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sábado, 26 de janeiro de 2013

Paulo Menezes conta como será o desfile da Portela no Carnaval 2013

Por João Santoro

Assinando pelo quinto ano consecutivo um carnaval do Grupo Especial, Paulo Menezes é a grande esperança dos portelenses para o carnaval. O carnavalesco, que iniciou sua carreira desenhando figurino na Unidos de Manguinhos, veio a realizar um desfile em 1994 pela Difícil é o Nome. Depois, teve passagens pelo Paraíso do Tuiuti - levando agremiação ao Grupo Especial - União da Ilha, Mocidade, Império Serrano e Porto da Pedra, até chegar na Portela para o carnaval de 2012.

Atualmente, nem todos os enredos tem agradado aos críticos e torcedores, porém, a vida do carnavalesco não está tão complicada, pelo menos na azul e branco de Madureira. No ano passado e agora, a agremiação veio com grandes propostas de enredos e grandes sambas ajudando no trabalho de desenvolvimento. Se alguns problemas incomodam durante o trabalho, o carinho que os portelenses têm pelo carnavalesco faz com que o trabalho se torne mais prazeroso:

- Existem algumas escolas pela qual a gente passa que conseguimos construir uma história. Duas escolas que posso dizer que senti essa identificação muito forte foram a Portela e a Ilha. Eu tenho uma identidade mesmo. Na Portela, nós passamos por momentos difíceis e o portelense só faltava me carregar no colo e me blindou de tudo que estava acontecendo. Não sei se era para tentar me proteger ou por carinho. Isso foi muito forte nesses períodos conturbados. Então, a escola fez muito isso comigo. Na Ilha, tenho amigos que frequentam minha casa até hoje.

Menezes contou sobre o conceito do enredo “Madureira... Onde o meu Coração se Deixou Levar”: - É um resgate da história do bairro. Madureira de repente virou moda e atração turística. Os olhos das pessoas começaram a se voltar para aquele lugar. Vamos tentar mostrar um pouco da história do bairro e o que levou Madureira a ter aquele histórico peculiar, o histórico do samba, da brincadeira, da malandragem é tentar mostrar tudo que passou por Madureira até os dias de hoje.

Através de pesquisas em livros e de campo, o carnavalesco conversou também com o baluarte Carlos Monte. A parte de pesquisa é, para Menezes, a melhor parte do carnaval. Ele prefere não contar com um historiador e fazer essa parte ele mesmo, já que é formado em História. O próprio explicou o caminho da pesquisa:

- A escola me pediu para fazer um carnaval sobre Madureira. Chegou à minha mão apenas o nome do bairro, o resto foi por minha conta. O Paulinho da Viola está completando 70 anos e o sonho de todo portelense era ter um carnaval sobre ele. Ano passado, quando cheguei, muitos pediam para fazer um enredo sobre Clara Nunes, mas, nos dias atuais, a escolha de um enredo não está mais na alçada do carnavalesco. Alguns anos atrás, sim; hoje estão em um novo estágio do carnaval. Esse ano, pensei a mesma coisa do ano passado; o cantor é o fio condutor do enredo. Os 90 anos da Portela serão comemorados com esse desfile, mas a história dos 90 anos não faz parte do enredo.

O carnavalesco mostrou como será contado o enredo na Avenida: - A gente começa o enredo com o Paulinho da Viola e o enredo de 1970, "Lendas e Mistérios da Amazônia". A partir daí, Paulinho mergulha na história de Madureira e começa a descobrir o amor dele pelo bairro e o amor do portelense pela bandeira. No segundo setor, a gente fala sobre a formação histórica do bairro. Vamos falar sobre os engenhos de cana, da ocupação da terra, da formação das fazendas, quando Madureira deixa de ser uma terra vazia e começa a ser ocupada. No terceiro, entra a formação religiosa. A gente mostra a chegada da Dona Ester, e no bairro a ela se equivale à Tia Ciata. Era uma mãe de santo branca, casada com um negro, que foi para Madureira e acabou se transformando em uma grande líder religiosa. Vamos passar pelo jongo, festas católicas até a formação das casas de umbanda e candomblé. No quarto setor, vamos mostrar a chegada da linha férrea, a construção do Mercadão. As chegadas dos árabes e judeus dão a característica comercial que o bairro tem. Depois, vêm os italianos que vão dar a característica do estilo fabril, com a fábrica da Piraquê. Passamos para a cultura, no outro setor. Vamos mostrar a gafieira, o basquete de rua, a música negra, o clube Madureira, toda essa movimentação cultural. Depois, chegamos ao setor da folia que é o Bloco das Piranhas, o carnaval de rua, a formação da Portela e do Império Serrano. As duas escolas vão estar juntas na Avenida, não tem uma ou outra, as duas serão um só. E fechamos com Madureira virando a musa inspiradora dos compositores e com Paulinho voltando pra Sapucaí. A nata da Portela estará lá.

Como não poderia ser diferente, o carnavalesco exaltou a comunidade portelense. Para ele, o trabalho se torna confortável ao saber que os componentes dão conta do recado na Avenida. Menezes prometeu uma escola forte e vibrante no dia de desfile: - Vamos forte. Apesar de tudo que foi dito e publicado, estamos virando noite para concluir o carnaval. Vamos terminar isso. Ninguém nunca deixou de desfilar. Existe uma coisa na Portela que deixa a gente muito tranquilo: é saber que podemos confiar no corpo da escola. Sei que vou chegar à Avenida e terei uma comunidade forte e em que posso confiar. Se houver alguma falha, eles estarão lá para suprir. Tenho quesitos em que posso confiar. Isso acaba deixando a gente muito seguro. A Portela sai de casa com quesitos prontos.

A Portela vai fechar a noite de desfiles no domingo de carnaval, dia 10 de fevereiro.

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