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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Em painel sobre a crise e o carnaval, presidente da Liesa revela que ingressos não terão reajuste

Por Vinicius Vasconcelos

Que a forte crise assola o nosso país não é mais novidade para ninguém. Agora como manter um padrão de espetáculo proporcionado há anos sem perder a qualidade? Pensando nesse aspecto a Carnavalia-Sambacon elaborou uma mesa de debate. Mediada por Luis Carlos Magalhães (vice-presidente da Portela), contou com a presença de Jorge Castanheira, presidente da Liesa, Serginho, presidente da Liga SP, Rita Fernandes, presidente da Sebastiana (Blocos de Rua), Cristina Fritsch, da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem, Roque Jacó, secretário municipal da Prefeitura de Porto Alegre, e Juarez, presidente Liga de Porto Alegre.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, garantiu que pelo quinto ano seguido o preço dos ingressos será mantido. Ele frisou que apesar da crise, o Rio de Janeiro se mantém de pé, mantendo a qualidade do espetáculo.

- Vamos manter os preços dos ingressos pelo quinto ano seguido, não vamos fazer ajuste nenhum. Esse ano que passou foi atípico e o próximo não será diferente. As escolas terão que usar sua criatividade de maneira ainda mais absurda. Não é uma coisa fácil, para isso existe a dedicação e a força de todas. Nessa conjuntura geral, senão tivéssemos o apoio da prefeitura reajustando o valor dos recursos para cada uma das agremiações o carnaval não teria sido o que foi, e não teríamos esse espetáculo que foi mostrado na avenida. Nosso setor comercial não para, trabalha o tempo todo procurando parceiros que possam nos ajudar. E, claro, se não fosse a Rede Globo, que temos parceria há mais de 30 anos, não sei se estaríamos aqui hoje. Muitos lugares tiveram que cancelar seus carnavais. Apesar de termos conseguido vender todos os ingressos de arquibancadas, tivemos pela primeira vez cerca de 50 camarotes sem vender. O mais difícil é encontrar uma solução, o carnaval sempre conviveu com crise. Todo mundo que participa sabe que nós passamos por crise o tempo todo. Fazer um orçamento hoje para fevereiro é algo surreal, ninguém sabe onde podemos chegar.

O presidente da Liga SP, Serginho, como é popularmente conhecido, bateu no ponto de que a crise chegou e não quer mais sair do país.

- A crise chegou em São Paulo também e não quer mais sair. O ano passado já foi difícil e o próximo também não será fácil. Atualmente temos um presidente interino no país, isso acaba afastando muitos patrocinadores. E pra agravar, é ano de eleição. Já sabemos que algumas mudanças serão drásticas para o nosso evento. A nossa responsabilidade é muito grande. Onde há uma disputa se torna ainda maior. Por mais que tenha crise, uma escola quer sempre superar a outra. Temos muitos exemplos de escolas grandes que hoje se encontram em grupos inferiores porque ousaram e atualmente estão praticamente esquecidas tentando se recuperar. Esse também é um grande desafio da Liga, proporcionar às escolas filiadas uma certa segurança, financeiramente falando. Nós não podemos cair a qualidade do espetáculo, com ou sem dinheiro, a beleza dos desfiles deve ser a mesma. Perdemos grandes nomes de patrocinadores, até as cervejarias estão correndo de nós - brinca.

A presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem, Cristina Fritsch, afirmou que a crise era prevista devido aos grandes eventos que aconteceram no Brasil e principalmente no Rio como é o caso dos Jogos Olímpicos.

- Já prevíamos que devido a Copa do mundo e Olimpíadas grandes empresas se afastariam para patrocinar esses grandes eventos. Muitas deixam de lado para investir pesado nos Jogos. Ao longo de todo esse tempo o carnaval tem conseguido sobreviver. O Rio é uma cidade de altos e baixos e a cada ano temos que lidar com coisas que acontecem na cidade, sobretudo, na questão e segurança. É isso que acaba causando um impacto muito negativo para os turistas, quando se liga a TV no resto do Brasil só da Rio de Janeiro. É a vitrine na questão de segurança do país, chega a ser assombroso. A minha visão é que apesar da crise, nós teremos um bom carnaval no próximo ano, assim como foi nesse. Nosso desfile é muito corporativo, não só na venda de camarotes, mas também de arquibancadas. Temos várias empresas que fazem ações onde trazem seus funcionários e parceiros para assistir.

A representanda dos blocos de rua do Rio de Janeiro, Rita Fernandes comentou que a crise nunca afetou muito os blocos de rua, já que o mesmo não conta com apoio e subvenção que as escolas de samba recebem.

- A crise nunca nos afetou, somos atualmente 504 blocos registrados, num grupo que vem desde às "Diretas Já" e suportou até mesmo a ditadura. Eram apenas 30 e hoje são quase 600. Fora os não registrados que saem de qualquer maneira. O carnaval de rua tem sua espontaneidade única, dos grupos de pessoas que vão para rua e querem brincar. Aqueles que necessitam de mais patrocínio devem totalizar no máximo 100. Os que precisam mesmo acabam conseguindo fazer seus desfiles por meio de churrascos, feijoadas, festas, camisetas e etc. Por exemplo, o "Bola Preta" que precisa de pelo menos quatro trios para desfilar, devido o seu tamanho, e isso custa muito caro. Esse é o maior de todos, seguido do "Simpatia é quase Amor" e o "Monobloco" no Centro da cidade. O que pesa é a questão da infraestrutura. Como que coloca um bloco na rua sendo que não tem condição na questão de segurança? Querendo ou não, cada organizador de bloco é responsável civil e criminalmente do que acontece por qualquer pessoa, ainda que a rua seja um território de todos.

Para 2016, Rita tem certeza que o carnaval irá acontecer, porém com redução de custos.

- Há todo um esquema de escolher quem trabalha com o público, para que não haja violência e nem trogloditas efetuando o serviço. Vamos ter que trabalhar numa redução de custos que ainda não sabemos de onde vamos tirar. No Rio não existe financiamento público para blocos e nem em editais. Carnaval é muito difícil de conseguir patrocínio, muitos ainda tem preconceito por acharem que não é cultura. Vai ser um próximo carnaval com muita criatividade e parcerias, fazer blocos que não desfilem, por exemplo, apenas se apresentem. Como é o caso do "Boitatá" que precisa de um aparato muito grande. Esse bloco já divide palco com outros blocos e fazem dobradinhas. A certeza que tenho é que o carnaval vai acontecer independente da crise. Apesar de não possuirmos carros alegóricos e fantasias padrões, temos que investir em muitos outros pontos como banheiros químicos, bastante segurança e etc. Tudo custa caro e é necessário em vários pontos da cidade, não é só em um local como é na Sapucaí.


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