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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cara a cara com Paulo Menezes

Por João Santoro

- Como você começou no carnaval?
Paulo Menezes: "Comecei em 91 para o Carnaval de 92 na Unidos de Manguinhos. Foi meio por acaso. Sempre desenhei e a pessoa que estava lá pediu para eu desenhar alegorias e fantasias. Ele saiu no meio e a escola pediu para que eu assumisse. Aceitei e fiquei dois lá. Depois, eu fui campeão no Grupo B, na Difícil é o nome. Em 98, eu fiz Engenho da Rainha. Em 99, eu trabalhei no Tuiuti. Até aí, eu fazia como hobby. Tinha meu trabalho de programação visual e quando cheguei no Tuiuti, a mosca me mordeu de vez. Foi uma subida meteórica da escola e vi que aquilo era o que queria fazer para sempre. Sou formado em história e antes só trabalhava em programação visual. Venho de uma família de portelenses fanáticos e sempre gostei de carnaval. Minha mãe levava amigos para ver os carros alegóricos na concentração. Nunca pensei em ser carnavalesco, mas quando entrei, não consegui sair mais".

- Tem vontade de fazer carnaval fora do Rio?
Paulo Menezes: "Sim. Já recebi convite, mas não aconteceu. Tenho vontade de fazer para saber como é".

- Qual é a diferença de fazer carnaval para o Acesso e Especial?
Paulo Menezes: "Tem vezes que o Acesso é mais fácil que o Especial. No Acesso, eu peguei antes do período das escolas na Cidade do Samba. Muitas vezes você montava o seu carnaval como o que poderia conseguir com outras escolas. Era outro tipo de carnaval, até mais romântico. O Acesso é mais de criatividade. O Especial é primeira linha. No Acesso, você tem que tentar iludir olhar do espectador e aí vem a criavidade. Ele exercita a sua capacidade e aí você chegou no Especial com a personalidade formada. No Acesso, você tem que colocar a mão na massa muito mais, porque as condições são infinitamente menores".

- Você sempre fala do carinho pelo trabalho na União da Ilha. Como foi esse trabalho?
Paulo Menezes: "A Ilha é uma escola de comunidade muito forte. Eu vivi um momento que a Ilha não tinha dinheiro para fazer carnaval. As pessoas iam para comprar fazer fantasia e comprar material. Era um grupo muito bom e forte. O laço de amizade continua e sempre que vou na quadra é uma festa. A mesma coisa encontro hoje na Portela.

- Como foi sua chegada na Portela?
Paulo Menezes: "Eu estava na Porto da Pedra e pensava em continuar. Teve um assédio muito grande da Portela e o meu orkut e demais redes sociais ficaram lotados de portelenses pedindo para que eu fosse para escola. Eles me transformaram ficar disponível para eles. A Portela é tão grande que não sei o tamanho que ela tem. Tudo na Portela ganha dimensão muito grande. A gente quer fazer o nosso carnaval e quer fazer o carnaval para Portela. O maior complicador é saber até onde vai o seu carnaval e o da Portela. Eu ganhei essa luta, porque o pensamento é muito próximo. O que eles gostam é a mesma coisa que também gosto".

- A Portela não ganha desde 84 e sozinho desde dos anos 70. Como explicar esse amor?
Paulo Menezes: "Não sei explicar. Tem um grupo que nunca viu a escola campeã e é extremamente Portela. Eles torcem até mais de muitos que puderam ver a Portela campeã. É uma força muito grande. Eu sou feliz trabalhando na Portela, apesar de todas dificuldades, onde tive momentos de pensar em desistir, mas o torcedor sempre me blindou de tudo e isso tudo motiva e faz você chegar ao nível que quer. O torcedor vai até o último grau e leva o profissional até o último grau".

- Quando você viu a foto do barracão da Portela na capa e manchete do jornal, o que sentiu?
Paulo Menezes: "Alívio, porque sabia que a partir daquele momento a escola ia começar a trabalhar. Estávamos trabalhando, mas não da maneira que deveria ser. Muita coisa saiu da maneira errada no jornal, mas a partir dali, a escola ganhou um novo gás. Quem viu o carnaval há 30 anos e vê hoje sabe que é outra escola".

- Você mudaria alguma coisa no julgamento do carnaval?
Paulo Menezes: "O julgador não deveria achar. Em alguns justificativas, eles dizem: 'Eu acho que poderia ter..'. Ele poderia achar, mas sim julgar em cima da proposta que foi feita pelo carnavalesco. Ele deve se abster de todo o respeito".

- Ter o prefeito portelense ajuda ou atrapalha?
Paulo Menezes: "No meu trabalho não ajuda e nem atrapalha. A nata da MPB é portelense. Eles não fazem pedido, ficam com medo até de atrapalhar. O prefeito nunca interferiu no trabalho. Ele é torcedor como qualquer outro torcedor.

- O que esperar do desfile da Portela em 2013?
"É um desfile de garra. A Portela está feliz com o samba e o enredo".

- Deixa mensagem para os portelenses
Paulo Menezes: "Há 30 dias todo mundo caiu de pau em cima da gente. Hoje, nós estamos com o projeto quase todo pronto e realizado. Tenho certeza que a Portela vai entrar na Avenida e fazer um grande desfile. Espero que todos sejam guerreiros, tenham orgulho da escola e mostrem o motivo da Portela ser tão amada".

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