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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Museu do Samba e Gravadora Biscoito Fino lançam CD duplo "Sambas para a Mangueira"

Por Fábio Silva

Que a Estação Primeira de Mangueira sempre inspirou grandes compositores e intérpretes, todos sabem. O que pouco se sabe, no entanto, é que os sambas de exaltação à Verde e Rosa nem sempre foram criados por autores de coração mangueirense. Nomes como Noel Rosa, Paulinho da Viola, Herivelto Martins, Wilson Baptista, Moacyr Luz e Aldir Blanc, por exemplo, também exaltaram a Estação Primeira em obras de rara beleza.

Um dos principais méritos do CD "Sambas para a Mangueira", que o Museu do Samba/Centro Cultural Cartola está lançando em parceria com a gravadora Biscoito Fino, é revelar sambas pouco ou nada conhecidos do grande público, combinados com obras já consagradas de mestres como Cartola, Nelson Cavaquinho e Chico Buarque. Como se não bastasse, o trabalho reúne um time estelar de intérpretes, com arranjos inéditos do maestro Rildo Hora. Em síntese, pode-se dizer que chega ao mercado uma obra ímpar, resultado da combinação harmoniosa de qualidade musical com registro histórico.

O álbum duplo traz 30 faixas, com gravações inéditas de artistas como Beth Carvalho, Alcione, Martinho da Vila, Leny Andrade, Dudu Nobre, Monarco, Xande de Pilares, Teresa Cristina, Leci Brandão e Nelson Sargento. Completam a seleção de intérpretes Sandra Portella, Tantinho, Sombrinha, Velha Guarda da Mangueira, Rody, Sapoti, Marquinho Diniz, Luizito,Moyseis Marques, Ana Costa, Leo Russo, Nilcemar Nogueira, Ataulpho Jr, Moacyr Luz, Flavia Saolli, Rixxa, Gabrielzinho do Irajá, Nilze Carvalho, Janaína Reis, Dorina e Paulo Márquez.

Primeiro samba composto por Cartola para a Mangueira, "Chega de demanda" abre o álbum na voz de Beth Carvalho. Cartola figura com cinco canções no CD de número 1, em inspiradas interpretações dos bambas Monarco e Dudu Nobre ("Silenciar a Mangueira não"), da Marrom Alcione ( "Verde que te quero rosa", de Cartola com Dalmo Castello), de Sandra Portella ("Sala de recepção") e de Tantinho ("Todo o tempo que eu viver").

Martinho da Vila aparece à vontade cantando "Mangueirense feliz", samba de Jorge Zagaia e Moacyr Luz, composto na década de 1970. Na faixa, Martinho aproveita para registrar que a marcação com o surdo de primeira, característica única da Verde e Rosa, foi criada pelo mestre Valdomiro Pimentão. "Escurinha", relíquia de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, é resgatada na voz de Marquinho Diniz. O último registro fonográfico de Luizito, intérprete da Mangueira falecido em setembro último, fecha a seleção do primeiro CD, na faixa "Tem capoeira".

Leny Andrade aparece antológica na primeira faixa do CD nº 2, "Estação derradeira", de Chico Buarque. As vozes femininas, aliás, são uma atração à parte no álbum, como em "Exaltação à Mangueira", com Teresa Cristina, em "Sabiá de Mangueira", com Janaína Reis, ou ainda na interpretação de Nilze Carvalho para "Barraco mais pobre". Um Noel Rosa quase despercebido aparece em "Quando o samba acabou", interpretado por Gabrielzinho do Irajá. "Mundo de Zinco", parceria de Wilson Baptista e Antônio Nássara, vem à tona no timbre de pastora de Nilcemar Nogueira, neta de Dona Zica e Cartola e curadora do projeto que deu origem ao álbum. Xangô da Mangueira, lendário diretor de harmonia da Verde e Rosa, fecha o segundo CD com a pouco conhecida composição "Mangueira", cantada por Paulo Márquez.

"Sambas para a Mangueira" é um projeto do Centro Cultural Cartola (que desde agosto de 2014 adotou o nome de Museu do Samba) composto pelo álbum duplo e por uma edição especial de "Samba em Revista", publicação do Museu do Samba. Idealizada pelo pesquisador Alexandre Medeiros, a publicação traz partituras e letras cifradas de 61 composições, incluindo as 30 do álbum duplo. selecionadas.

A direção geral e coordenação do projeto são de Nilcemar Nogueira, diretora cultural do Museu. O projeto "Sambas para a Mangueira" contou com os patrocínios do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Ministério da Cultura, além do apoio cultural de Casas Bahia/Fundação Via Varejo.

CONFIRA A RELAÇÃO COMPLETA DAS FAIXAS DO ÁLBUM "SAMBAS PARA A MANGUEIRA"
(Obs.: o ano ao lado do nome do autor se refere à gravação original da obra)

Disco 1
1. Chega de demanda (Cartola, 1929 / 1975) - Beth Carvalho

2. Sala de recepção (Cartola, 1976) - Sandra Portela

3. Fiz por você o que pude (Cartola, 1967) - Tantinho da Mangueira

4. Verde que te quero rosa (Cartola e Dalmo Castelo, 1977) - Alcione

5. Silenciar a Mangueira, não (Cartola, 1980) - Dudu Nobre e Monarco

6. Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho e Geraldo Queiroz, 1968) - Xande de Pilares

7. A Mangueira me chama (Nelson Cavaquinho, Bernardo de Almeida Soares e José Ribeiro, 1968) - Sombrinha

8. Folhas secas (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, 1973) - Leci Brandão

9. Mangueira, divina e maravilhosa (Nelson Sargento, 1989) - Nelson Sargento

10. Mangueirense feliz (Jorge Zagaia e Moacir) - Martinho da Vila

11. Capital do samba (José Ramos, 1942) - Velha Guarda da Portela

12. Quem se muda para Mangueira (Zé da Zilda, 1999) - Rody

13. Semente do samba (Hélio Cabral, 1965) - Sapoti da Mangueira

14. Escurinha (Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1952) - Marquinho Diniz

15. Tem capoeira (Batista da Mangueira, 1973) - Luizito

Disco 2
1. Estação derradeira (Chico Buarque, 1987) - Leny Andrade

2. Sei lá Mangueira (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho,1968) - Moyseis Marques

3. Fala Mangueira (Mirabeau e Milton de Oliveira, 1955) - Ana Costa

4. Exatação à Mangueira (Enéas Brites da Silva e Aloísio da Costa, 1955) - Teresa Cristina

5. Lá em Mangueira (Herivelto Martins e Heitor dos Prazeres, 1943) - Leo Russo

6. Mundo de zinco (Wilson Batista e Antônio Nássara, 1952) - Nilcemar Nogueira

7. Os meninos da Mangueira (Rildo Hora e Sérgio Cabral, 1975) - Ataulpho Jr.

8. Cachaça, árvore e bandeira (Moacyr Luz e Aldir Blanc, 1998) - Moacyr Luz

9. Mangueira (Assis Valente e Zequinha Reis, 1935) - Flavia Saolli

10. Transformação (Jurandir da Mangueira e João Boa Gente Vieira dos Passos, 1964) - Rixxa

11. Quando o samba acabou (Noel Rosa, 1933) - Gabrielzinho do Irajá

12. Barraco mais pobre (Estudante da Mangueira, 1974) - Nilze Carvalho

13. Sabiá de Mangueira (Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão, 1943) - Janaína Reis

14. Nasceste de uma semente (José Ramos, 1965) - Dorina

15. Mangueira (Xangô da Mangueira, 1973) - Paulo Marquez


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