia na íntegra em nosso site.

"Porque amar é fundamental"
www.portelamor.com

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