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sábado, 26 de novembro de 2016

Museu do Samba é centro de debate sobre o quesito mestre-sala e porta-bandeira

Por Pedro Henrique Leite

O Museu do Samba realizou na última sexta-feira (25), um encontro de mestres-sala com o intuito de abordar o atual modelo de julgamento no Carnaval, relembrar a origem desse importante quesito e debater ideias para o futuro do segmento.

O debate foi mediado por Nilcemar Nogueira (diretora executiva do Museu do Samba), Hélio Ricardo Rainho (colunista do SRzd Carnaval) e Squel Jorgea (porta-bandeira da Mangueira) e contou com a participação de Manoel Dionísio, fundador de um dos mais importantes projetos de formação de mestres-sala e porta-bandeiras (Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Manoel Dionísio) e comentarista no portal SRzd Carnaval e a porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso.

Fizeram-se presente: Sidclei do Salgueiro, Marquinhos do Paraíso do Tuiuti, Fabrício Pires da São Clemente, Alex Marcelino da Portela, Diogo Jesus da Mocidade, Daniel Werneck da Grande Rio, Phelipe Lemos da União da Ilha, Thiaguinho Mendonça da Imperatriz Leopoldinense e Claudinho da Beija-Flor. A porta-bandeira da União da Ilha, Dandara Ventapane também marcou presença.

Ao dar o pontapé inicial, Nilcemar Nogueira, fez um breve histórico do período Brasil colônia, explicou como surgiu o samba-enredo e desabafou:

“O samba é para todos nós sambistas uma relação visceral. Você não deu os 40 pontos em três anos, tu tá na pista. Tem que ficar mendigando uma roupa, um sapato para poder representar a escola. Lutem para que a dança de vocês não seja tão simplificada ao ponto de ser copiada” – comentou.

Para Manoel Dionísio, não basta ensinar os fundamentos técnicos nos projetos de casais. Segundo ele, é preciso falar sobre a história e origem do quesito e o que representam:

“Ensinar a menina rodar para a esquerda e para a direita não é o suficiente. É preciso ensinar a nossa história, as características da nossa dança” – frisou.

A Estação Primeira de Mangueira, campeã do Carnaval, foi representada pelo seu segundo mestre-sala. Renan Oliveira, que explicou o tamanho da responsabilidade em defender um pavilhão e disse estar honrado pela oportunidade em discutir o quesito ao lado de ícones:

“O pavilhão pesa mais de 100kg na mão esquerda. Na minha vida como mestre-sala, esse é o momento mais importante, pois, estou ao lado de referências no quesito”.

Daniel Wernek, que gabaritou o quesito em 2016 ao lado de Verônika Lima na Grande Rio, pediu por respeito e caráter:

“É preciso saber chegar, respeitar os mais velhos e os que estão começando da mesma maneira. É preciso ter caráter.”

O mestre-sala da Beija-Flor, Claudinho, deu uma aula de vivência no meio e diz torcer para todos os casais na apuração:

“A bandeira não é só um tecido. A bandeira move uma comunidade, pessoas que torcem e que se emocionam. Só a gente que está sabe como é essa responsabilidade. Eu torço para todo mundo tirar 10. A hora de todo mundo chega, mas chega para quem tem paciência e humildade e não para quem não tem caráter e nem personalidade.” – explicou.

Para finalizar o encontro, a palavra foi dada à Selminha Sorriso, que fez um desabafo e explicou que o sucesso não tem “receita”:

“Tá faltando ética e respeito no ser humano e não é só na Carnaval não. É no ser humano. As pessoas de bem não estão em extinção. Tem muita gente boa, tem muita gente legal, batalhadora e guerreira. Nós temos que aprender a ser feliz de acordo com aquilo que a gente tem. Chegar ou não cegar não dá para saber. Uns chegarão e outros não chegarão. A gente tem que batalhar sem passar por cima de ninguém. Não tem receita, mas ética e fazer o seu trabalho sem se preocupar com os outros é fundamental. É preciso respeitar a hierarquia. Se você respeita a sua casa tem que respeitar sua escola de samba. O que de fato importa é nosso caráter, o nosso valor, o nosso eu. O samba mudou a minha história. O sol é para todos, só está na escuridão quem quer e eu escolhi ficar no sol.” – refletiu, Selminha.


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