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sábado, 15 de setembro de 2018

Portela promove festa para lançar filmes de alunos de projeto social no dia 21


Com entrada franca, evento na quadra da agremiação terá, ainda, show com rapper Chico Tadeu

 
A Portela e a produtora Canto de Sala vão promover uma grande festa de lançamento dos filmes produzidos pelos alunos do projeto social de audiovisual Por Telas. Os três curtas selecionados serão exibidos na próxima sexta-feira (21), a partir das 20h, na quadra da agremiação, em Madureira, com entrada franca. 

Durante duas semanas os futuros realizadores de audiovisual produziram filmes que falam sobre a invisibilidade da mulher no samba, do mestre Paulo da Portela e do ex-jogador de futebol Paulinho, conhecido como "Ladrão de Bola". 

A abertura da noite será com apresentações musicais. Em seguida, serão exibidos os filmes "Procuram-se Mulheres", de Rozzi Brasil; "Um Craque Esquecido", de Ygor Lioi; e "Do Samba ao Sample: Entre Duas Culturas", de Ruan Lucena. O encerramento será com DJ e show do rapper Chico Tadeu, também aluno do projeto.   

Os curtas são resultado da oficina de audiovisual - pioneira no carnaval - lançada em abril, quando a escola completou 95 anos. A primeira turma reuniu 22 moradores de Madureira e bairros vizinhos em aulas de cinema realizadas entre maio e agosto, duas vezes por semana, na quadra, sob o comando do cineasta André da Costa Pinto e idealização da produtora cultural Cecília Rabello.

"Essa é uma primeira ação dentre tantas que ainda pretendemos realizar. Essa turma e esses projetos são a prova de que com investimentos em educação e cidadania, você aponta outros caminhos capazes de formar novas realidades. Estou muito orgulhosa desses novos realizadores que estreiam sua obra na telona. Afinal o caminho final de um filme é a exibição, então estamos proporcionando uma boa estrutura de exibição para celebrar junto a comunidade o lançamento dessas obras", comemora Cecília.

O curso contemplou aulas de roteiro, direção, produção, fotografia, som, montagem, direção de arte e direitos autorais com profissionais do mercado. Em seu primeiro momento, cada aluno escreveu um roteiro e, por votação, três foram selecionados para que virassem curtas. "Muito gratificante chegar a conclusão desse projeto não só pela realização dos filmes, mas por entender que além de formação profissional que é um indicador importante para cidadania, ainda estamos contribuindo para preservação de memória dessa comunidade", diz André da Costa Pinto.

Para o presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, o evento representa um importante capítulo para a história da escola. "A exibição dos filmes na quadra mostra que o sonho virou realidade. O Por Telas, além de ser pioneiro, é uma grande vitória para a Portela e para todos os envolvidos nesta iniciativa. No ano que a Portela faz 95 anos, é motivo de muito orgulho termos um projeto social tão bonito assim. Estou ansioso para poder ver o trabalho dos alunos."

A quadra da Portela fica na Rua Clara Nunes 81, em Madureira. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3217-1604.


Mais sobre os filmes 


"Do Samba ao Sample: Entre Duas Culturas", de Ruan Lucena

"O objetivo desse texto, e posteriormente a produção audiovisual, é reconstruir a trajetória pessoal e o legado do compositor Paulo Benjamin de Oliveira – o Paulo da Portela – para o cenário cultural do samba carioca nas décadas de 20 a 40 do século XX. Para tal, me baseei em pesquisadores especializados em cultura popular, relações etnicorraciais, samba e sociedade carioca do início do século XX, bem como biografias. As leituras permitiram levantar e discutir articulações históricas entre a relação de Paulo da Portela com figuras como Getúlio Vargas e Walt Disney, bem como a construção da identidade do país através da divulgação nacional e internacional do samba como identidade cultural do Brasil. Como principal conclusão é assinalada a influência da personalidade de Paulo da Portela tanto no perfil das canções, hábitos e vestuários dos sambistas cariocas, quanto das representações sobre o negro e do subúrbio do Rio de Janeiro. Destaco ainda que o principal legado de Paulo, além de ser um dos fundadores da escola de samba Portela, é ter sido responsável pelo formato de institucionalização dos diversos grêmios recreativos escolas de samba nos moldes como são mais conhecidos nos dias atuais." 


"Um Craque Esquecido", de Ygor Lioli

Marechal Hermes, 1941, antiga Rua da Barreira. "Lá vai Geninho...Avança pela ponta esquerda, joga por entre as canetas do zagueiro rubro-negro. Que linda jogada pintando! Vai ao fundo, olha o cruzamento... PERÁCIO... GUARDOU... GOLLLLLL... É do Botafogo!!! PERÁCIO... O craque alvinegro abre o placar na Barreirinha." Eis que começa o sonho! O sonho da maioria dos meninos brasileiros, o de ser um craque de bola. Um deles, nascido lá pelos idos de 1932, em Marechal Hermes, também nutria esse sonho. Sonhava em ser PERÁCIO, em fazer gols em General Severiano, Laranjeiras, e no maior estádio das Américas: São Januário. Quis o destino que o menino Quinho virasse uma estrela em potencial do escrete suburbano da Rua Conselheiro Galvão, o Madureira F.C, para, mais tarde, brilhar em outro palco, o agora majestoso, onipotente, grandioso, maior do mundo, Estádio Jornalista Mário Filho, o nosso Maracanã. Paulinho, na fase adulta; Quinho, para os amigos de infância e família. No meio futebolístico logo se destacou e ganhou um apelido curioso: “Ladrão de bola” , o que lembrava características da essência do futebol brasileiro, o primeiro "Ladrão" do futebol brasileiro. Quinho brilhou com as camisas de Madureira, Botafogo, Náutico, Canto do Rio, Fluminense, Bonsucesso e Seleção Carioca. Se outrora fôra um craque, lembrado por muitos, ovacionado por uns e odiado por outros tantos, nos dias de hoje, nao se lembra das coisas, como tampouco é lembrado pela grande mídia. O célebre Paulo Roberto Falcão disse que o jogador tinha duas mortes. A primeira foi quando pendurou as chuteiras e, a segunda, sua morte física. Seria o esquecimento a terceira morte?"


"Procuram-se Mulheres", de Rozzi Brasil

A mulher é invisível no samba? Invisível, porém imprescindível. O que mantem uma estrutura de pé quase sempre é invisível. É preciso dar à luz o samba que nos desfiles de carnaval foi preterido em detrimento da plástica, da estética de um produto oferecido ao mundo que não necessariamente espelha a realidade. Aqui, na origem, a mulher surge nos segmentos sustentando as instituições mantenedoras das “raízes”, ainda que o ambiente permaneça sequelado de machismo, elas conduzem alas de compositores, tocam firme na bateria, têm sucesso como carnavalescas; estão à frente de projetos de preservação do patrimônio imaterial das suas agremiações. Muitas estão inseridas em rodas de samba, atualmente o nicho onde o samba de raiz mais se expõe.

Gostaria de mostrar mulheres em atividades diversas no samba e trazer a pergunta: é questão de gênero ou questão de pessoa, a raridade de mulheres em posições decisórias nas escolas ou liderando rodas de samba? Eu percebo que as pessoas do “samba de raiz” parecem ter alguma resistência em valorizar os novos enquanto, com justiça, exaltam os antigos compositores, mas por que não, uma repaginada permitindo que enxergássemos dentre os novos talentos várias mulheres nas alas de compositores das escolas.

Teríamos novas carnavalescas surgindo? Às mulheres, no samba, é permitido que participem e daí? Gostaria de um olhar mais apurado e carinhoso para essas mulheres do samba. As "minas" da bateria, as garotas que tocam em rodas e blocos, as compositoras das alas das escolas, as cantoras dos carros de som. As pretas cujas rodas são chamadas apenas de evento. Uma roda de samba será sempre uma roda de samba, não é um chá de panela.

É necessário um movimento de extrusão, para que venha à superfície o trabalho e a figura da mulher que deixou para trás a exclusividade da exibição do seu corpo no carnaval. Elas estão vagarosamente ocupando espaços, mas tudo o que é de dentro pra fora é mais demorado."



Foto: Divulgação
Legenda: Alunos do projeto Por Telas durante externa



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