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sábado, 25 de novembro de 2017

Paulo Barros revela escola do coração, relembra início da carreira e diz que odeia a ‘área de conforto’

Por Redação SRzd



Para encerrar o ano de 2017, a série Depoimentos para a Posteridade do Museu da Imagem do Som (MIS) recebeu como é tradição de final de ano, uma personalidade do Carnaval. O escolhido desta vez foi o carnavalesco Paulo Barros.

O encontro aconteceu na tarde da última quarta-feira (22), na sede do museu, na Praça XV. Entre os seus entrevistadores, Isabel Azevedo (diretora da Casa da Ciência), Luis Carlos Magalhães (presidente da Portela), além dos jornalistas Marcos Uchôa e Alice Fernandes. Comandou a mesa de perguntas, Rachel Valença, ex vice-presidente do MIS, colunista do SRzd e referência pública em carnaval carioca.

Com o auditório quase cheio, a sabatina começou com uma justificativa por Paulo ser tão jovem (55 anos) para estar ali entrando para a posteridade do MIS (que normalmente opta por personalidades acima dos 60 anos).

“Será que eu mereço?”, questionou o carnavalesco logo no primeiro minuto do depoimento. Foi quando o jornalista e um dos entrevistadores Marcos Uchoa respondeu: “isso é pergunta que se faça?

Apesar dos seus 55 anos, Paulo, você sempre foi um carnavalesco precoce, a frente de seu tempo, contemporâneo. ”

No que Paulo completou: “me tornei um engenheiro do Carnaval, graças aos ensinamentos do seu Valdir, meu pai, que era uma espécie de professor Pardal”, disse ele se referindo às influências familiares de infância.


Sobre como Paulo iniciou sua vocação para o samba, ele explicou: “nasci em Nilópolis. Ia para a quadra da Beija-Flor desde garoto. Cresci me interessando por este universo. Sou do tempo que ia toda semana nas lojas de LP para saber se já tinha saído o disco de samba enredo das escolas de samba”. Mas a verdade é que nunca imaginei ser carnavalesco. Só queria estar em um barracão, ir, produzir, vivenciar o dia a dia de uma escola que convivi desde muito pequeno. Só queria ter a felicidade de participar de um projeto”, completou com um olhar saudosista e emocionado.

Aliás, Paulo se mostrou bem emocionado ao longo das cinco horas de depoimento. E, quando questionado sobre o seu divisor de águas na carreira, o carro do DNA humano no desfile de 2004 da Unidos da Tijuca, ele disse: “tive a inspiração enquanto atravessava a ponte Rio-Niterói. Ao chegar no barracão da escola, já pedi ao artesão para reproduzir em ferro aquela imagem que tinha em mente. Desenhei com giz no chão para ele reproduzir e ali nascia o protótipo. Mas o mais importante, é que percebi naquele ano, que teria que me preocupar com os olhos de quem vê, para que os outros, meu público se emocione. Para mim, somente isso importa. Aí sei que cumpri o meu papel.”

Ainda sobre a sensação e o sentimento do momento que antecede cada desfile, ele completou: “Quando chego na concentração é o diretor de arte que tem que trabalhar, deixo de ser carnavalesco apenas. Saio da área de conforto. Aliás, odeio a área de conforto. Quando isso acontece, sei que é hora de um novo desafio.”

Quando perguntado por um dos entrevistadores se há sua interferência na escolha do samba enredo, Paulo Barros foi categórico: “Jamais. Nunca interferi. Não tenho conhecimento para isso. Cada macaco no seu galho.”

Sobre a fama recente, de produzir Carnavais caros, ele esclareceu: “Faço somente tudo que tenho que criar dentro do limite de orçamento disponibilizado por cada escola. Sempre trabalho em cima de orçamentos. E, tenho consciência que dou lucro”.

E, diante da pergunta mais esperada da tarde, sobre qual seria afinal, sua escola de coração, embora o carnavalesco tenha se esquivado ao longo de toda a sabatina, ele deixou a emoção falar mais alto e disse ser Portela. Segundo ele, uma entidade: “A águia é uma entidade. Quando fiz o Carnaval de 2016 pela Portela realizei um sonho”

E, embora neste próximo ano Paulo esteja a frente da Vila Isabel, Luis Carlos Magalhães, presidente da Portela e um dos entrevistadores, lhe interrompeu antes de encerrar a sabatina:

“Sei que você nos deixou por motivos administrativos, somente. Motivos estes, que são totalmente explicáveis. Nós não pudemos mais te dar o que você precisava em determinado momento. Mas nós nos veremos de novo e temos outro encontro já marcado, nós sabemos disso.” E, em tom muito emocionado, ele e Paulo Barros deixaram a plateia com um enigma a ser desvendado. Só o futuro dirá.

Fonte: www.srzd.com

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