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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Chefe de gabinete da secretaria de Cultura é vaiado ao defender Crivella. Presidente da Portela é ovacionado pelo público

Por Guilherme Ayupp

A polêmica do corte do repasse da prefeitura do Rio de Janeiro às escolas de samba para o próximo carnaval chegou ao ponto de maior tensão na noite desta quinta-feira em uma audiência pública na Câmara de Vereadores. O evento foi organizado pela Comissão Especial de Carnaval e contou com depoimentos de sambistas, dirigentes e integrantes do poder público. Representado a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, seu chefe de gabinete, Vagner Fernandes, defendeu o corte proposto pelo prefeito Marcelo Crivella e respondeu aos ataques que o alcaide vem sofrendo por agir contra o carnaval por motivação religiosa.

– Se o prefeito é misógino, racista e intolerante religioso, o que explica ele ter colocado uma negra, sambista e militante das religiões de matriz africana em sua equipe de governo? O momento é histórico pois estamos discutindo o carnaval. É importante a amplitude desse debate. Há um déficit de R$ 3,8 bilhões nos cofres do município. Esse diálogo entre os poderes e o carnaval é muito importante. A prefeitura do Rio libera em julho a primeira parcela referente à subvenção, em cinco parcelas do total de um milhão. Na segunda o prefeito volta a conversar com as escolas para rever o posicionamento, incluindo o corte. – ponderou Vagner.

As declarações não caíram bem para os sambistas presentes e Vagner teve de conviver com algumas vaias vindas das galerias do parlamento municipal. O presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães confrontou o colega de mesa durante a audiência pública.

– Vagner eu conheço você há bastante tempo e eu acredito em suas boas intenções. Mas até o momento não tenho porque pensar em outra motivação que não seja a religiosa por parte do Crivella. Muita gente sofreu demais para chegarmos até aqui. Não tenho medo do carnaval acabar. Me preocupo sim com o momento atual. No período de guerras não houve verbas e foram carnavais paupérrimos, mas não acabou, pelo contrário, o carnaval se robusteceu. Eu tenho receio das motivações que estão nos trazendo a essa situação – argumentou.

O presidente portelense continuou e foi ovacionado pelo público.

– O carnaval é um espetáculo nacional, orgulho da nossa nação. Festa gestada por filhos e netos de homens e mulheres escravizados, nos devolvendo o nosso maior orgulho, que é o samba. Vão mudar a regra durante o jogo: ‘Como vou pagar meus funcionários se eu já havia iniciado o projeto’. Não houve diálogo algum, houve uma canetada. O diálogo começou agora, mas até esse momento não houve. Por que é tão difícil para as escolas terem um organograma de recebimento da verba? Enquanto as escolas forem tratadas dessa forma eu acharei essa história de maior espetáculo uma enorme cascata. Vamos avançar nessa luta esperando que não seja uma motivação religiosa. Compreendo a opinião pública que considera que tirar dinheiro do carnaval para creches é algo necessário. Mas não esperamos de um prefeito uma medida financeira, mas sim econômica – finalizou Luis Carlos Magalhães.

Vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco também atacou a fala do chefe de gabinete de Nilcemar e acusou a secretaria de Cultura de não realizar ações nas escolas de samba.

– O samba não vai acabar é claro. Mas não é porque diz a secretária de Cultura e sim porque os sambistas não vão permitir. A Secretaria Municipal de Cultura não realiza ação cultural nas quadras de nenhuma escola de samba do nosso município – afirmou.


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