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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Menino-prodígio das esculturas brilha no barracão da Portela

Por Hélio Ricardo Rainho

Há quatro anos atrás, Max Müller era apenas um rapaz de 18 anos preocupado com o alistamento militar e com os esboços de desenhos de mangás e HQs que o divertiam. Até que uma intervenção de seu pai, que o apresentou a amigos ligados ao barracão da Portela, mudou sua vida. Max conheceu Lael, renomado escultor da escola, e foi aprender a tornar concretas as criações que antes habitavam folhas de papel.
 
Hoje trabalhando como escultor na Cidade do Samba, só recebe elogios. O principal deles vem do carnavalesco Paulo Menezes que não mede esforços para elogiar seu pupilo. "Esse é um garoto que estou carregando debaixo do braço. Tem uma visão artística muito interessante, é um grande talento. Estamos investindo nele" - revelou.
O jovem escultor com nome alemão e apelido de craque (muitos o chamam de "Neymax", numa associação com o craque de futebol cujo penteado ele copia) é um autêntico intuitivo. "Procuro sempre aprimorar meu trabalho, aprender, caprichar nos detalhes. Mas nunca estudei nada disso. Vim do desenho e aprendi a esculpir com o Lael. Descobri que tenho esse dom" - explicou, de forma contida e simples, bem a seu jeito. "Aproveitei a experiência de desenhista e o conhecimento de escala, noção de espaço e volume para aplicar ao esculpir as peças".
Para Max, essa é uma arte diferenciada. Sobretudo pelo desafio de se esculpir obras para um tipo de apreciação diferente: não em galerias, mas no gigantismo que requer o desfile, numa avenida. E ainda por cima ter que assegurar uma boa nota no julgamento:
"A escultura na avenida é vista de longe, sob diferentes ângulos. Ela tem perfil e perspectiva. O principal, a meu ver, é sentir-se à vontade olhando para ela de todos os ângulos. Se você olha de um lado, ela te parece bem, mas não causa o mesmo efeito olhando de outro, há um desequilíbrio...precisa melhorar" - teoriza, revelando seu lado perfeccionista.
Max destaca os detalhes de composição das esculturas, como a pesquisa das expressões dos personagens, que devem estar de acordo com o que eles estão representando dentro do enredo. E lembra que a confecção das peças requer etapas, porque algumas precisam encaixar em outras, dar espaço para os destaques que ocuparão os carros etc.
"Às vezes a gente atravessa a noite fazendo um trabalho. Mas eu costumo dizer que, quando se demora muito diante da peça, a gente a fotografa e perde o sentido crítico. O ideal é você sair, voltar depois. Quando você retorna e revê a peça, tudo muda. Fica mais fácil encontrar imperfeições e fazer os retoques." - sentencia, mostrando que a pouca idade em nada o impede de filosofar sobre sua arte.
GALERIA SRZD: Veja, a seguir, algumas fotos de esculturas desenvolvidas no barracão da Portela
 
 
 


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