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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Passista da Portela é Rei de bateria em bloco feminino de Vila Isabel

Quem acompanha as rodas de samba na quadra da Portela está acostumada a ver a classe e a elegância do malandro negro, de ginga apurada, riscando o chão nas apresentações da ala dos passistas comandada por Valci Pelé e Nilce Fran.
Engajamento, talento, vocação e muito samba no pé. Gulherme Luiz dos Santos Neto. No samba, Guilherme Camará. "Camará" das gingas de capoeira, dos versos de "Fuzuê", música cantada por Clara Nunes, obra dos portelenses Romildo e Toninho Nascimento. O passista da azul e branco de Madureira acaba de conquistar mais um título: ele será o rei de bateria do bloco Mulheres da Vila, um tradicional movimento de mulheres sambistas que resolveram exaltar, em cor-de-rosa, os atributos masculinos durante a folia de Momo. Cansadas de verem musas esculturais nos desfiles, as Mulheres da Vila apostaram no charme e no gingado do malandro de Madureira para fazerem a diferença. Guilherme acreditou no desafio como um importante veículo para afirmação de seu segmento, enxergando na oportunidade uma forma de revalidar a importância dos dançarinos do samba dentro do carnaval carioca. Entrou de cabeça na disputa: foi lá, viu e venceu.
Deu Camará na cabeça!
"Estou realizado e muito feliz. É muito bom ver o samba dos passistas masculinos ter esse valor e esse espaço. Salve o nosso samba masculino cortejando as mulatas nas rodas de samba!" - afirmou Guilherme, prometendo empenho e dedicação na função, como forma de retribuir o carinho e o prestígio que lhe foram dedicados no bloco.
Mas Guilherme é bem mais do que uma boa estampa a exibir suor e músculos num desfile de carnaval. Consciente, atuante e engajado, ele é professor de danças africanas, pesquisador de manifestações culturais, percussionista e participa do projeto ""Programa de Criança - Petrobrás", vinculado à Organização de Direitos Humanos - Projeto Legal. O trabalho busca integrar crianças carentes à ascensão social através do envolvimento em práticas culturais. Fazer um trabalho social com crianças através da arte e da cultura lhe tem proporcionado uma grande satisfação. "É importante porque o trabalho social desperta as crianças para a cultura, dá uma nova visão" - contou.
Formado em Educação Física, Guilherme é também personal trainner, professor de danças e ritmos populares. De Madureira, herdou a vocação para o jongo, dança afro-brasileira preservada sobretudo na Serrinha, reduto de bambas do Império Serrano. Buscando horizontes mais altos, faz dança de salão e está aprendendo, também, os passos de mestre-sala. E ainda encontra tempo para coreografar apresentações em eventos especiais e festas de 15 anos. Haja fôlego!
Incansável, o passista portelense e rei de bateria das Mulheres da Vila dá seu recado certeiro:
"Primeiramente, humildade acima de tudo! Agora reinarei para essas mulheres de Vila Isabel. O grande mestre Valci Pelé é o incentivador disso tudo! Salve a Malandragem!" - conclui o rei malandro mais trabalhador do pedaço.
"Ê, Camará!!!"

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