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sábado, 25 de agosto de 2012

'Estamos apenas propondo um maior cuidado com o dinheiro público', afirma Freixo

Por Patrícia Raposo

O mundo do Carnaval viveu momentos de controvérsias nesta semana, quando o deputado estadual e candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL) declarou, em entrevista a um telejornal, algumas de suas propostas com relação aos enredos desenvolvidos pelas agremiações, para o Maior Espetáculo da Terra. 
Em conversa com o SRZD-Carnaval, Freixo salientou que não tem nada contra nenhuma escola de samba, e que uma de suas maiores preocupações é o cuidado com o dinheiro público, além do compromisso de preservação com o interesse cultural da festa. O deputado disse, inclusive, que suas ideias são comuns às opiniões de diversas pessoas que vivem o mundo do samba. Pessoas estas, que o ajudaram na composição de seu manifesto à respeito do Carnaval carioca intitulado "Nossa Avenida vai além do Carnaval", lançado por ele no dia 29 de junho, na Câmara Municipal. 
"Existe um manifesto que não foi feito apenas por mim. Fiz com a colaboração de pessoas do samba que vivem o dia-dia, vivem o mundo do samba. O que a gente quer é fazer um debate profundo do Carnaval enquanto instrumento da cultura", explicou.
"Existe um processo de capitalização das escolas que tem feito com que elas percam completamente o compromisso com a questão cultural", completou.
Marcelo destacou ainda que não tem nada contra o Acadêmicos do Salgueiro, escola da qual se referiu na recente entrevista, ao citar seu enredo para 2013 como exemplo.
"Essas questões não têm nada a ver com escolas A, B ou C. Eu não tenho absolutamente nada contra o Salgueiro, tenho um carinho enorme pela escola, tenho muitos amigos Salgueirenses. O que eu fiz foi apenas dar um exemplo de enredo, mas poderia ter citado outros exemplos", lembrou.
"O que eu quis dizer é que qualquer atividade cultural, eu disse qualquer atividade, de qualquer área, seja ela na dança, no teatro ou na música, se entrar dinheiro público, o edital prevê contrapartida cultural", explicou.
'Isso não tem nada a ver com controle ou censura', destacou.
O candidato frisou que não tem como objetivo interferir nas escolhas dos enredos das agremiações.
"Isso não tem nada a ver com dirigir, controlar ou censurar enredos. Qualquer edital prevê isso para qualquer setor. Por que na escola de samba isso não pode? Por que na escola de samba é visto como censura? Por que na escola de samba não pode ter prestação de conta?, indagou.
"Se eu dissesse que o estado teria que determinar os enredos, é evidente que seria inaceitável, mas não é isso, cada escola escolhe seu tema. O que a gente quer dizer é o seguinte: se for usar dinheiro público para preparar um desfile, tem de ter contrapartida para a cultura do Rio de Janeiro", completou.
Freixo também comentou que entende que algumas pessoas possam vir a não concordar com suas propostas, porém, não podem rotular como intervenção ou censura.
"As pessoas podem não concordar com a proposta, eu acho que é legítimo, tudo bem. Podem falar que preferem que tudo ocorra sem exigências, tudo bem também. Agora, não podem acusar de intervenção, não é isso", argumentou.
Marcelo concorda com a modernização do Carnaval e defende o resgate cultural
"Estamos apenas propondo um maior cuidado com o dinheiro público, e utilizando os mesmos critérios que já valem para qualquer outro setor da arte, para o Carnaval", detalhou.
"Senão o Carnaval virou só uma questão de mercado sem qualquer compromisso, e eu não acho que essa festa possa ser só uma questão de mercado. Acho que ela tem de ter sua modernização, sua importância para o turismo, que inclusive deve ser preservado, porém, precisamos resgatar o interesse cultural. E isso, só o poder público pode fazer", completou.
Para finalizar, Marcelo Freixo afirmou que continuará lutando por um debate com propostas dignas para o Rio de Janeiro.
"Esse estardalhaço todo que aconteceu pode ter vindo de pessoas que querem continuar com o modelo atual e que, de certa forma, se prevalecem e prevalecem muitos setores", opinou.
"Tem muita gente distorcendo minha proposta e também sei que farão uso político disso. Eu não retiro nada do que eu disse. Minha preocupação é debater boas questões e fazer um bom debate em defesa do Rio de Janeiro", concluiu.

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