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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Iluminação do Sambódromo segue a polêmica do carnaval

Por Tatiana Perrota, Alex Campos e Guilherme Ayupp

O Sambódromo da Marquês de Sapucaí é um projeto de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, implantado em 1983, para o desfile de 1984. O lighting designer Peter Gasper, pioneiro na arte de iluminação no Brasil, foi parceiro de Niemeyer e assinou o projeto de iluminação da Avenida. Com a evolução cada vez mais crescente do Maior Espetáculo da Terra, após mais de 30 anos de sua criação, a iluminação tornou-se um assunto polêmico, com divergentes opiniões no meio carnavalesco. Há quem prefira uma iluminação mais artística, há quem esteja satisfeito com a iluminação existente e consiga se adaptar bem.

O CARNAVALESCO conversou com as figuras mais interessadas no assunto, os desenvolvedores do espetáculo, os carnavalescos. Max Lopes, atualmente na Viradouro, aposta sempre nas cores de suas fantasias e alegorias para driblar a iluminação da Avenida. – A luz não pode ser fraca, senão quem está assistindo não vê nada. No teatro temos um espaço físico mais limitado, mas na Avenida ele é linear, você passa em uma reta. A luz é chapada, isso é um fato, mas através do colorido consegue-se trabalhar para que isso não cause um efeito tão chapado nas alegorias e fantasias.

Desenvolvendo o Carnaval 2016 da Mocidade Independente de Padre Miguel, Alexandre Louzada acredita que um dia a tecnologia, em constante crescimento, vai ajudar a encontrar um caminho e solucionar essa questão. – A iluminação é muito forte, acredito que essa seja uma opinião geral. Entretanto precisamos entender que parte do dinheiro para fazer o carnaval vem da TV, e a TV precisa dessa luz. Eu acredito que um dia a tecnologia nos ajudará a encontrar um caminho, um meio termo. Ao desenvolver nosso projeto a gente vai se adaptando, criando sombra nas alegorias para ela aparecer. Carnaval é festa, é luz, mas às vezes criamos enredos dramáticos, e o drama precisa de uma luz mais pálida que não conseguimos obter na Marquês. Porém acho que todos os carnavalescos já tem seu pulo do gato e estão acostumados a tirar melhor partido disso. Em minha opinião, temos até outra prioridade. Antes de ser consertada a iluminação deveriam olhar para a concentração e dispersão afinal tem um palco, mas não temos um camarim.

Integrando a comissão de carnaval da atual campeã do carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis, Fran Sérgio faz parte do grupo que, hoje, está satisfeito com o que é oferecido na Avenida a respeito de iluminação. - A Sapucaí é muito clara, quase dia, mas já melhorou isto já foi mais acentuado. Teve uma época aí que era bem mais branco. Eles deram uma queda na iluminação, melhorou bastante, você consegue visualizar mais a cor, mas a iluminação da agremiação. Porque cada escola possui sua própria iluminação. Eles tentaram fazer coisas coloridas, mas é questão mesmo disso, tem que saber valorizar mais a iluminação da escola, não a luz tão branca. Eles realmente, gradativamente, estão acertando, fazendo com que a iluminação valorize o trabalho exposto ali, não atrapalhe.

Carnavalesco da Unidos de Vila Isabel, Alex de Souza relembra que essa polêmica existe desde a época de Joãosinho Trinta, que sempre reclamou da iluminação. - A boa e velha discussão da iluminação existe desde a época de Joãozinho 30, ele sempre reclamou disso. Porque a gente faz um tipo de espetáculo que necessita de iluminações diferentes em diferentes pontos, você tem uma estrutura onde a iluminação é pensada para valorizar o objeto alegórico, aquela coisa que vai desfilar. Ali, na verdade, você não sabe se o carro está aceso ou apagado. Na hora de criar uma alegoria eu penso nisso. Na Avenida a luz é absurda, muito forte, chapa tudo, não é legal.

Júnior Pernambucano, carnavalesco do Império da Tijuca, e Edson Pereira, que divide suas funções entre a Unidos de Padre Miguel e a Mocidade Independente, sugerem que a iluminação seja repensada e levada para o lado mais artístico.

Experiente, Rosa Magalhães acredita que é impossível mudar, pelo menos por agora. – A iluminação foi feita anos atrás pelo Peter Gasper, naquela época era tudo diferente do que é hoje. Mas acho impossível mudar, a própria televisão mudou, mudou suas câmeras. Teve um ano que fizeram tudo escuro e as pessoas, nas frisas e arquibancada, não conseguiam ler um papel. Tem que haver um equilíbrio entre a iluminação e o escuro. Mudar de acordo com os carros é impossível, requer uma estrutura muito bem pensada, mas podia ter outro tipo de iluminação que não precisa ser tão feérica.

O assunto ainda levantará muita polêmica, mas precisa ser avaliado e estudado junto a quem desenvolve o trabalho na Avenida. 


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