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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Tudo azul! Falcon ouve baluartes e vai disputar eleição na Portela

Por Redação

A ideia acalentada pelo vice-presidente da Portela de não colocar chapa na eleição da azul e branco este ano não foi aceita. Apesar de reconhecerem que a rotina de dirigente de escola de samba é dura e sacrificante, nomes de grande relevância na agremiação de Madureira e Oswaldo Cruz não admitem a hipótese de Marcos Falcon deixar a direção da escola na próxima gestão.

Monarco, presidente de honra, Noca, consagrado compositor, Vilma Nascimento, eleita dias atrás Cidadã Samba em concurso do jornal Extra e maior porta-bandeira de todos os tempos, e Tia Surica, a mais famosa pastora da Velha Guarda Show, são firmes na defesa da permanência do vice, que também responde pelo cargo de supervisor de carnaval.

– Quando fiquei sabendo, fiquei triste. Depois de uma luta dessas, ele vai jogar a bandeira dessa luta fora? Foi isso que pensei quando soube. Quando concordei em entrar na chapa pra disputar a eleição em 2013, como presidente de honra, acreditei que estava entrando em um grupo de gente honesta e capaz de organizar a escola. E não me arrependi em um só momento. Falcon teve pulso pra agir nos momentos mais difíceis. Conseguiu fazer a Portela voltar a ter vergonha na cara. Ele não fez nada sozinho, claro, mas ninguém duvida que o Falcon é hoje o grande braço forte da Portela. Não tem cabimento ele parar – frisa Monarco.

Outros baluartes defendem permanência de Falcon no comando: “Eles acabaram com o roubo na Portela”, sentencia Noca

Noca disse que quando soube da ideia do vice de não postular qualquer cargo na futura administração ficou bastante chateado.

– Eu estava em São Paulo quando tomei conhecimento. Depois de tanto tempo, a Portela tem uma diretoria honesta e agora o Falcon vem abrindo de lona? Não pode. Que isso?! A Portela está há 45 anos sem ganhar um título sozinha. Já é peso demais pra gente carregar. A diretoria da Portela, com Serginho (Procópio, presidente) e com Monarco, presidente de honra, deu uma nova cara à escola. Eles acabaram com o roubo na Portela e, para o portelense, é o que mais importa. E agora vai sair? Mas não vai mesmo!

“Se ele sair, eu saio antes”, decreta Vilma Nascimento

Vilma Nascimento contou que nos últimos dias foi questionada por muita gente sobre a decisão de Falcon não permanecer na administração da escola.

– Eu só respondia que se ele insistisse nisso, ia bater nele. Só voltei para a Portela por causa dele, porque acredito nele. O Falcon deu credibilidade à escola depois de muitos anos. Se ele sair, eu saio antes. Eu e toda minha família. Podem ter certeza.

Tia Surica lembrou que a notícia de que ele não pretendia integrar qualquer chapa na próxima eleição mexeu muito com o ânimo dos portelenses.

– Claro que todo mundo levou um susto. Eu não tinha conversado com ele sobre isso e toda vez que eu tocava no assunto, depois que saiu a notícia, ele só dizia que depois a gente ia conversar. Mas não tem essa. A escola confia nele e a gente precisava de uma pessoa de confiança para dirigir a Portela. Na hora que a gente encontra essa pessoa, capaz de fazer a Portela voltar a ser bem falada, vai deixar sair assim? É uma coisa fora de cogitação.

“Sempre foi prioridade conseguir formar um grupo unido”, comenta Falcon sobre a formação da chapa de oposição há três anos

Centro da polêmica, Marcos Falcon revela que não esperava que sua decisão pudesse provocar tanto rebuliço no meio portelense. Ele lembra que na montagem da chapa que disputou com Nilo Figueiredo o direito de comandar a Portela no triênio 2013/2016, o nome dele chegou a ser ventilado, inúmeras vezes, para encabeçar o grupo de oposição, hipótese que ele sempre descartou.

– Pra mim tanto fazia ser presidente, vice, diretor de barracão ou administrador financeiro. Na minha cabeça, sempre foi prioridade conseguir formar um grupo unido, disposto a trabalhar dia e noite pra tentar recuperar a imagem da Portela. Até aqui vem dando certo e isso continua na minha cabeça como ideia fixa. Disputamos dois carnavais, não ganhamos nenhum, mas todos nós reconhecemos nossos méritos, de termos conseguido fazer com que a Portela voltasse a ser competitiva. Temos orgulho disso e sinto que todo portelense que vive o dia a dia da escola também tem – afirma o dirigente.

“Fazer o carnaval que a Portela vai mostrar na Sapucaí na segunda-feira que vem, foi muito sacrifício.”, revela o vice-presidente

Falcon ainda acrescenta que nem sempre a vontade de acertar é suficiente para uma administração ser bem-sucedida.

– Pegamos a Portela com uma dívida de quase 16 milhões de reais, além de ações trabalhistas que nos tiraram o sono nos últimos anos. Tive que desdobrar pra chegar até aqui e não desapontar os portelenses e toda a comunidade que se empenha nos ensaios. Pra fazer o carnaval que a Portela vai mostrar na Sapucaí na segunda-feira que vem, foi muito sacrifício. Sem patrocínio, com a ausência de parceiros por causa da crise, não só eu, mas toda a equipe de quadra e de barracão, teve que se dedicar mais do que nunca. Chega uma hora que é normal todo mundo achar que está chegando ao limite. Tenho filhos adolescentes que sei que precisam do pai perto deles, orientando. E praticamente não tenho mais tempo livre para curtir minha família. Chegaram a especular que minha decisão tinha a ver com desentendimentos na escola, o que não é verdade. Não há clima ruim na Portela. Mas ouvindo tudo o que ouvi dos baluartes e de funcionários de todos os setores, concluí que não está mesmo na hora de parar. Noca, Monarco, Tia Surica e Vilma foram os primeiros grandes nomes da escola que incentivaram a criação de uma chapa de oposição. Não tenho como ignorar o que eles dizem. Então, o que estou me prometendo fazer depois do desfile é tentar tirar uns dias de folga e tentar otimizar melhor o meu tempo para ter como me dedicar mais à família. Mas uma coisa vou continuar fazendo: enquanto Deus me der força e saúde, ninguém vai sacanear a Portela – conclui o vice-presidente.

A eleição na Portela será em maio e terá, sim, Marcos Falcon na disputa. Para tranquilidade da família portelense.


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