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sábado, 20 de junho de 2015

Em mesa acadêmica na Carnavália-Sambacon 2015, Milton Cunha aborda o lado emocional do carnaval

Por Pedro Leite

Iniciando o segundo dia de debates e palestras da Carnavalia-Sambacon 2015, o carnavalesco Milton Cunha promoveu no auditório do Centro de Convenções SulAmérica uma palestra acadêmica sobre o ideário barroco no carnaval, passando pelo imaginário carnavalesco numa tentativa de trazer o estudante universitário e os pesquisadores do carnaval para participar do evento:

- Nós temos debates muito técnicos como a gestão no carnaval e a economia. Então, o objetivo específico desta mesa é trazer pra Carnavália-Sambacon estudantes que cada vez mais procuram saber sobre o carnaval e sua história.

Milton falou sobre a cultura carnavalesca e explicou os aspectos barrocos que se fazem presentes no carnaval carioca da atualidade. O carnavalesco comentou também sobre os enredos das escolas de samba e como eles têm se dividido:

- A cultura é filha de dois aspectos: o imaginário e o ideário. No imaginário, temos as figuras e as esculturas. No ideário, temos a parte teórica. A junção dos dois aspectos forma a cultura e produz a folia, o carnaval. A cultura humana é um produto científico ou mágico. Os enredos se dividem em cientificistas e misteriosos e o barroco pode ser analisando quando você um belo desfile no conjunto - explicou.

Milton Cunha declarou que os jurados devem se deixar levar pelo êxtase e pelo torpor, uma vez que plateia é a grande responsável pela mágica do acontecimento carnavalesco. Ele destacou também que o importante no carnaval não é apenas a parte financeira e a conquista de títulos:

- O carnaval não é só visual, não é só dinheiro. É preciso criar o quesito que não existe: o 'emocionou'. Mais importante que ganhar, é ouvir da plateia dizer que é a campeã, é sentir o êxtase. O título pode ser facilmente esquecido, já o êxtase não. Entra para a história e ser lembrado quarenta ou cinquenta anos depois. A hierarquia (julgadores) pode ser quebrada e é o público quem quebra isso – disse Milton, que também é professor da teoria do carnaval.

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Milton Cunha comentou que as escolas de samba precisam mesclar entre o correto e o emocional em seus desfiles e que o futuro do carnaval deve ser assim segundo a sua visão:

- Acho que precisam de um meio termo. As escolas não podem ser muito desorganizadas. Elas precisam de um pouco de organização e muita emoção. Acredito que esse seja o futuro dos desfiles das agremiações. Somente organizada, rica e correta não rola – comentou.

Ao elogiar a São Clemente pelo desfile de 2015, Milton Cunha falou de alguns outros exemplos de desfiles emocionantes e inesquecíveis como: “Ratos e urubus... Larguem minha fantasia...” da Beija-Flor em 1989, “Kizomba, festa da raça!” da Vila Isabel em 1988, “Plaulicéia Desvairada” da Estácio de Sá em 1992, “Peguei um Ita no Norte” do Salgueiro em 1993 e “Brasil com “z” é pra cabra da peste” da Mangueira em 2002.


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